quinta-feira, julho 31, 2008

Seven Years Ago

Haviam passado 21 dias sobre o 11 de Setembro.
A paranóia que, entretanto, sete anos volvidos, amansou à excepção de Heathrow, era mais que muita.
Houve gente que desmarcou voos, adiou férias, viagens de negócio, trinta por uma linha fininha.
Eu não.
Estava de Lua de Mel, cuabréca!
O único transtorno que o 11 de Setembro me causou tomou forma naquele segurança do aeroporto de Atenas, que imortalizei como John Rambo. Passo a explicar:
Estive em Atenas, Creta e Santorini. Como não havia voos directos de uma ilha para a outra, via-me forçado a tornar à capital para ligações. John Rambo era OMNIPRESENTE no Security Check e gritava sempre na minha direcção, de mão esticada e indicador encaracolado, falanje para cá e para lá You! Come here!, nem um please, o animal!
Confesso que, da primeira vez, temi pela minha integridade física. Afinal, podia ser um daqueles sodomitas não-circuncidados que aparecem pintados nos vasos e pratos que se vendem à entrada do Parténon e das ruínas do rei Minos (não, o labirinto do Minotauro não está lá). Afinal, provou ser apenas um gajo que assumia ali o poder e a virilidade que lhe faltava noutro lado qualquer. Assim tipo os tunnings. E os toureiros.
Bem, o que interessa reter é que apanhei-o de TODAS as vezes (4 check-in's) e já nem ligava. Tipo moscas. Antes da sardinhada, chateiam. Depois, até parece que desapareceram. Mas estão lá.
Ou seja... é preciso acontecer algo mau para que ocorra algo bom.
Assim como foi preciso arrasar dois prédios para que NY fosse invadida por uma onda de solidariedade onde, uns dias antes, uma velha podia cair nas escadas do subway sem que NINGUÉM lhe desse a mão, eu tive de levar com aquele porco que ainda não sabia se, àquela data, tinha um pénis ou uma hipertrofia clitoriana, para poder andar de mota, sem capacete, pelas estraditas de Santorini, ao imaginário som desta e desta.

Dedico este post

Porque gosto de dedicar coisas a pessoas.
Nem sequer a conheço, pelo menos pessoalmente, mas se me é permitido armar-me em psico-notário, que é uma palavra que inventei agora para definir aqueles que fazem uma análise psicológica através da escrita de alguém, passo a reformular o supra-citado para assumir a seguinte forma:
Porque gosto de dedicar coisas a pessoas sensíveis.
Porque só a uma pessoa que sirva este adjectivo se dão ao luxo os seus amigos de dedicar uma coisa que eu passo, assim, a dedicar aos meus.
Só a uma pessoa sensível à beleza em geral e à musicalidade das palavras em particular se dedica isto.
E tinha tantas saudades.
Algo me diz, caríssima, que tens uma little beautiful life!
Estima-te!

quarta-feira, julho 30, 2008

Fábula Assaz Moderna

Teodora é boa.
Eu sei que todos vós têm de mim como um gajo dedicado à família e agarrado, com unhas, dentes e um pequeno Johnson (como diria a Julian Moore n'O Grande Lebowsky), ao celibato.
Mas Teodora é, digamos, MESMO boa.
Boa tipo rabo empinado, em forma de Ás de Espadas, e um camel toe que nem a mais grossa ganga consegue dissimular.
Mas pode ser pêlo.
Não interessa.
Trabalha comigo lá na redacção.
E estava quase a comê-la.
Estacionamento do carro no Padrão dos Descobrimentos marcado e tudo.
E é quando a vejo, lívida, com um esgar de nojo, a olhar para o meu monitor.
Espero que saia e sento-me eu, para reparar que não tinha diminuído a janela do messanger, com a seguinte conversa:
Mariachi:
Até tou nervôzzzzzzzzzz
vamo-nos encontrar hoje
quí tésão!
Ele:
lolada
levas a lancheira?
Mariachi:
yô, porca!
Não me vais dar a banhada, pois não?
Ele:
e tu?
Mariachi:
Eu??? Eu estou todo húmido só de pensar!
Ele:
eu ja enfiei 4 bananas no cu
Mariachi:
da Madeira ou CHiquitas?
Ele:
chiquitas, pá. Não gosto de amostras
Mariachi:
Da Madeira nem me dá tesão!
Chiquita, do Equador, é que me Arrebenta cua fissura! Isso sim!
Ele:
Gostei da Filosofia da Alcova, sobretudo qd a mãe é penetrada por um gajo com sífilis e cosida pela filha... deve ser tão bom...
Mariachi:
Ya. Por falar nisso!
Estou à rasca pa cagar!
Espero que seja grosso!
Ele:
Tenho uma história com um cagalhão muito divertida, diria mesmo hilariante
era miudo
teen
13, 14 anos
fui a casa de banho da minha tia de Vale de Cambra
saiu grosso e comprido
qd puxei o autoclismo
n foi para baixo
entao foi la a minha tia
tentar
bom, é isto... PIM
Mariachi:
BOA, MAN!
Aposto que ainda hoje és conhecido, em Vale de Cambra, como o Caga Ursos!
Ele:
Tenho um grupo de fãs

terça-feira, julho 29, 2008

This Is Not What It Looks Like......... or is it?

Amo a todos vós.
Mesmo àqueles que, lendo esta frase, ridiculó-incomodamente redonda, pensam que não.
Esqueçam todas as vezes que usei, de forma desonesta, a minha voz de barítono para, por cima de todas as outras, expressar opiniões que encerravam todas as certezas do mundo.
Aparências.
Nunca tive certezas de nada, à excepção da certeza que isto encerra.
Ah, e há outra: gostei de cá andar.
Muito.
Não por mim...
Importo-me bem pouco.
Alimentei-me, como um vampiro, de todos vós, para sustentar a minha alegria.
Que foi imensa.
O que dará origem a lugares-comuns como: "Mas ele era tão alegre...".
É simples.
Por isso mesmo.
Por não me permitir ao supérfluo luxo de, sem ela, prosseguir.
Bastos são todos os outros.
Nem uma grama de alegria a menos.
Nunca.
Seria desonesto para convosco, não comigo... para esse, basto-me!
Senti-me, de há algum para cá, distanciar-me-vos na estrita medida em que afastei-vos-me.
Ou vice-versa.
E não poder desfrutar de vos ter, a todos, em meu redor, por minha própria acção, empurrou-me.
Fui eu, portanto.
As usual...

segunda-feira, julho 28, 2008

Pior que não ter dinheiro para mandar cantar um cego é o cabrão do cego cantar sem ninguém lhe ter pedido!

sexta-feira, julho 25, 2008

Não, não estou a defender ninguém. Estou mesmo a atacar dois de uma vez, para ver se vou de fim-de-semana mais descansado...

Tendo em conta que o actual estado das coisas em Portugal se deve a um governo de há uns anos atrás, que mamou mamou mamou e depois ainda mamou e acho que até chegou, depois, a mamar outra vez, dos subsídios da UE (que na altura ainda era CEE), sem se preocupar em criar uma repartição que vigiasse a forma como estes estavam a ser aplicados (tendo em conta que até um hamster zarolho poderia ter desconfiado de tantos Mitsubishis Pagero onde antes havia Renaults 4L), construiu estradas e mais estradas e ainda teve tempo de ordenar, como se de uma União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ou uma República Popular da China se tratasse, as cargas policiais na Ponte 25 de Abril e na Marinha Grande...
... eu pergunto:
Quem descobriu que, afinal, o diploma do Engenheiro José Sócrates tinha sido comprado estará, porventura, interessado em tentar descobrir a autenticidade da licenciatura em Economia do nosso Presidente da República?

quarta-feira, julho 23, 2008

Versejar Popularucho

Dora Avante

Lindo nome
para uma puta como tu
Saberiam teus pais
que serias essa rameira
que nem um ai solta
quando apanha no cu?

D'hora avante
será assim
És podre e serás
podre orifício
de fazer jus
a esse antigo ofício

Onde eu, qual Barrabás
deixarei a descendência
morrer no recto que tu darás

D'hora avante
minha vestal suja
não mais direi
Que boa cona
em cujos fundos
deixarei
meita
langonha
e uma fissura

D'hora avante
porca indecente
direi
sempre
direi
Que boa peida
de cuja merda
com o meu caralho
sacarei
feito espátula,
Salazar

D'hora avante,
minha cabra
de tudo o que te fiz
Lassar-te o esfíncter
é, pois
ser feliz!

terça-feira, julho 22, 2008

Não, não ando desactualizado...

...só ainda não consegui arranjar palavras para caracterizar o Með suð í eyrum við spilum endalaust.

E daí...

Abençoados vós, de ouvidos abertos desde o Ágætis byrjun, que aguentaram alguns devaneios mais popísticos, com enchentes no Coliseu. A espera foi compensada!

segunda-feira, julho 21, 2008

O Bom Futuro é aquele que Ama o Passado

Não o ouvia há mais de dez anos.
Agora, é o dIAZ que flies again, como o Robyn no Opened, a 10ª faixa, imediatamente antes de voar outra vez, à voz da Kim, com o Only in 3,s.
Agora, parece-me incrível que o Pod, das Breeders, fosse o MEU álbum no longínquo ano de 1992, quando não havia FNACs, internet ou sequer iniciativa própria.
Havia o Parreira e horas e horas de cumplicidade musical.
E decks que, em continuous play, não precisavam que se virassem as cassetes.
Como impossível me parece que ainda haja quem diz, e oiço-o vezes demais, Está tudo inventado.
Se um álbum de 1990 era aquilo, não há desculpa para que, 18 anos depois, não se inove.
Talvez ainda haja pequenos segredos.
Coisas que valham a pena sê-lo.
Razão pela qual tenha omitido qualquer faixa desse Éden do Bicho do Ouvido na minha mix tape, disponível aqui!

sexta-feira, julho 18, 2008

Conto 915

Na Vivenda Maria da Ressureição não vivia ninguém.
A tinta, rosa vivo noutros anos, caía agora das fachadas, em enormes escamas, revelando o adobe.
Alguns buracos, também.
O telhado, convexo de abeirar à ruína, deixara grandes espaços entre as telhas, onde pardais festivos chilreavam em ardor reprodutivo, ignorando as corujas das torres que, nas grandes vigas do sótão, partilhavam o seu espaço.
Alguém pregara, há tempos, tábuas nas janelas, incomodados com o cheiro que de dentro escapava, assumindo a forma de fogo fátuo nas noites de mais calor, muitas por aqui.
Lá dentro, Maria da Ressureição era uma pútrida massa disforme, que parecia viva de tanto verme que, por si acima e de si afora, continuavam o seu primordial papel na Natureza.
Deitada no sofá, que era agora, todo ele, uma mancha castanha e fétida, respingando o chão de tijoleira como papel manteiga sob peixe frito, pendia-lhe um chinelo do pé esquerdo, o cabelo imaculado num coque perfeito, alvo como mais nada naquela sala.
Talvez a toalha da mesa, com um bordado de Viana, servindo de base a uma pequena jarra de vidro que albergava cravos secos, quase irreconhecíveis...
Um dia, alguém lhe dissera Maria, deixa de te armar em dEUS.
Ressureição, nunca a viu!

quinta-feira, julho 17, 2008

I wrote a letter to a wildflower
on a classic nitrogen afternoon
Some power that hardly looked like power
said I'm only perfect in an empty room

Four dogs in the distance
each stands for a kindness
Bluebirds lodged in an evergreen altar
I'm gonna shine out in the wild silence
and spurn the sin of giving in

Oil paintings of x-rated picnics
Behind the walls of medication I'm free
Every falling leaf in a compact mirror
hits a target that we can't see

Grass grows in the icebox
The year ends in the next room
It is autumn and my camouflage is dying
instead of time there will be lateness
and let forever be delayed

I died my hair in a motel void
met the coroner at the Dreamgate Frontier
He took my hand said I'll help you boy
if you really want to disappear


David Berman

quarta-feira, julho 16, 2008

Things that change 'cause others don't

Havendo coisas que nunca mudam, sabia muito bem onde ir numa noite de calor, sem vento, por forma a cumprir a promessa feita há muito.
Deixei pôr-se o sol para empreender o Ritual de lo Habitual...
Sentá-lo na cadeira montada na bicicleta, capacete, o lagarto de borracha numa mão, a garrafa de água na outra e shenta pai, shenta... cuguida.
Fomos.
Em direcção àquele vale, a cerca de quatro ou cinco quilómetros de casa, onde passa um regato que padece da praga usual.
Canas.
Que, porém, fazem com que fique mais fresco.
Penso que seja por isso que eles aparecem.
E não há nada como a expressão de uma criança quando se depara, pela primeira vez, com dezenas de pirilampos piscando à sua volta.
Quedamo-nos assim, de boca aberta ele, embevecido eu com... a sua boca aberta.
Aquele sorriso que vem lá do fundo.
Piguiampos, pai, pisca pisca.
Deposito alguns exemplares no frasco que levava, do tempo em que a Vianeza era Hellmann's.
Poucos.
Para que o mesmo espectáculo esteja garantido em anos vindouros.
No regresso, leva-o ao colo, vigiando-o como a um tesouro.
O mesmo sorriso.
Canta.
O Eu Tenho Um Melro, da Deolinda.
Sabe de cor, com as palavras que são as dele.
Solto a bicharada no jardim em frente ao prédio.
Subimos.
Vamos para a varanda e ficamos a ver aquele espectáculo das estrelas ao contrário.
Não pisca, pai?
Não, filho, não piscam, só quando voam. Agora, estão cansados.
Também ele.
Adormece ao colo, à voz do Rufus no What Can I Do, sexto tema do I Am A Bird Now do Antony.

terça-feira, julho 15, 2008

Já duvidava que conseguisses, meu

Ainda o guardo como um dos melhores que vi.
O Coliseu (LX) cheio.
O palco, esse, tinha uma parafernália inaudita.
O propósito pareceu-me óbvio quando, alguns meses depois, vi o Alternative Nation a abrir com o Tropicalia, primeiro single do álbum, gravado nesse mesmo espectáculo.
E lembrei-me...
... o homem, franzino, entrou em palco, cantou o tema e, depois dos efusivos aplausos, olhou em torno e disse This is a Fantastic Room.
Claro que é.
E claro que foi melhor com ele.
Com os temas do álbum que me fizeram ir a correr comprar bilhete, Odelay, tão distante do Beck de festivais de Verão, tão perto dum Beck mais intimista, que se obrigava a ele próprio tocar todos os instrumentos do álbum e escolher as samples.
E eram tantos e tantas.
Gostei, sempre, do que ia lançando.
Comprei-lhe todos os álbuns.
Mas sempre com um amargo de boca por nunca o Midnight Vultures ou nenhum outro me ter sabido, nunca, em nenhuma audição, ao Odelay.
Tudo isso acabou, agora.
Obrigado, meu rapaz.
A ti, como a todos nós, a paternidade fica-te bem.
És, afinal, o génio de sempre.
Faltava-te, talvez, expiar a Modern Guilt.
Até agora.
Estás confessado e livre.
E eu também, outra vez.

segunda-feira, julho 14, 2008

Preconceito - Redefinição

Um preconceito é um conceito que já o era antes de o ser.
Daí o prefixo "pre".
Ou seja, quando antes de termos provas de que algo ou alguém servem determinado conceito, já o desenvolvemos por forma a ser uma das certezas com que convivemos.
Não é o meu caso.
Agradeço aos meus pais ter vivido, sempre, do Lado Certo, o que me deu acesso a muitas experiências de vida que resultaram em concepções insusceptíveis de serem moldadas (ou toldadas) por noticiários, opiniões contrárias (por muito que consubstancializadas pela mais credível das teorias) e, muito menos, estudos e sondagens das universidades disto e daquilo!
Assim...
...não sei nada de concreto sobre os acontecimentos de Loures.
Ouvi dizer apenas que eram ciganos contra pretos.
E, graças a 33 anos de convivência saudável com muitas, muitas culturas, esta parca informação é quanto me baste para declarar, com toda a certeza do mundo:
A culpa é dos CIGANOS!

sexta-feira, julho 11, 2008

Miss you, Baby

Não me lembro de não ter tido saudades das férias.
Desta feita, porém, faltam-me até as moscas que me impediram, sempre, de dormir a sesta.
Uma delas, desconfio que fosse sempre a mesma, porque aquilo, sim, eram mordidas de carinho, picava-me diariamente, como quem diz, pestanejando, és meu e eu sou toda tua, môri.
Agora, tão longe, recordo a Pancrácia, nome de baptismo que lhe concedi, como prova deste sentimento tão forte e potenciador de outros maiores que é a saudade.
Um beijo, Pancrácia, onde quer que estejas, no lombo de um cavalo, na parte interna da coxa do texugo que, todas as noites, nos assaltava os sacos do lixo em busca dos ossos de entrecosto que, por respeito ao mesmo, não descarnávamos na totalidade.
Viva o amor e todas as formas que pode assumir.
Pim!