sexta-feira, dezembro 30, 2005

Perca do Nilo

Fui, a convite da minha grande amiga Rijo, ver a antestreia do documentário O Pesadelo de Darwin. Tirei muitas conclusões. Mas dedico uma delas, que mudo para um tom de aviso, a quem anda muito preocupado com o que Portugal fez na altura das Descobertas e durante a colonização que daí proviu:
Revejam, por favor, o vosso estilo de vida ao ínfimo pormenor, a fim de contribuir o menos possível para a Neo-Colonização. Ou então continuem a falar do passado sem que, pelos vistos, aprendam alguma coisa!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Ornitologo? Nao, obrigado!

Mais uma das minhas concepções... estanque e hermética, claro!
Um dos degraus ou ramos de que Darwin falava não o chegou a ver ele próprio! Nem sequer imaginou! Vou ser tão pretensioso ao ponto de aventar que a Teoria da Evolução das Espécies teria mesmo sido reformulada caso aquele tivesse vivido durante os últimos 60 anos.
Então, aqui vai: o Progresso ditará o fim do Homem! É, tal como o conhecemos, a medida última desse Grande Ente (Natureza) para que a Selecção Natural possa seguir o seu curso e, assim, acabar com o mais desprezível ser da cadeia alimentar: o Homem! Ficaremos pelo caminho! Porque o quisemos! O grande gozo desse "puppetier" que julgam ser Deus foi ter-nos dado a conhecer este Admirável Mundo e ver-nos a desprezá-lo idioticamente em nome de um Admirável Mundo Novo de Merda! É bem feito!
Nem sequer ao Progresso soubemos dar uma oportunidade! Há muito que este deixou de servir o Homem! Foi utópico, acabou-se!
Já oiço as mil vozes de protesto... Calem-se! Por favor! Não percebem que por muitos "lados bons" que lhe consigam atribuir nunca conseguirão sequer ofuscar a Face Monstruosa da Moeda que iria, mais tarde ou mais cedo, ditar o seu preço? Foi pior que um Mundo inteiro a vender a Alma a Astaroth.
Lembro-me de um singelo episódio: Aquando do Maremoto de 2004 no Índico, a Ilha de Andaman, mesmo ao lado de Nicobar onde largos milhares pereceram, não sofreu UMA SÓ MORTE! Vi uma entrevista feita a um indígena da tribo Onge, no mínimo, fantástica: "Não percebemos... os estrangeiros não ouvem o silêncio das aves, a ausência de vento nas árvores, o mar a recolher de repente". Não meu caro! Não sentem nada disso! Mas acham que são felizes e que vocês são miseráveis! Houve um dia, na Serra da Estrela, que fotografei uma "impressão" deixada por uma coruja das torres no exacto sítio onde apanhara, durante a noite, um roedor! Não consegui contar quantos a ignoraram. Só uma criança me perguntou o que era. Expliquei-lhe! O brilho nos seus olhos quase fez com que sentisse alguma esperança por ela!

en la Bodeguita de Rio de Onor

Contei ao taberneiro
tudo sobre ti
a vizinha da frente
o meu pai, o carteiro
de todos os que vi
só este, com vinho de cheiro
olha pra mim e sorri

De quem me julga louco
só ele, zarolho
de toalha no ombro
de brilho no olho
perscruta o meu escombro
achando que viveu pouco

batuca os dedos no balcão
todo ele é paciência
fá-lo com a mesma cadência
com que o olho pisca
o queixo apoia na mão

sei com que sonha este homem
que me ouve, sonhador
que o amor seja regra, norma
e toda esta imensa dor
possa assumir a forma
de uma futura confissão
quando alguém, zarolho, sorri
e possa atrás do balcão
sentir o meu amor por ti!

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Tenho uma mosca no meu prato!

Tenho uma mosca no meu prato
Está morta, é verde e tem pêlo
na fatia de carnicha (pato)
patas pró ar, corpinho suspenso
apurado molhinho a sustê-lo!

Como terá sido a sua morte?
Calma, lânguida, em silêncio?
Dolor, demorada, interminável?
olhar assim um corpo estável
é para mim algo invejável
desejo a mim tal sorte...

Mais pêlo menos pêlo
somos tão parecidos
aposto que após escorridos
estes líquidos, águas, gorduras
ficarão no ralo alguns
dirão os mais comuns:
banhou-se aqui um macaco
das Honduras!

Olhas-me
como se minha fosse a culpa
eu nem olho, dá-me nojo
quase tanto como tu
acho-te horrível
templo-mor ao que é sofrível
como
um
anão
...
todo nú!

terça-feira, dezembro 27, 2005

Ad Caesar quid est Caesar

A União Europeia, o Grande Erro subscrito pelas duas aventesmas que agora se candidatam à Presidência da República (o que me faz lembrar a rábula do gajo que viola, é detido e, quando solto, volta a violar a mesma vítima), autorizou, voluntariosa como sempre (ou de pernas abertas de par em par, se preferirem), os produtores da Califórnia a usarem as denominações Vinho do Porto Tawny, Ruby e Vintage.
Pois bem, o meu desejo, assim como o de quem considere minimamente vergonhoso para um país não já pouco vexado ver um gajo de chapéu de cow-boy e camisa às quadrículas agarrado a um cacho de uvas Touriga Nacional como se de um cão-quente, uma chave de Ford Mustang de 67 ou um míssil Tomahawk se tratasse, é que haja uma Puta de Bragança made in Kabul que enfie uma Alheira de Mirandela made in Bangladesh ou trinta Bananas da Madeira made in Equador pela peida acima de todos os membros dessa comissão que autorizou tal barbaridade, de preferência sem lubrificação prévia com Mel do Gerês made in Nepal!!!

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Charles Dick's "A Christmas Carol"

Escruge da Silva estava desempregado. Os nordestinos e paulistas faziam o mesmo por menos dinheiro e os ucras limpavam a merda destes últimos por menos ainda. Ignorando todos os conselhos dos sangomas lá da cubata, em pleno planalto do Huambo, há muitos anos atrás: "olha qu'isto vai melhorá, uis branco vai desminá uis campo e dépois vai fazê turismo", veio para Portugal, a África da Europa mas com mais listas de espera, desemprego, pobreza, miséria e desrespeito pelos mais velhos mas menos clítoris excisados, florestas, bondade e paixão pela vida!
Este Natal, Escruge esperou pelos espíritos do Passado, Presente e Futuro, sem sucesso! Nada! Fez, então, o que qualquer pai de três filhos faria: Na Rua do Arsenal roubou um belo exemplar Asa Branca. Escalado e salgado ainda a mexer as guelras. Seco ao sol de Ílhavo! A consoada estava arranjada!
Faltava só aquele casaco "à bléc hái-de pís!" que a miúda mais nova (Zuleica) lhe pedira ! Lá foi, e alçou do revólver em pleno shópin-mól para apontá-lo à empregada da Merdska. Esta atirou as mãos para o ar suplicando para que da Silva não levasse avante os seus intentos. A argumentação era óbvia, tratando-se de Portugal: "Não, não faça isso, o patrão nem vai chamar a polícia, vai logo despedir-me e descontar-me o artigo do ordenado e eu não vou ter como arranjar outro emprego que pague mais que os €400 mensais e o meu marido foi despedido da Autoeuropa e mánâseiquê"! Escruge da Silva fez o que qualquer macho faria: "Então vamu ali ao vestiário"! E Alice mamou, até ao fim, feliz por saber que poderia continuar a dar comida à família neste País das Maravilhas!

O dEUS das Ofertas das Pequenas Coisas

Este ano, o dEUS das Ofertas das Pequenas Coisas foi generoso. Assumiu a forma de quem me conhece há MUITOS anos e, logo, se lembra das horas e horas ao som de Come On Feel The Lemonheads. Poucas memórias foram tão deliciosas! Às 23:45 abri um modesto embrulho em papel pardo e vejo o Evan Dando a olhar para mim! Quem Tão Bem Me Conhece decidiu nem o retirar da velhinha caixa. Não teria sido a mesma coisa!

"If I was in the fridge would you open the door
If I was the grass would you mow your lawn
If I was your body would you still wear clothes
If I was a booger would you blow your nose

where would you keep it
would you eat it
I'm just trying to give myself a reason
for being around

If I was a front porch swing would you let me hang
If I was a dance floor would you shake your thang
If I was a rubber check would you let me bounce
up and down inside your bank account

would you trust me not to break you
I'm just tryin' really hard to make you
notice me being around

If I was a haircut would you wear a hat
If I was a maid could I clean your flat
If I was the carpet would you wipe your feet
in time to save me from mud off the street

If you liked me, If you loved me
would you get down on your knees and scrub me
I'm a little grubby
from just being around"!

sexta-feira, dezembro 16, 2005

[]

I wish I had an evil twin
running ’round doing people in
I wish I had a very bad
and evil twin to do my will
to cull and conquer, cut and kill
just like I would
if I weren’t good
and if I knew where to begin

down and down we go
how low no one would know
sometimes the good life wears thin
I wish I had an evil twin

my evil twin would lie and steal
and he would stink of sex appeal
all wemen would writhe
beneath his scythe
he’d send the pretty ones to me
and they would think that I was he
I’d hurt them and I’d go scot free

I’d get no blame and feel no shame
’cause evil’s not my cup of tea

down and down we go
how low one would not need to know
all my life there should have been
an evil twin

terça-feira, dezembro 13, 2005

Telma e Luisa

Se fizesse um "road movie"
por esse todo meu país
não seria nem menos
nem porém mais feliz
que qualquer outro
filmando um louco
de Memphis a New Orleans!

Blergh

Temo ficar azedo
com este passar dos anos
Pensar, agir, agir sem pensar
fazer tantos, tantos planos
tudo isto deixa marcas
pequenas, das farpas
rasgões de chibata
ou profundas, das facas

Tornar-me agora
no que sempre temi
amargo, velho como a Tora
o Pentateuco, a Septuaginta
se ao menos corresse a tinta
que tingisse o que já vi
feios
porcos
maus humanos
imundos
fecais
infecundos
Não os quero!
Exijo para mim um planeta que sorri!

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Pre-Conceito e Novo-Riquismo!

Porque fui obrigado a andar com a Constituição durante quase toda a licenciatura, abomino-a! É mais ou menos aquilo que se passa com cerca de 90% dos desgraçados que tiveram de ler Os Maias. Não me identifico com o meu Estado e, para ser franco, abomino-o! Não acredito numa Democracia não-totalitária e penso até que é uma forma pior de ditadura, já que se vale da estupidificação das massas e, logo, castra qualquer possibilidade de dissidiar! Mas sei que o Artigo 41º (Liberdade de consciência, de religião e de culto) diz, na alínea 4: "As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto". É este o artigo que fala do laicismo e não o 13º (Princípio de Igualdade). Mas já que anda tudo a ir por aí, 'bora: "ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual". Já que anda tudo a dormir, bastando abrir um dicionário para ficar a saber que laico significa que o Estado é INDEPENDENTE da Igreja e, logo, de QUALQUER confissão religiosa, disparo de seguida toda a minha demagogia, que não será maior que a dos pais que "se sentem mal" pela presença de um crucifixo na sala de aula do rebento, ou sequer da de um partido político que, encontrando-se Portugal neste estado, lança o repto para discussão na Assembleia!
1. Acabam-se, a partir de agora, TODOS os feriados religiosos nacionais. Ao não serem considerados o Ramadão, o Nacimento de Maomé, o Yom Kypur e o Durgha Buja dias feriados, não há cá Natal, Ascensão do Senhor, Dia de Todos os Santos ou Páscoa para NINGUÉM!
2. Acabaram-se os diagramas com os aparelhos reprodutores feminino e masculino nas salas de aula! Pode ferir a orientação sexual de alguns que é, conforme a Constituição, livre!
3. Acabaram-se os toques dos sinos! Só servem para dar horas para quem não sabe que servem, realmente, para chamar para a oração! E assim perdemos metade da poesia das nossas cidades, como o é o canto do Nuésin (Almuáden) na inigualável Istambul, cinco vezes por dia!

Aliás, é curioso que na Turquia o Estado também seja laico! Mas do topo dos minaretes chamam-se os fiéis! E só ora a Alá quem quer! Porquê? Porque num país onde a tortura é comum e os crimes contra a humanidade (curdos e armemos) passam impunes, dá-se, ainda, primazia ao POVO! E a maioria é, obviamente, muçulmana!

Em Portugal, doa a quem doer, a maioria é católica apostólica romana. Para mal dos nossos pecados ou não! E a Constituição consagra (já que ultimamente tanto se lhe refere) que o POVO É SUPREMO! E mesmo que não fosse, ninguém tem o direito de IMPOR O SEU AGNOSTICISMO ou ATEÍSMO A NINGUÉM!

Que a BURGUESIA URBANA se choque com os crucifixos eu até compreendo! Mas não percebo como é que a carneirada já se esqueceu que o princípio primeiro do regime salazarista era precisamente esse: Não chocar a Burguesia Urbana!


Desconforto!

Já foi ligeiro, agora amplia-se. Envolve-me naquela película aderente que costuma tapar a taça de esmalte com o doce de tomate da mamã e asfixia-me! Não tenho paciência para os humanos. As conversas, os assuntos, as caras, os mundinhos de cada um, as alegrias e as chatices, os problemitas, os problemões, as comprinhas de Natal. Vêm aí as salas de estar cheias de hipocrisia até ao gargalo, os sorrisos fingidos ao receber o par de peúgas com raquetas, as fruteiras da Marinha Grande, os castiçais da Natura. Estou farto! Sinto-me claustrofóbico em todo o lado, primeiro uma ligeira bronquite, depois o ataque de asma, depois pior ainda, não consigo respirar, pá! Que Espécie de merda, esta!
Mas agora estou melhor! Porque sei porquê! Porque depois de um fim de semana todo na praia, cheguei a casa e abri ao acaso um Aldous Huxley que lera pela última vez aos 18, cheio de pó, e deparei-me com isto:
"For the born traveler, traveling is a besetting vice. Like other vices, it is imperious, demanding of its victim's time, money, and the sacrifice of comfort."

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Quid Pro Quo, Clarice!

Há tanto tempo que desejo
saber com precisão não pouca
Na língua tenho esse ensejo
ao que sabe a tua boca

Laranjas, será?
Na... muito ácido!
é mais aquele plácido
acordar de sol nas faces

Mar, que embora salgado
tem na sua imensidão
mais que a vida toda
toda a vida que é ter-te ao lado

mel, provavelmente
não fora merda de insecto
sei contudo que o correcto
é ser doce, mas pouco,
certamente

Algodão-doce, já sei!
música de feira
esse turbilhão nos sentidos
que depois de dias volvidos
volta sem haver maneira
de o esquecer, nunca, jamais!

Como amo quando nos amamos
como verdadeiros animais!

terça-feira, dezembro 06, 2005

Privilegiado, sim!

No passado Domingo, dia 4, vi dEUS pela 5ª vez.

Não é para todos!



Uma pinturazita do Rudy Trouvé, que está para os dEUS como o Roger Waters para os Pink Floyd ou o Johnny Marr para os Smiths!

segunda-feira, dezembro 05, 2005

A Vala

Não vale a pena tentar explicar aos humanos o que era a Sobreda de Caparica quando os meus pais, corajosamente, se mudaram para ali. A estrada que ia de Vale de Figueira até ao Lazarim, passando pela fábrica que montava os ZX Spectrum, Sinclair 2048k e relógios Timex, cujos teclados roubávamos para instalar por dentro de caixas de cartão de Nestum, transformando-as assim em pequenas Galácticas, tinha, de um lado, um extenso olival (com dois castanheiros e uma amoreira) onde conviviam poupas, pegas rabudas, sardões e algumas centenas de ovelhas do Ti João, que acabou morto ao lado de um poço por ter um coração avesso a devaneios amorosos com a sobrinha. Do outro lado, por trás da casa da minha amiga Simone, que a vida haveria de relançar para a minha própria (o que me faz pensar como é justo este mundo), uma floresta de pinheiro manso dava-nos sombra de Verão e muitos trilhos de bicicleta, coelhos, ouriços cacheiros, melros e casas nas árvores. O trajecto para a escola fazia-se ao longo de uma vala de escoamento de chuvas onde, um dia, se cruzou connosco uma cobra-rateira. Ao invés do habitual comportamento arisco, ergueu-se e silvou. Chamei o Samuel que ia na estrada mais a mãe. Vieram os dois. Quando olhei para a minha frente, qual cobra? A mãezinha do Samuel, cabecilha da das Testemunhas de Geová lá da zona, olhou para mim e disse-me do alto da sua cabeça mui portuguezucha: "Posso ter lenço, mas a mim não me enfias o barrete". Devia ter uns dez aninhos, mas desde esse dia que não passo o mínimo cartuxo a quem se acha dono da razão. Para cúmulo, rio-me tão silenciosa como intensamente, não dando sequer direito de resposta! E é quando alguém sentir que esta medida lhe está a ser aplicada que pode ter a certeza que está a cometer um erro!

sexta-feira, dezembro 02, 2005

The Star

Conheço bem o trabalho da Sr.ª D.ª Madonna e gosto muito de a ver na televisão.
Voltei a vê-la num destes dias e acho que está magra. Era bem mais gira quando passava férias lá no parque de campismo piedense na Costa da Caparica. Lembro-me como se fosse ontem, eu no terceiro andar da Torre das Argolas, ela a comprar um maço de Ritz na papelaria do rés-do-chão. "Helóu, Madonna, do you want to give a mérgúlhe"?, perguntava eu, sorridente, e ela acenava com entusiasmo, porque sabia bem que de caminho passávamos no Saltarico para comer uns torresmitos, e se ela gostava daquelas sandoxas! O Sr. Manel, o gordo que fazia a sangria, também gostava muito dela mas como artista, porque "se fosse pra comê-la antes preferia a Tonicha". Eu achava que a Tonicha tinha mais buço que a Madonna, até porque esta me dizia que estava habituada a ser depilada lá em Lozângeles e nem que a vaca tussisse que lhe faziam as virilhas no Salão Lela, no Centro Comercial Pescador! O resultado era óbvio: em plena Praia da Saúde, o bikini era insuficiente para cobrir tal talega de caracóis hirsutos que lhe saíam para fora e avolumavam a coisa por forma a deixar-me na dúvida em pôr ali a mão e apanhar mais que apenas uma hipertrofia no clítoris... "Vai uma bolinha de berlim?", perguntava-lhe eu, mas ela preferia sempre as batatinhas Titi. Havia certos exotismos aos olhos da Dona Madonna que eu não entendia. O Zé da Bola, por exemplo, que corria os pontões a dar toques, era uma visão do outro mundo para ela. Olhava fascinada a forma como aquelas pernas arqueavam: "Give it, Zé", a forma que os americanos têm de dizer "Dá-lhe, ó Zé!", e eu: "Come a farturinha, amor", mas ela gostava mesmo era quando eu, ao pôr-do-sol em frente ao Barbas, o cheiro a caldeirada no ar, tirava da geleira o "térmos" com arrozinho de coelho e chupava a cabecinha e os olhinhos com estertor!
Fim!