sexta-feira, dezembro 28, 2007

ProntoS...

...é oficial!

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Técli áquí

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Última Hora

Benazir Bhutto foi morta em atentado suicida.
Eu também nunca gostei deste retorno à moda dos óculos de massa à escritor nova-iorquino atormentado. Com baton vermelho e lenços na cabeça, convenhamos... isso sim, é que é um verdadeiro atentado!

Menos uma gaja que parecia um gajo...

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Penacova, 23 de Junho de 2017

"Assim, assim, não páres, vai, vai, Josué".
"Pan, Pan, Pan", não foi apenas a porta que abanou, foi toda a casa. Josué quedou-se, olhos na porta, mas recusando-se a parar com os vaivéns da pélvix, quase involuntários, dir-se-ia, incrédulo.
"Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica, abra por favor."
"Tás parvo, Jos? Pára com isso e vai lá, atão"? Envolvendo-se no lençol que se enrolara aos pés da cama, Josué dirige-se para a porta. Não lá chega. A mesma é arrombada e assomam-se três indivíduos de semblantes carregados, personagens decalcadas das fotos antigas de agentes da PIDE, KGB, CIA, MOSSAD. "Sr. Josué Espírito Santo"? "Sim, o próprio, mas imagino que já soubessem, ou costumam arrombar portas ao desvario"? "A ironia é um subterfúgio recorrente dos culpados. Queira o caro contribuinte endereçar uma carta aos nossos Serviços Centrais e o seu pedido de indemnização será cruzado com as incriminações que levemos hoje". "Ah já sabem que me vão incriminar, bonito", "Não torne a sua situação ainda pior, contribuinte. Recebemos uma queixa por confecção de géneros alimentícios recorrendo a sal marinho não refinado". Entretanto, já os outros dois agentes remexiam tudo. O alto, de barba rala, não tinha mãos para tantos sacos plásticos de amostras, entre eles: beatas, uma maçã, um tupperware e pão. "Temos isto, inspector". "Muito bem, contribuinte. O que temos aqui? Hhhhmmm muito bem... está a guardar este pão pra migas, é? Ainda estamos na casa da mamã, é? E esta caixinha para conservar a comidinha, hm? Acha que isto está a vedar condignamente? É pra levar os restinhos pó almocinho no trabalho, héim? Não há restaurantes lá na avenida? E uma maçãzinha bravo de esmolfe... está a brincar comigo? Não sabe que esta variedade não está omologada pelo Ministério da Agricultura? E a fumar em casa? O contribuinte não está a incorrer em contra-ordenações, meu amigo... isto é pura prevaricação!!! Ora deixe-me ver!" E retira da gabardina um blogo de notas quadriculado onde distribui parcelas. Ordena, em tom grave: "Agente Pires, traga o terminal de Multibanco. Este contribuinte terá de pagar 2.700 Euros". "Mas eu ainda nem recebi o subsídio de férias", "Pois então parece-me que vamos ter de o levar até se decidirem penhoras, não"? Alguém grita do aposento. Todos correm naquela direcção. O outro agente, de sorriso perdigueiro, fixa o olhar em Josefa, sentada à cabeceira, cobrindo as vergonhas com as almofadas. "Estavam na palhaçada, Inspector! Sente o cheiro"? "Macacos me mordam. Esta gentalha nem espera até que se lavem lençóis. Pois bem, analisemos, então, a coisa. Pires, ela. Lima, ele. Rápido". Passa-se uma cotonete pelo prepúcio de Josué, outra na vulva de Josefa, que se debate. O agente Lima declara: "Esmegma, Inspector. E algumas fezes". "Menstruação, Inspector. Diria de terceiro ou quarto dia", alvitra Pires. "Tás com o período, vamos à alternativa, héim??? Tá bonito este mundo mais as suas demonstrações de afecto! Bom trabalho, rapazes! Tragam-nos, que isto já vai dar um prémio jeitoso. Acho que este ano acabou-se a Ericeira e vou mazé pó Taití", e saem às gargalhadas.
Antes de entrar para a carrinha, ouvem-se três tiros na casa ao lado. As janelas iluminam-se com as detonações. "Mais um assalto à mão armada por causa de bijuteria. O costume". "Devemos chamar quem de direito, Inspector"? "Não vale a pena, Pires... A choldra não dá pra todos e a esses maltrapilhos o Estado não consegue sacar tostão. É só prejuízo. Vamos"!
Josué olha lá para fora, de rosto encostado à janela. Balbucia: "Lembras-te, querida? A única discussão que tivemos na vida! Quando os primeiros restaurantes fecharam por falta de condições e o tabaco foi proibido em quase todos. Eu disse que era o princípio do fim da liberdade. Tu disseste que não"!

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Espírito Natalício

Porque é que os laboratórios disto e daquilo usam animais em testes, quando há tantos idosos que não servem para nada?

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Recursos Estilísticos e Outros

Já a revi
de trás para a frente
da frente para trás
à puta de vida que me dás
o tédio, e eu demente
Tudo tão diferente
do que antevi

És, pois, palíndromo
no nome, pois, mas mais
"Atai a gaiola saloia gaiata"
e merdas que tais
ovo, 343, atáta
chata, bera, pior que Ferraz
só eu sei, Ana, o sono que dás!

Metáfora que é seres polvo de oito braços que, ao invés de usares num amplexo, mortal até, quero lá saber, suga-me de mil ventosas, antes foges de capelo em riste, esguichando tinta para que eu fique para trás, te deixe, te largue, me afogue!
Mas se isto já cheira mal, esta ETAR dos dias, o que dizer desta tristeza com sabor a bílis? Sinestesia, sim! E Prosopeia, quererás? Se um hamster é mais capaz de sorrisos, carinhos, Barrabás? Talvez, então, a Metonímia de mais uma boca para alimentar te arribe mais depressa ao coração, sempre tão quentinho e aberto a mim (sim, Ironia), és um Paradoxo de ti mesma, um Oxímoro, uma Antítese de nós dois!
Da Hipérbole que já fomos, resta esta Zeugma... Elipsaste o amor!

terça-feira, dezembro 18, 2007

E depois de uma Intelectual Joke, porque não uma Private Joke?

Ao tempo que o Jorge está para jantar comigo, já nem me lembro se usa talheres ou se come com as mãos!

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Momento de Humor Intelectual

E diz o Director do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque à secretária: "Cala-te e MoMa"!

Não, não sonhei com isto!

Mole, o cão mais antigo de Cacilhas, sofria de reumático.
Velho, quase tão idoso como os pescadores de rabetas no molhe da fábrica de óleo de fígado de bacallhau, e que já raras vezes se aventuram ao safio no Porto Brandão ou ao robalo no "pilar de cá" da Ponte, Mole levantava-se, a custo, ganindo até aquecer as articulações, de cada vez que o meu pai aparecia, ao fundo, com as aparas de carne que a minha mãe confeccionava, com gosto, para o Oscar e o Kadafi, sempre a contar, porém, com o magérrimo e fiel Mole...
Mole já não chegou a ver os golfinhos que já entram até bem em frente ao Ginjal, nem as poucas ostras que se começam a segurar, novamente, ao paredão que vai d'O Farol ao Atira-te Ao Rio. Já não chegou a ver o Tejo sem a Lisnave, portanto, ainda que tenha empreendido tantas viagens de cacilheiro, porque, imagino, apetecia-lhe. Ou porque alguém entrava para o ferry a comer um folhado de salsicha.
Eu não cheguei a fotografar o Mole.
Tenho pena.
Não porque o Mole fosse uma coisa bonita, de forma alguma.
Era apenas curioso.
Coberto de pastilhas elásticas que, durante os Verões quentes, passavam do alcatrão para o seu pêlo, entretanto um expositor de pequenos círculos, brancos, verdes e rosa.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Ode to a Deceased

Todos falam de ti atrás da Bomba de Gasolina.
Bebericam cervejas mornas de latas que reflectem a iluminação triste, doente, amarela. Cospem para o chão.

Eu não falo de ti a ninguém.
Guardo para mim o teu ventre quente, onde procurava refúgio nas noites frias, deitando sobre ele a minha face esquerda, para que assim pudesses ver apenas o meu melhor perfil.

Falam de como vocês duas eram amigas. De como vos chegaram a ver-vos trocando beijos apaixonados. Línguas nas gargantas, fundas nos ouvidos, mãos dentro das calças mútuas, de encontro à coluna de som, naquela pista de dança onde tudo era permitido.

Eu só me consigo lembrar dos teus cabelos em finos fios na tua boca, colados na cara, quando os sucessivos orgasmos te ruborizavam as faces e entumeciam os mamilos.

Eles cantam aquela que dizias ser a tua música preferida, baixinho, em tua memória. Alguém mija de costas para elas, de frente para eles. O som que produz, ampliando a poça, faz-me lembrar a faixa inicial do Fur and Gold, de Bat for Lashes, que na verdade preferias, pelo menos até entrar o cravo. Mas só eu sabia.

Como só eu sabia que gemias baixinho passado que estava a inicial resistência do teu ânus, rosa como aquelas gomas que as velhotas vendiam à porta da nossa escola. Dizias que não doía porque a entrega era anestésica. A dor cabia à cópula com outros. Eu sabia que era porque todos os outros eram maiores que eu.

Relatam agora de como foram, tu e ela, andar de barco no jardim do Campo Grande, em MDMA, e se despiram no centro do lago, para desespero dos carteiristas ciganos, esperando nas margens como abutres. De como tiveram que fugir pelo labirinto das Avenidas Novas, primeiro a eles, depois à polícia. Riam vocês como crianças, riem eles agora, encostados ao carro, por baixo destas luzes amarelas, como tu quando estavas com icterícia, incapaz de fazer amor, mas ainda assim te esgueiraste por baixo dos lençóis para acabar bebendo-me.

Agora não. Estás branca. A atirar para o verde. Será talvez a matização de tanta flor que te rodeia. Tens os lábios roxos. Fedes. Mesmo assim, era capaz de te comer, embora adivinhe que, com tanta alvura, tenhas perdido a marca do biquíni. Ela, naquele caixão a poucos metros de ti, não está, como de costume, tão bonita.

Eu disse para não irem embora... estava tão bom... ficaste chateada porque eu me ri... quando lhe disseste “matas-me de prazer”. Achei despropositado, forçado, até, o que queres? Por amor de Deus, era só um minete. Eu também lhe estava a passar o corredor a pano e ela não me disse nada disso. Podíamos ter continuado. Mas não... tinhas que arranjar uma maneira de morrer mesmo, não é?

Puta!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Porque compensa ter um gajo chamado Spam nos nossos contactos de email?

Porque, muito embora apaguemos a maioria das suas mensagens, de vez em quando aparece uma que vale a pena...

Grow an Anaconda out of your Penis


Obrigado, Spam!
Fico a dever-te um jantar.
Mal consigo esperar por ver a cara de pavor da minha mulher, habituada a correrias mais humildes, a gritar: "mata já essa merda antes que nos coma o borrego que comprámos pró Natal"!

Afinal, ainda há qualquer coisa a referir, antes de me recolher em eremitagem...

Ouvi por um amigo, ainda aquando da negociação das coisas, que iria ser filmada uma certa mega-fucken-freako-weirdo-produção da TVI em Goa.
Foi há muito tempo, portanto.
E, por isso, já me tinha esquecido.
Mas eis senão que El Mariachito del Rincón decidiu reprogramar todos os canais lá de casa, a ver se passava a assistir mais vezes ao Ruca, Dora, Ilha das Cores e Postman Pat, e menos àquelas merdas dos ursos que atacam campistas em Parques Nacionais norte-americanos, Bones, tubarões que atacam surfistas, Heroes, crocodilos que atacam banhistas, jogos do Benfica e elefantes que atacam indígenas.
De certa maneira, conseguiu, o sacana!
E aí está o dIAZ, agarrado ao comando universal do chinês, a ter de passar por alguns canais dos quais nem sabia da existência para chegar onde pretende.
Foi numa dessas incursões que dei com o Rogério Samora e a Mariana Monteiro, de pinta na testa, pintados de castanho!
Ela - "Se é vontade do meu pai que eu me case com ele, assim o farei"!
Ele - "Minha filha, o meu coração sangra de te ver partir, mas..."

Estão a gozar, não estão?

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Vou fazer uma pausa porque estou cheio de trabalho. E porque...

... como diz a Laura Veirs, durante cinco segundos que valerão todo o Saltbreakers...

I would not dare to rest
I would not dare to dream
'till the nightingale came and sang a song for me


Sim, Sim, Claro, Claro, Pois, Pois, Hmm, Hmm, Tá Bem, Tá Bem!

Adoro aquela cena das gajas "Não, Não! Para mim, homem casado tem bicho"!
Nós, os homens de família, mas só os dedicados e apaixonados por esse status quo, sabemos MUITO BEM que somos, por isso mesmo e, vá lá, outras coisas, os MAIS SEXYS DO MUNDO!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Cimeira União Europeia - África

Noticiário das 7, dia 6 de Dezembro de 2007:
JORNALISTA: "Sabe o que é Darfur"?
TRANSEUNTE: "Shei Shim Shenhor, é os Shupémercados... a minha mulher é lá que fájascoumpras tuôdaj".

O Português, o Português do Brasil e o Português do Escrever

É bonito.
Quando lemos "A Filomena é solícita e, para além disso, persistente" mas, se o ouvirmos dito na rua, soa a algo como "A Filomena é uma puta e é chata cumó caralho"!
Ainda existe, embora seja cada vez mais relativo, um fosso entre o Português (de Portugal) escrito e falado.
Mas isto do vernáculo é muito óbvio.
Peguemos, pois, em exemplos mais concretos.
Com que lidemos diariamente.
À hora do almoço, por exemplo.
Desafio, então, qualquer um de vós a lembrar UMA SÓ VEZ que tenham ouvido ALGUÉM a pedir, num restaurante, um "refrigerante", embora figure no menú como tal.
Vá!

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Isto está bom, está!

Fiquei de lhe fazer o almoço.
Uma coisa de amigo que põe à prova os seus dotes culinários e NADA MAIS.
Entretanto, a mão esquerda no volante e a direita dentro das suas cuecas, ora rodando o clítoris entre o médio e o indicador, ora introduzindo ambos e pressionando o Amigo G, de forma ritmada e um tudo/nada violenta, fazendo com que a pobre miúda gemesse, grunhisse e gritasse, inundando-me de molhos tépidos o estofo de antracite que ainda na véspera tinha dado tanto trabalho ali no Elefante Azul da Quinta do Gato Bravo!
De repente, vejo-o!
Paro o carro e saio, a correr.
Deixo os quatro piscas ligados e a moçoila intermitente.
Com gestos de jardineiro de bonsai, colho-o.
Alecrim.
Já não seria um mero e vulgaróide polvo à lagareiro.
Polvo à lagareiro aromatizado com alecrim.
Isto sim, impressiona qualquer gourmandise!
Retorno ao carro de olhos fechados, embriagado, quase.
E quase que consigo ver as cornucópias deste odor que me envolve.
Entro.
Oiço: "Deixaste-me pendurada, pá! Fico fula"!
Digo: "Não percebes nada de cozinha"!

terça-feira, dezembro 04, 2007

Nadegueiros, glúteos, rabos e bombons de Natal

Não sou o único gajo que conhece as amigas pelo rabo.
Mas sou dos poucos que o assumem!
No outro dia, por exemplo, vi a Djamila lá ao fundo. Felizmente, lembrei-me a tempo que o rabo das pretas, embora tão diferentes de todos os outros, são muito idênticos entre eles. Decidi não chamar por ela. Fiz mal. Passou para cá e tive de levantar os olhos d'A Ponte Sobre o Drina, mesmo na altura em que decorria o empalamento ordenado pelo Grão Vizir, mais ou menos quando Andric descreve os ossinhos a estalar. Eu Djamila, que surpresa, Ela Bo crê toma café?, Eu Mas claro que sim, à falta da cachupa rica da tua mãe e o compasso de espera entre isso e o momento em que ela nos deixava sozinhos, para ir lavar as escadas do Garcia d'Orta. Não façam confusão! Isto do tuga (e DA tuga) olhar primeiro para um rabo e só depois para o resto é muito luso-tropical. É coisa Afro-Brasileira. Os nórdicos ligam mais às caras (é a única coisa que está à vista com aquele frio), os alemães e ingleses querem é seios. Enormes, fartos, com ovos estrelados no lugar dos auréolos! Claro está que, depois de dois ou três filhos, saem do armário, cansados que estão de não ter tempo para apanhar as mamas, na zona do umbigo, a partir do momento em que desapertam o soutien.
Ontem, foi a Cláudia (nome não-fictício, para que se fique a pensar que é, afinal, fictício embora, na verdade, não o seja). Meu dEUS, a Cláudia. Cu Láudia! A Ode aos músculos nadegueiros. Os glúteos que dEUS idealizou mas que não conseguiu concretizar, até que nasceu a... aaaaaaaahhhhhhh... não me canso de dizer... CU LÁUDIA!
Exorcizei, em 30 segundos, os meus fantasmas de há tantos anos (as insónias e o hé pá não consigo dormir, deixa-me mazé pensar no rabo da Cláudia) e não consegui esconder a minha alegria: Cláudia, que surpresa, Ela Queres tomar café, dIAZ?, Eu Mas claro que sim, à falta de uma casa-de-banho de deficientes com todos aqueles ferros para nos agarrarmos em mil e uma acrobacias.
Há, contudo, um pormenor. Eu revi-a, depois de tantos anos, DE FRENTE! Disse-lhe: Estás igual. Mas, no café, ela ergueu-se dizendo-me: Tenho que fazer um cocó. E virou-O para mim! No regresso, disse-lhe: Estás tão diferente. E estava. Um rabo muito mais pequeno, uma amostra do que foi outrora, um rabinho triste, taciturno, cabisbaixo. Olhou-me profundamente, perscrutou-me a alma e sussurrou: Há pouco estava igual e agora estou tão diferente, uma espécie de impasse, até perguntar: Isso é porque fui cagar?

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Interlúdio Poético

O Camões era um maricas à antiga...
...daqueles com folhos no pescoço!


Exorcizar a Azia, ou a capacidade de usar, num título de três palavras, mais vezes o "z" e o "x" que a média

Não sou um Benfiquista normal.
Se fosse, canalizaria a minha antipatia ou rivalidade para o Sporting.
Nada disso.
Tenho uma idade que permitiu que o Sporting me fosse perfeitamente indiferente.
Desde que comecei a gostar de futebol, até há muito pouco tempo, e durante dezoito (18) anos, o Sporting representou tanta ameaça como um bote da Greenpeace diante de um Petroleiro de 200 toneladas.
Como agora, enfim, que tornou à velha forma do Perú de Natal.
O meu odiozinho de estimação vai todinho para o Porto!
Mas não é por causa do futebol.
Para essas coisas está cá o RAP.
Que diz, com piada e/mas com razão, que a trivela é uma ciganice, devia ser punida com falta, que aquilo até deve fazer mal ao artelho, que só pretende "déféndé u minínu", e que, se jogando TÃO MAL, MESMO MAL, o Benfica perde pela margem mínima, imagine-se o que fará quando jogar só um bocadinho mais. No último jogo nos Campeões Europeus, por exemplo, encostámos o Campeão Europeu à Boxe. O Bota de Ouro, por exemplo, esteve à beira de o não ser, de tanto NADA que fez ou conseguiu fazer, e se não fosse o Pirlo, aquilo parecia mais o Portimonense que o AC Milan.
Bem... perdemos com o Porto, e isso é que interessa!
Porque, para mim e muitos deles próprios, o Porto não tem a ver com futebol.
O Porto é, por um lado, o braço armado do Inbicta Arri Batasuna e, por outro, o exército da Pintorra, que é a Camorra lá do sítio!
Os tripeiros não vêm a Lisboa para ver futebol, mas sim "moustrár a iêsses Môuros cuméquié, ó cuarálhu"!
Como vi numa entrevista em televisão, "Bámus lá abáixu praiêls biêrem purquié cu doum afuônsu hiênriíqs mandôuimbuóra usmôurus", sair da boca pertencente ao mesmo corpo de onde, supostamente, terá saído a pancada direccionada a um político qualquer, a mando do Corleone Pintudo, Putanheiro de Sá Bragança!
Sim, o Porto É o Pinto da Costa.
Mesmo aqueles tripeiros que dizem, tentando sair fora do rebanho, que "eu nem gosto dele", têm que lidar com esta dura realidade: Que Porto sem Pinto? Que Madeira sem o Beto João?
Eu fico chateado quando o Benfica, um clube de futebol, perde para um ideal!
É só isso!

quinta-feira, novembro 29, 2007

THE Subject

A DIGNIDADE é uma coisa linda.
Já não há muita, mas lá se vai vendo.
E sim, estou a falar do Benfica.
Porque é preciso ser-se verdadeiramente bruto, animal, um cepo, para não respeitar este Benfica.
Esse que é e sempre será, por isto e por tanto mais, o maior de Portugal.
É isto que é suposto ser o futebol.
Nem um nada a menos.
O Milan parte em sentido, obrigado a assumir uma posição de gamo juvenil frente ao Macho Alfa, dominante na manada, o Porto mete o rabinho entre as pernas e aguarda, em agonia, por um Inferno da Luz no Sábado, rezando a um pequeno Pinto da Costa florescente, na mesa de cabeceira: "Que ninguém se arme em Peter Crouch"...

As diferenças, óbvias para quem sabe de futebol, residem aqui e aqui, para os mais... digamos... ceguinhos!

terça-feira, novembro 27, 2007

Pró Natal, O Meu Presente, Eu Quero Que Seja...

...o Kit McGyver, o Kit McGyver, trá lá lá lá lá...

segunda-feira, novembro 26, 2007

Pausa pra Café...

Não sei qual será a opinião generalizada das mulheres sobre os homens que roem as unhas.
Sei, porém, que não é bonito estar 3 minutos a tentar apanhar uma moeda que caíu ao chão, até que a gaja ao lado, sobre a qual já havia comentado comigo próprio "Parece a Princess Leia, não faças figura de Chewbaka", perguntar: "Quer ajuda"?

sexta-feira, novembro 23, 2007

Balkan dIAZ Again and Again, ou um Post para o Paulo que aparece aqui quando o rei faz anos mas... Aparece!

Já há muitos séculos que um gajo não vê um viajante como o Palin!
Como ver aqueles programas e lembrarmo-nos do mesmo homem a informar um Cleese de papagaio na mão: "Sorry, we're out of parots, righ now, but we've got a slug" ou em frente a uma audiência enorme, um Cássius mal amanhado: "Wewease Wódewic" ou ainda como pedinte ex-leproso, pedindo um séquilo a Brian, The Messiah... Impossível!
Também ele, no outro dia, reconhecia que os Balcãs são o último reduto de uma cultura, de entre muitas, que, juntas ou cada uma no seu lugar, já fizeram da Europa, efectivamente, o Velho Continente. Nós, os ocidentais, perdemos a capacidade de sermos amigáveis, recebermos quem venha de braços abertos MAS sem que isso signifique abrir as pernas, prostituindo-nos às influências externas. Eles sim, são o Velho Continente. A existir, é ali!
Eu nunca o poderei afirmar. Não conheço a Europa como o Palin. Mas aterrei nos Balcãs, por um mero acaso, um feliz acaso. Porque até provas em contrário, viverei sempre sob a crença de que tudo acontece por uma razão.
Os Balcãs têm um feitiço qualquer. Há uma luz, um aroma, um ruído de fundo, um brilho nos telhados, nos olhos das mulheres, um segredo nessa névoa matinal, embrulhada nos freixos, flutuando sobre os rios, que nos adormece os sentidos. Como que a anestesiar-nos antes da tatuagem. Essa coisa por baixo da epiderme de cada vez que uma viagem fica. Cá dentro. A remoer. A vontade de não partir, a ferida em carne viva que só sara quando voltamos. Balkan Tatoo!
Se fosse só eu e o Michael, tudo bem... mas não!
Também há o Zach Condon. Imagine-se um teenager, nascido e criado em Albuquerque, New Mexico, U.S.A. (bimbolândia MESMO), virtuoso de uma mão cheia de instrumentos musicais, que decide gastar o dinheiro dos papás numa viagem pela Europa. Chega aos Balcãs e dá de ouvidos com "aquilo". O resultado é... Beirut. E para os mais duros de ouvido, os Beirut são mais que uma mera fusão entre a música de gitanos romenos, violinos de judeus choramingas e a folk norte-americana na sua faceta mais despida. Os Beirut são a voz (a dele) trinada e puxada lá do fundo, sem nasalações, e o respeito, o profundo respeito pelo que é a música no seu estado mais puro! Mais ainda do que aquilo que nos foi dado a conhecer como "unplugged"! É a música NA RUA.
É isto e isto e isto e isto e isto. É a música que a música tem. É tão simples. Para quê complicar?

Desde que há o iPod, isto anda impossível!

O Rookie - "Hé pá ó dIAZ! Não percebo nada disto... onde é que eu vou a Os Meus Documentos e Os Meus Ficheiros Recebidos, pá"?
Eu - "Dá dEUS Mac's a quem não tem dedos"!

quinta-feira, novembro 22, 2007

A trip back to Almada in the 80's

Foi fácil!
Vai-se beber um café e pode-se comprar o bilhete para o dia seguinte.
A estreia, portanto, aguardada desde a primeira notícia, há um ano e tal, quando ainda o Corbijn estava a escolher actores, cuja condição era, para além de serem actores, claro, tocar instrumentos.
Não vou a estreias porque não faço questão.
"Control" foi a excepção.
Sabia muito bem quem iria encontrar.
E lá estavam eles.
Os "Vanguardas".
Todos.
Vieram as recordações.
Das quais há sempre alguém que não se lembra.
"Lembras-te de quando andaste a fugir dos Skins por causa de uma t-shirt do Che Guevara"? "E é possível não me lembrar"?
"Lembras-te de quando a tua namorada, na altura, deu uma geral na casa ao lado da Tasca do Cão"?, "Sim, claro, mas agora já temos dois filhos". Ups!
Os Joy Division nunca foram uma banda "Da Moda". Quando o boom (se é que este alguma vez existiu) cá chegou, já a imagem de um Curtis dependurado se dissipara da memória do Mundo.
Mas foram um verdadeiro culto para alguns.
À saída da sala, um exercício:
Tentar perceber quem amou o "Closer" e o "Unknown Pleasures" e quem é que "despertou para a vida tarde demais".
E era claro como a água!
Deu, inclusivamente, para perceber que, agora, é cool ouvir Joy Division.
Nada contra.
Mas deve ser muito chato um gajo ir ver um filme e passá-lo a pensar: "Meu dEUS, o que eu perdi... Mas porque é que há 15 anos atrás andava no Hard Rock e nos Xutos, pá? Que merda".
Juro já ter ouvido alguém confessar-me o mesmo quando estreou o "24 Hour Party People".
Desta vez ouvi, claramente, no meio de uma conversa entre amigos:
Indivíduo 1 - "Cala-te pá... no tempo em que nós ouvíamos isto nem uma cerveja bebias, pá! Jogavas Spectrum e bebias Tang Laranja"
Indivíduo 2 - "Nem fumavas ganzas e chamavas drógados à gente. Agora já tens a mania que és gourmet, olha-me este. Querias era os Duran Duran e os Bros e a Belinda Carlisle e os Iron Maiden e os Queen"!
Indivíduo 3 - "Mas isso não quer dizer que não possa recuperar o tempo perdido".
Eu - "Não, não podes! Quando um burro pára 5 minutos a olhar para o palácio já não apanha os outros. Pode disfarçar. Mas topa-se à légua"!!!

É que há um arrepio muito próprio quando se vê isto isto ou isto!

Because Football Matters - Part II (Alguém sabe cumé que isto fica em 1.º nas buscas do Google?)

Hey Guys...
Don't Cry!
Look on the bright side of things:
Next summer, you WON'T have to bite your nails to death throughout the penalties, during 120 painful minutes, just to end up LOSING with Portugal!
On the other hand, this will be a healthier, safer competition...

It hurts, doesn't it???

Here's a toast to all your unemployed hooligans!

Cheers, jolly good old chaps!

Because Football Matters - Part I

E o troféu Embuste do Ano vai para...

(rufar da tarola)

...Riiiiiiccccccaaaaarrrrrddddooooo Quuuuaaaaareeeesssmmmmaaaaaaaa!!!!!

(Aplausos)

E o gitano dirige-se, acanhado, de rubor escarlate, para o pódio.

O público grita, irónico: "Tri-Ve-la, Tri-ve-la".

Quaresma ergue ao alto, um dvd pirateado: "É o dái árde 4, fréguesa, é a cinquérs, cinquérs, quélásabêri"!

terça-feira, novembro 20, 2007

Someday... Ther'll Be a Cure For Pain. That's The Day I'll Throw My Drugs Away!

No dia em que a Maria José Nogueira Pinto tiver as pestanas, os lábios, a presença, as mãos e os pés da Joana Amaral Dias, também eu serei de direita! Assistirei a touradas, usarei sapatos de vela, pullovers atados aos ombros, baínhas pelos tornozelos e gritarei, a plenos pulmões, "spóóóóóóóóóóórté"!

Enfim, serei "rdíclu"!

domingo, novembro 18, 2007

Every Good Has An Evil

Porque é que, POR VEZES, ver um filme em dvd PODERÁ ser melhor que vê-lo na Grande Tela?
Quando fui ver isto ao cinema, não consegui ler, nos créditos finais, de quem era isto!

Agora já cá canta!

E é bom à bruta!

sexta-feira, novembro 16, 2007

Humor de 6ª

Desta feita, o Agente Secreto Mais Famoso do Mundo apareceu acompanhado.
E não se tratava de Miss Moneypenny.
Era um homem franzino, envergando um smoking de corte bera, sapatos por engraxar, baínha acima do tornozelo, mãos nos bolsos e barrigão de Carlsberg.
O Embaixador, de sua graça Alexandre Herculano, estendeu a mão a 007.
Este retribuiu o gesto com o habitual "Bond... James Bond".
"E o cavalheiro?", indagou Herculano, dirigindo-se ao outro homem, que entretanto tinha assumido a compleição de anão de circo.
"Eurico... o Pires de Brito", respondeu, enquanto coçava, com demora, a hérnia inguinal!

quinta-feira, novembro 15, 2007

E a propósito da cena mais sensual de sempre em ecrã, El Marichi dIAZ Productions Presents...

A personagem mais irritante e sacana de sempre.

O Detective que encontra a branca no sofá do Monty, no 25th Hour, a Spike Lee joint, com aquela pronunciazinha enervante dos bairros decrépitos da decrépita NY!

Tal pode ser visto aqui, aqui e aqui!

Mas pode dar o mote para mais, porque o filme é bom, MUITO BOM, principalmente se pensarmos que se trata do primeiro a retratar a cidade pós-11 de Setembro, com uma sequência inicial bem elucidativa e um grande momento de coragem, dado o período que se atravessava!

Para quem gosta de Cinema, e não de "ver filmes", o que não será bem a mesma coisa, (e desculpe-me quem discorde... passando, assim, a integrar automaticamente o segundo grupo), repare-se:

A Música é do Terence Blanchard.
A Direcção de Fotografia é do "tuga" Rodrigo Prieto.
A Produção é do Tobey Maguire. Sim, esse mesmo. O Homem Aranha, lá está, para quem gosta de "ver filmes", mas o eterno James Lear no Wonder Boys, tão desconhecido quanto amado por quem GOSTA DE CINEMA À SÉRIA.

Encontrei...
































... graças ao European Film Festival.

Vou ao Estoril quando o rei faz anos.
Ou quando há uma retrospectiva da obra do Lynch.
Que inclua o Twin Peaks, a única coisa que me fazia ficar em casa, há uns aninhos atrás...
O subconsciente do David exposto e, a partir dali, herdado por mim como uma tatuagem.
As coníferas, as névoas, o contrabaixo do Badalamenti, as rednecks, pacóvias. Apetecíveis por serem-no, talvez. Ainda não sei.
A morte, decretada para sempre, de todas as Prom Queens. Não só da Laura Palmer!
Por outro lado, a coroação de todas as mulheres que, por baixo de roupas de lenhador, para lá da vida a servir ao balcão de diners na terrinha e a levar porrada de labrêgos como o Leo, uma representação perfeita de QUASE todos os amaricanos.
Um hino à Mulher.
Nunca mais um bosque (que não é o mesmo que uma floresta ou mata), foi a mesma coisa!
Nem as séries de televisão.
Nem as mulheres, pois.
Numa idade (por volta dos 14) em que somos uns bichos, uns animais, quando as mulheres representam pouco mais que, cada uma, um rabo, um monte de vénus, um par de mamas e uma boca para enfiar a língua e outros, há momentos que determinam se subimos um degrau na escada evolucionista e, logo, na sensibilidade, ou se perpetuamos esse estado de cepo, máquina de encanzanar sem lubrificar pistão.

É por isso, David Lynch, que te agradeço, para sempre, a entrevista de trabalho da Audrey Horne para servir no One Eyed Jack Sister!

quarta-feira, novembro 14, 2007

Starvation

Eu também fiquei chocado com o Magusto na Praça do Comércio.
Uma das mais belas praças do Mundo serviu de palco para um espectáculo de meter dó. A fome, meu dEUS.
A gente que se juntou em torno do Maior Assador de Castanhas do Mundo, orgulho nacional inversamente proporcional à vergonha que se sente quando se vê uma chusma munida de sacos plásticos, acotovelando-se, puxando cabelos, socando-se, até!
Retenho a imagem do velhote que caiu, com tanto empurrão, para debaixo do assador, quase de cara nas brasas e, quando se levantou, já o seu saco plástico tinha sido levado por um vil larápio! Gente velha, gente nova, gente assim-assim, tudo numa batalha campal digna de um filme do Ridley Scott e da inveja do Spike Lee e seus confrontos entre pretos e italianos, cambada de betinhos, ao pé disto! Como cenário, o Paço Real e, lá em cima, esse castelo mouro que depois foi entregue aos cuidados do São Jorge e agora é da Emel e dos seus torniquetes!
Mas muito mais me choca a clássica conversa de autocarro, no day after! “É mesmo à tuga”, alvitra-se. “Os portugueses sempre foram assim”, assevera-se. “Se é à borla, está lá o Zé Povinho”, certifica-se.

Faço minhas as palavras do Grande-Mestre-Avô-de-Todos-Nós Agostinho da Silva, aquando de um frente-a-frente com um Miguel Esteves Cardoso fedelho, no programa “Conversas Vadias”, e desafio os que pensam como supra citado a visitar Portugal. Peguem no carro, no expresso da Resende, no Intercidades, e vão! Depois digam-me ONDE é que poderiam ver aquilo acontecer! Na Guarda? No Redondo? Em Braga? Bragança? Covão da Carvalha? Santa Comba? Picha? Venda das Raparigas? Costas de Cão??? Em todos estes locais haverá, a partir de uma semana antes do Natal, o Madeiro, a arder, bem no centro da cidade, até ao Dia de Reis. Haverá, todas as noites, chouriços e linguiças a norte, cacholeiras e farinheiras a sul. Haverá vinho para acompanhar. E castanhas, claro! Um espectáculo daqueles é que não haverá, posso GARANTIR!

Pasme-se, então, quem não souber que ESSES tugas de quem todos falam são, afinal, e apenas, os lisboetas. E os dos arrabaldes. ESSES que ainda não perceberam que a cidade oprime o português. O verdadeiro português, esse cidadão global. Principalmente, uma cidade que quer à força ser europeia, não percebendo sequer o que é isso de “ser europeu”, quando se é, há mais de mil anos, uma cidade do Mundo!

Lésbicas em Pensão Lisboeta. MENTIRA! É só para ver se vem aqui parar mais gente...

Portugal sofre de um síndrome gravíssimo.
De entre tantos sinais, escolho a histórica evidência de sermos um país de poetas sem apreciadores do género.
Camões, coitado, morreu na miséria, ao que se sabe. Pessoa vagueou pela baixa, passando despercebido como qualquer outro transeunte no Grandella. Mais tempo demorasse a morte a levá-lo, mais tarde teriam encontrado o baú com os seus escritos. O O'Neill também se finou sem conseguir fazer com que o Instituto dos Socorros a Náufragos lhe pagasse o "Há mar e mar, há ir e voltar". Ser poeta contemporâneo português é um estado miserável. Aposto que todos os poetas contemporâneos portugueses gostariam de ser poetas clássicos portugueses, mas já, a tempo de ganhar algum dinheiro com o dom!
Quanto tempo será preciso, por exemplo, para que o Nuno Marques passe a clássico? A Naifa já fez a sua parte. E nós? Vamos todos ver um dos dois concertos dos Xutos no Campo Pequeno, não é??? Pois é!

"Tenho uma estátua fluorescente da Virgem
Maria que me dá confiança e brilha à noite.
Tenho os joelhos magoados. O calvário dos fiéis
devia ser menos árduo.
Tenho trezentos e sessenta e cinco santos numa
caixa-calendário daquelas em que cada dia
tem um chocolate.
Tenho um lencinho branco onde limpo as
lágrimas enquanto assisto a uma vigília via TV,
depois da minha última ceia de hoje.
Às vezes quando o vapor é muito, tenho o
Salvador no espelho. Deito-me de consciência
limpa, não me esqueci das velinhas, nem de
deixar a moedinha na caixa, e o meu "livro de
orações" tem um delicioso cheiro a mofo.
Dormirei o sono dos justos e talvez não acorde
quando o galo da minha vizinha cantar três
vezes e o meu senhorio o tentar apedrejar.
Sinto-me bem e Deus queira que consiga não
me masturbar.
Ámen."

terça-feira, novembro 13, 2007

As Coisas De Que Um Gajo Sente Falta, Ao Fim De 6 Anos de Casamento... Feliz, Para Que Dúvidas Não Restem!

Mais do que as gripes, com faltas justificadas, a jogar spectrum na caminha, com a TV da cozinha excepcionalmente emprestada ao meu quarto, enquanto a chuva batia lá fora...
Mais do que os almoços com ressacas tremendas depois das noites no Perfil, Rookie, Shangri-La, Primas, Alcântara, Kremlin, Incógnito, Keóps e Captain Kirk (por ordem cronológica), a ter que gramar com um cozido à portuguesa do tamanho do Lago Malawui...
Mais do que as ganzas à janela, para adormecer de phones ao som das Breeders e dos Tindersticks, depois de uma noite de estudo para a frequência de amanhã...
Mais do que o Oscar e o Kadafi a competir pela primeira lambidela na cara do dono Mariachi, pela manhãzinha...
Mais do que acordar com uma cobra em cima do telheiro, que uma coruja qualquer deixou cair durante a noite...
Mais do que desfazer um papo-seco em migalhas no quintal para poder assistir à visita dos pardais durante o almoço...
Mais do que os banhos de mangueira depois da praia...
Mais do que ir buscar o leite à vacaria e o pão, na bicicleta, com o saquinho de pano bordado com a palavra, imagine-se, "pão", pedalar que nem um louco, no regresso, para poder chegar a tempo de passar um naco de Primor e vê-lo derreter no meio daquele aroma...

...tenho saudades de acordar, ao Sábado, com o cheiro das tuas fatias-paridas, mãe!

SÉRIE Um Gajo Sabe - TOMO XIX

Um gajo sabe que é tarado quando...

...vê um livro editado pela Fenda e fica com uma ligeira erecção!

segunda-feira, novembro 12, 2007

A Mulher, Esse Animal, ou Machismo Justificado Scientificamente

Se não o tivesse testemunhado em tantas outras gajas, poderia até ser que estivesse a falar SÓ do meu caso específico!
Quando as mulheres parem (do verbo parir), o homem, o pai, o progenitor, passa para segundo plano. Até aqui, tudo bem. Uma criança toma demasiado tempo e requer muita, mesmo muita atenção. Mas a coisa vai mais longe. E ainda por cima, são poucas as gajas que não o reconhecem. Algumas, até, com orgulho desmedido nesse animal behaviour "ah e tal parecemos as leoas e as lobas".
Contextualizando...

1. As fêmeas ficam saídas e são todas salamaqueques, ronronar práqui, esfregadela prálí, uma coisa feia. Mas excitante, claro, para qualquer macho, dominante ou não.

1a. Nós, os homens, não andamos à cornada, a berrar por vales onde o degelo já se faz anunciar, a arrancar testículos à dentada e a mijar em árvores (ok... esqueçam este último), para ver quem é o Alfa que vai cobrir aquela que cheira melhor!

2. Depois da cria nascer, a mulher, tal como os felídeos, ursos, lobos, etc, passa o homem/macho para segundo plano. Somos, até, um empecilho, tornamo-nos uma presença incómoda, um vulto que está ali mas era melhor que não estivesse e serve, quando muito, para protecção da cria!

2a. Se nós, homens, não estivéssemos uns andares acima na cadeia evolucionista, cometíamos infanticídio só para elas ficarem outra vez com o cio!

Evitei... Mas Não Dá!

Se eu fosse rabicholas, papava o Rufus!
E isto é, só por si, assim como a expressão que se segue, um Pau-de-Dois-Bicos!
Porque os homofóbicos dirão "iiihhhhhhhhh, ó dIAZ, fónix, nunca mais almoço contigo a rachar uma dose de Bochechas de Porco, não vou mais ao mesmo urinol e nem penses que vais mais lá a casa beber do meu Oban 15 anos", e os homossexuais dirão que, só pela expressão "rabicholas" (que reconheço poder ter sido substituída por rabichon, panilóide, abafa-palhinhas ou fanchono), já demonstro ser preconceituoso. É mentira!
À excepção do cheiro desagradável que imagino existir no quarto de um casal gay, não tenho nada contra! NADA!
Vejamos:
A minha série televisiva (ou seriado, sendo que até ao final do ano, e mediante o novo acordo ortográfico, teremos de prescindir de 1,5% do nosso português em favor do português do Brasil) de eleição é, a seguir ao Lost, o Sete Palmos de Terra!
Gosto, para além do Rufus (já lá vamos), do Antony & The Johnsons, do Morrissey e do David Bowie.
Não acho a Jennifer Lopez, a Beyoncé ou a outra dos Black Eyed Peas nada de especial.
Prefiro peixe a carne.
Uso creminhos no corpo e na cara.
Dou comigo a olhar para o espelho e a exclamar: "dIAZ... que bela sarda que tens, pá"!
E depois, há o Rufus. Da primeira vez, o homem era tão desconhecido que o João, com a sua Pós-Graduação em Muzzik, que tudo conhece, teve de esperar que ele desse os três primeiros passos em direcção ao piano, na Aula Magna, para exclamar: "toh... não sabia que ele era paneleiro!" Zorze exclamava, quando as músicas acabavam: "Fooooooddaaaaaa-sseeeeee!", eu estava com um nó na garganta há quarenta e cinco minutos que descambou numa choradeira parva no "Go or Go Ahead", sozinho ele à guitarra, sozinho eu numa devoção que nem eu próprio, ainda hoje, compreendo, por achar que a obra do homem tem mais de Chanson Francaise com uma pitadinha de Liberace que qualidade musical para figurar na mesma prateleira do Antony ou do Owen Pallett ou do Buckley.
Depois, houve o Coliseu, faz amanhã oito dias. E há uma razão para só agora escrever sobre isso. Em primeiro lugar, achei que tanto "Melhor Concerto de Sempre na Sua Carreira" ou "Melhor Concerto do Ano", já chegava. Em segundo, porque pensei que não conseguiria passar a palavras aquilo que vi e ouvi. E continuo com essa convicção... até porque quem conseguir descrever o dueto entre o homem, ao piano, e um saxhorn, num celestial "Art Teacher", não é deste planeta!

sexta-feira, novembro 09, 2007

Inapááááá!!!


O Público publicou hoje uma notícia que me deixou gobsmacked!!! Flebagasted, até! O mundo nunca mais será o mesmo e a civilização treme sob tal manto informativo. Li e fiquei imediatamente arrepiadinho! De tal forma que a senhora no lugar em frente ao meu, no Comboio da Ponte, tirou os olhos da sua Caras, fez escorregar os óculos até à ponta de um nariz afiladíssimo, tão denunciador de nobreza quanto as minhas suíças, perguntando: "O Senhor sente-se bem? Está mais lívido que a Betty Gravstein nesta festa do croquette da página 37".
Pois é... sentem-se, antes de ler isto:

Segundo uma experiência levada a cabo, pela Queen's University de Belfast, em 144 camarões, publicou-se então um estudo na revista New Scientist que conclui que...
...os crustáceos sentem dor!!!

Meu dEUS!

E agora?

Simples:

Já sabemos que, se aplicarmos toda a força de um braço direito, com punho cerrado, no estômago do Paulo Portas...

...aleija!

quinta-feira, novembro 08, 2007

Portugal... Esse Mundo!

Temo que, desde que trabalhei na Impala, Sintra se me afigure como algo ruim.
É pena.
Tento, por isso, contrariar este sentimento com consecutivas visitas às imediações do Monte da Lua.
E reparo que as negras nuvens que se começam a formar, em torno da minha pessoa (fumo... fumo compulsivamente, roo as unhas, tiro burriés), logo a partir de Belas, assumem proporções diluvianas, dantescas, armagedonianas em Ranholas, mas começam a dissipar-se na subida para S. Pedro. Cuspo, então, para fora da janela do carro, expulsando assim qualquer réstia de maus agoiros, bruxedos, condomblés e pactos com o demónio que levaram o clã Rodrigues, no seio do qual a imbecilidade fez ninho (e continua a desovar, pelos vistos), ao sucesso que se lhes conhece e à desgraça, entregue em bandeja de prata e com requintes de malvadez, tanta, mas tanta gente.
Desta feita, Vila Verde.
Café Central, pois.
Só que este não é um Café Central como os 36.239 Cafés Centrais que se espalham pelo nosso território e comunidades emigrantes lá fora.
Tem mulheres.
Solícitas.
Demasiado.
Só queríamos ver o Benfas.
E entramos como deve de ser, isto é, de cachecóis.
Recebem-nos olhares desconfiados dos clientes.
O proprietário, esse, deposita uma grade de minis na mesa. "Esta pago eu". Que chatice! Fico sem espaço para o caderno de notas. Por isso, a partir daqui, tudo é difuso.
Alguém exclama: "Man... estou a 20 km de Lisboa e parece que estou a 300..."
A mim, parece-me Fortaleza.
Porquê?
Por nada:
"E Áí, ôlhulíndu... tudo béim"? E pouco depois: "Nuóósssa! Cê páréci Jésúis... cê fáis milágri?"

quarta-feira, novembro 07, 2007

Só uma Pequena Homenagem ao Jogo do Sporting com o Roma...

...se eu fosse adepto de um clube que tem o Santana Lopes como simpatizante...

...espetava-me de frente contra um comboio!

segunda-feira, novembro 05, 2007

Vamos Para Velhos / Estamos Mais Novos

Acordei mal-disposto.
Sarrazina
macambúzio
sorumbático
respondão
embirrante
carrancudo
velho, portanto...
"Talvez o Sol na tromba resolva".
Sair de casa.
Antes que Tocas e Mariachito acordem.
Antes que comece a barulheira.
Antes que parta a casa toda.
Agarrei num dos sapatos.
Tentei calçá-lo.
Ai!
Uma música do estilo "Há uma aranhinha/muito pequenina/sobe sobe sobe/ com a chuva cai ao chão/ depois vem o sol/ tudo brilhou bem vês/ e a nossa aranhinha/ lá subiu outra vez".
Proveniente de um carrinho que Mariachito achou que ficava ali melhor!
Merda mais a lamechice, outra vez...
Ataca-me quando menos espero, a pêga!
Voltei ao quarto!
Rabo para o ar e boca aberta, como sempre.
Levei-o para a cama.
E deixei-me dormir, outra vez, com aquela respiração profunda, perfume a resina de pinheiro em cheio na minha cara.
Antes disso, abriu os olhos, agarrou-me uma madeixa de cabelo e disse, pela primeira vez...
...pai!

domingo, novembro 04, 2007

Duas Lebres de Um Só Atropelamento

Em 1º Lugar, gostaria declarar publicamente:

O que me chateia não são os penteados ridículos no Sporting, desde o treinador ao adjunto, passando por jogadores como aquele Curtinho-à-Frente-e-Compridinho-Atrás-à-John-Bon-Jovi-ovich! É o facto de bastar passar pela cabeça dos coiffeurs do Facto gozar com um ou outro cliente, do tipo "Atão bora lá agora fazer aqui um corte à Sporting, hã? Catita!", para a coisa virar moda!

Em 2º Lugar, só um apontamentozinho em relação à inauguração da exposição:

Num patamar "não-percebes-nada-de-fotografia-mas-tens-tomates-para-te-auto-promover-à parva", não correu nada mal!

Obrigado ao presentes, aos ausentes porque se esqueceram, aos que não se esqueceram mas não lhes apeteceu porque tinham algo melhor para fazer e aos que se justificaram porque me conhecem mal... saberiam, de outra forma, que não era preciso!

sexta-feira, novembro 02, 2007

R.I.W.

Se Dante estivesse connosco, teria ficado assustado. A cidade que, minutos antes, se via tão bem, iluminada pelo sol, tornou-se uma nódoa feia. Desapareceu completamente sob um manto de fumo e de fogo.


Morreu Paul Tibbets. Na manhã do dia 6 de Agosto de 1945, premiu um botão vermelho no seu B-29, que baptizara de Enola Gay, e largou-a. Lá em baixo, poucos segundos depois, um clarão sem som. Luz. 78.000 foram mortos instantaneamente, num raio de 20 quilómetros. Lá para fins de Novembro, porém, ascendiam já aos 140.000 que pereceram, em agonia, às queimaduras, olhos, línguas e fígados liquefeitos. Em Dezembro, ainda boiavam corpos no rio. Os que os puxavam pelas mãos, descrevem a cena de forma invariável... ficava-se com uma luva na mão. feita de derme e epiderme.

Não se fala muito de Hiroshima. Não se fala muito de Nagasaki, bombardeada daí a poucos dias e já depois da rendição incondicional do Japão. Just for fun!

Muitas Torres Gémeas terão de perecer. Não podem ser sempre os mesmos a gozar com o banho de sangue.

Paul Tibbets morreu... Guerra à sua Alma!

Obrigado, dEUS... Por Fazer Com Que o Brasil Fale a Nossa Língua. Quanta Riqueza!

De todas as vezes que fui apanhado, nunca me lembrei disto!

terça-feira, outubro 30, 2007

A Coluna de Opinião do Cathleen dIAZ Gomes

O que dizer dos Gossip? Que são maus? Naaaaaaaa... Tastes will allways be tastes, em amaricano. Que são UM GANDA SOM, COM GANDAS GUITARRADAS? Também não, bolas, isso também seria uma opinião. Que fazem música? Indiscutível. Que a música que fazem acrescenta alguma coisa ao panorama musical actual? Ah, isso já é outra cumbérsha! Inócuos, pois então. Mas as bandas são obrigadas a inovar? É claro que não! Atão pronto, ficamos assim!

"Ó dIAZ... tás maluco? Atão não vais dizer aquelas coisas do costume"?

Bem... talvez faça abaixo uma relação de bandas que ficaram na História (ou, precisamente, NÃO ficaram) pelas mesmas razões dos Gossip. Faziam música, causaram alguma celeuma, principalmente na rádio, os álbuns pareciam iguais do princípio ao fim e, por essas razões todas, desapareceram! E não me venham com coisas do estilo "iiiiiihhhhhh não tem nada a ver", porque TEM! Os géneros em voga é que divergiam. Os carrinhos de choque de ontem são os podcasts sub-18 de hoje!

Prefab Sprout

Baltimora

Samantha Fox

Tears For Fears

Milli Vanilli

Gene Loves Gezebel

MC Hammer

Ridículo, não era? Não... na altura não era!

segunda-feira, outubro 29, 2007

ACORDO ORTOGRÁFICO PRODUCTIONS prazentiert "Português, Português do Brasil e Português Fofinho"

O Diamante por Lapidar:
"Aeromoça... é Hospêdêira"
"Cadarso... é Átácádô"
"Açôgui... é Táilho"
"Trêim... é Cômbôio"
"Tôrcida... é Cláqui"
"Pibolíim... é Mátráquílhu"


A Pérola:
"Pum Côcô... é Pêidjínhu com Môlho"!


Com os devidos agradecimentos ao Zélélé, Zézalíde ou, simplesmente, Zé!

sexta-feira, outubro 26, 2007

DocCharneca 07

A correria à Culturgest, as filas para tirar bilhete, quase nunca para o filme que queríamos REALMENTE ver, a falta de estacionamento, rezar para conseguir sessão tardia, quando o bilhete dá direito ao estacionamento do Edifício CGD, "vamos pelo Campo Pequeno", "Não, estúpido, vamos pela Av. Roma, estacionamos ao lado da Igreja e andamos aquele bocado a pé", "Chamaste-me estúpido? À noite levas sopa, porca", "Não faz mal, estou com o período". Calma!
Jovem: gostas REALMENTE de cinema documental ou andas um ano à espera do DocLisboa? Ou uma, ou outra! Ou gostas de ver documentários e papas uns quantos que sacas da net, outros que passam na 2: e os poucos que estão no Blockbuster ou, pelo contrário, papas tudo de uma vez no DocLisboa e ficas o resto do ano a digerir e a indagar se não terás estado um mês da tua vida a assistir a desfiles de moda e barbas modelo Devendra Banhart.
Quando te sentires aborrecido com a pseudo-intelectualidade, vem ao DocCharneca, pá! Pode não haver gajas boas de All Star, écharpes negligé chic e metade da clientela do cabeleirero Facto, mas há minis e minuíns!

Na sessão de hoje:

Chock Doctrine, do Cuarón

Sharkwater, de Rob Stewart

Shine a Light, do Scorcese

Joe Strummer: the Future Is Unwritten, de Julien Temple

How To Cook Your Life, de Doris Dorrie

Poderia Ser Mais Fácil???

Tenho um problema de Red-House-Paintersdependência.
E há uns aninhos, quando vieram ao CCB, fiquei revoltadíssimo com o preço dos (poucos) bilhetes e o facto de não terem sido concedidas acreditações de imprensa. A procura superara todas as espectativas, embora à escala de uma banda do tempo em que havia, de facto, música alternativa, com o seu expoente máximo na 4AD.
Eis então que Mark Kozelek, sem os outros, está de volta. Amanhã, dia 27, no maravilhoso Santiago Alquimista.
Hoje de manhã, a senhora da Radar dizia: "Basta ligar e dizer-nos, com veemência, que quer ir ver o Mark Kozelek". Hé lá... tu queres ver que ainda é possível ouvi-lo cantar-ME o Mother, o Grace Cathedral Park ou isto???
Passo 1 - 21 01 05 790
Passo 2 - "Estou? Bom dia, eu QUERO MESMO MUITO ir ver o Mark Kozelek", "E faz muito bem... Diga-me o seu nome e n.º de BI".
Passo 3 - Hã?

quinta-feira, outubro 25, 2007

Série UM GAJO SABE - Tomo VIII

Um gajo sabe que é corno manso...

...quando sai do trabalho mais cedo, sob os protestos do director: "É pra essa merda que te pagamos €3.759 por mês??? Tens que fechar um caderno hoje, pá" e nos dirigimos directamente para casa, com passagem pela mercearia gourmet. Para "melhorar as coisas lá em casa", compramos um vinho X-P-T-O, uns produtos que até dão calor de tão exóticos, cozinhamos, espalhamos velas pela mesa e chão em torno desta, sentamo-nos e, quando ela entra em casa, já a esperamos, com olhos de cachorrinho abandonado a que gaja nenhuma, à excepção da Lara Li, consegue resistir. Tentamos ignorar o seu rubor das faces causado por esfreganços em barba alheia, cabelo desgrenhado e cheio de nós, odor a suor de cama.
Com toda a calma do mundo, perguntamos: "Sirvo-te"?
Ao que ela responde: "Às vezes"!

Cantiga de Elogio e Bem Dizer

Não, não venho aqui dizer mal do David Fonseca. Pelo contrário... parece-me um gajo inteligente. Mas essa é uma característica inata. Mais louvável será a sua óbvia maturidade musical. Que - não interessa - pode ter sido incutida, mas que arrisco a aventar: o homem é um autodidata! Não me parece que, durante a infância, ouvisse os Xutos, Delfins ou Sitiados quando estava sozinho, talvez com os amigos e para fazer o favor! E isto diz muito...
"Mas se tu não conheces o homem, ó dIAZ, como chegas a essas conclusões?", perguntarão os mais curiosos... Simples. O acto de fazer uma cover traz em si muito mais que isso mesmo. É partilhar com um público um gosto pessoal e toda a emoção (ou comoção) que isso poderá trazer. Uma versão do Respect, dos Erasure, é um acto de coragem. Agora, no novo álbum, o Rocket Man...
Confesso que não o oiço a não ser que seja obrigado. Aí, suporto-o. Irritam-me as palminhas e os assobiozinhos como artifícios (e clichés) de uma pop que já foi assim. Not anymore...
O que me irrita MESMO é o bando de impúberes que, sendo fãs de David Fonseca, ofendem a sua inteligência ao ter ignorarado, até agora, um dos maiores temas da década de 70, frutífera que foi. Talvez por causa do Nikita que, convenhamos, era ridículo. Talvez porque o Your Song ficou para sempre ligado à morte da Princesa dos Pobres de Espírito, mais o Candle In The Wind à mistura. Convenhamos, o homem tem azar! Quando alguém decide fazer uma versão de outro grande tema como o Yellow Brick Road, o destino decide-se pelos Keane??? A vida é cadela!
Mas quando se gosta MESMO de música (ponto), os "pontos negros" de algumas carreiras não fazem mossa. O Bowie também escreveu o Let's Dance e não é por isso que deixa de ser The Man Who Sold The World to a Higher Grace... Apenas teve mais sorte com quem fez versões...

quarta-feira, outubro 24, 2007

terça-feira, outubro 23, 2007

E Agora, Um Pouco de Música...

Quando o Leonard Cohen a compôs, não fazia ideia do que acabaria por vir a ser. Como o Suzanne ou So Long Marianne, poderia ter sido aquilo que quase todas as músicas do Cohen são: Mais uma música do Cohen...
O Dylan nunca gravou uma versão, mas cantava-a em muitos concertos. Não todos, porém.
O Cale, que percebe uma ou outra coisa de música, oh hail Velvet Underground, gravou aquela que terá sido, até hoje, uma das melhores adaptações do tema. Vinha no I'm Your Fan, de 1991, um disco idealizado e produzido pelo senhor Christian Fevret, da Les Inrockuptibles (na sua melhor fase), onde várias bandas (Pixies, REM e mais algumas de que não me lembro agora), interpretavam hits do Trovador.
Mais recentemente, já a entoaram Bono, KD Lang e o "delicado" e nasalado Rufus, tendo, inclusivamente, figurado numa cena do Shrek.
Eu tenho para mim que todo este recente entusiasmo se deve a uma versão com pouco mais de dez anos, sem a qual a coisa se teria perdido na história.
Sei que o produtor do álbum onde figura, de seu nome Grace, Andy Wallace, não concordava com a sua inclusão no alinhamento e ficava preocupadíssimo a cada vez que se tentava a gravação, que acabou por atrasar o lançamento do disco. O intérprete cantava-a sempre de forma tão diferente, que Wallace acabou por tomar o assunto em mãos e montou um conjunto de todos os takes para formar a faixa. Um puzzle, portanto.
Nascera, assim, o seráfico e beatífico Hallelujah do Jeff Buckley.
E fez, no passado dia 29 de Maio, uma década desde que levou consigo a impossibilidade de a podermos voltar a ouvir...
...nesse coro de anjos a uma só voz.

O Decoro, qual imundície

No teu pano cai a nódoa
que eu
vil, torpe
derramo
a cada passo que dás
Sou mais
maior
mais alto
ao amar como amo
todo o bem que o teu bem tão bem me trás...

Queria tocar-te
ao primeiro raio de luz
pousar-te a cabeça no ventre
ter-te aqui presente
congelar este aroma
salva, coco e amora
fazer a colheita agora
para esta redoma

Foges pra longe de mim
agora que sei
que ter-te enfim
seria ter-me
para que
juntos
nós
fosse
neste rio, de que és nascente
eu foz
o Sol a nascer já poente
numa panóplia de cor
Branco eu, ausente
Vermelho tu, amor.

Berrar a plenos pulmões
que tu, ardente safardana
me tens pelos colhões!
Tá mazé a abrir essa passana!

O Jardim das Delícias ou Vai Uma Partidinha de Mikado?

Tumoko Tanaka sentada à minha frente. Mãos pequenas, lisas, quase pueris, segurando um enorme copo contendo a confusão de aromas que encerra um Quinta da Peceguina 2003. Olhos sorridentes mesmo quando não. Baixa insistentemente o olhar e morde o lábio inferior, pequeno e grosso, com os dois incisivos superiores, arredontados, grossos, alvos. Cai-lhe uma madeixa de cabelo liso. Reponho-a por trás da sua orelha minúscula. Olha-me agora. E envolve-me todo o calor que me traz certezas: Somos veículos apreciadores da beleza. Passa por nós tudo o que é bonito, fica-nos nas mãos a morna brisa, as mil centelhas do sol sobre as ondas.
"Explica-me que coisa é essa das japonesas acharem que os europeus cheiram a cadáver", pergunto. "Não é o caso dos portugueses, dIAZ San, meu pequeno Shogun", responde-me, com voz impúbere.
Eu remato: "Já andaste de metro?"