quarta-feira, agosto 03, 2005

Binde debagar de Paris da Francha

Agosto! Chegaram as matrículas amarelas! "Jean-Piérre, anda cá, víte"! Gajas mal vestidas com mania que são irresistíveis, pesem embora os hábitos de higiene adquiridos por lá, ou seja, parcos! Adolescentes com fatos de treino à hip-hopper, de buço franzido pelo beicinho que fazem por ter de aturar a inevitável observação dos familiares: "Tão graaaaande... e tão maaaagro... come aqui uns torresmos e um toicinho"! Tunnings, aillerons, spoilers traseiros, o último sucesso do Toni Carreira distribuído pelas 8 colunas do Celica do Imprenza, do Golf!
Queria emigrar! A razão é simples: No tempo do Magro da Penca, emigrava-se porque "uma sardinha tinha de dar para cinco". No entanto, o meu pai, o grande Zé Dias Que Nunca Emigrou, deu-me uma licenciatura na privada, uma carta de condução, a entrada para um apartamento e um casamento. A minha irmã vai pelo mesmo caminho! E quem não conviver com a hipocrisia convirá que não se auspicia o mesmo para os nossos filhos. Neste Estado que herdámos, não há lugar ao futuro!
Há, contudo, vergonhas piores que morrer de fome!
Senão, topem esta pérola:

"Imigrante vem devagar por favor,
temos muito tempo para lá chegar
e depois, lá diz o velho ditado:
Mais vale um minuto na vida,
do que a vida num minuto."

Passou-se no mês de Agosto,
este drama tão cruel
de um imigrante infeliz
Foi tanta a pouca sorte,
na estrada encontrou a morte
quando vinha ao seu país
Do trabalho veio a casa,
preparou a sua mala
e partia da Alemanha
Mas seu destino afinal
acabou por ser fatal
numa estrada em Espanha
Dizem aqueles que viram
que ele ia tão apressado
a grande velocidade
Foi o sono que lhe deu
o controlo ele perdeu
desse carro de maldade

Foi o sono que lhe deu
o controlo ele perdeu
desse carro de maldade

Trazia na sua mente
ir ver o seu pai doente
que estava no hospital
Na ideia um só pensar
o seu paizinho beijar
ao chegar a Portugal
Mas tudo foi de repente
partiu de Benavente
o drama aconteceu
Ele vinha tão cansado
de tanto já ter rolado
e então adormeceu
Nada podendo fazer
num camião foi bater
e deu-se o choque frontal
Seu carro se esmagou
e desfeito ele ficou
num acidente mortal

Seu carro se esmagou
e desfeito ele ficou
num acidente mortal

Ele não vinha sozinho
trazia também consigo
sua mulher e filhinho
Sem dar conta de nada
e naquela madrugada
morrem os três no caminho
Quando a notícia chegou
no hospital alguém contou
o desastre que aconteceu
Seu pai que tanto sofria
nunca mais o filho via
fechou os olhos morreu
Imigrantes oiçam bem
não vale a pena correr
porque pode ser fatal
Venham todos devagar
há tempo para cá chegar
e abraçar Portugal

Venham todos devagar
há tempo para cá chegar
e abraçar Portugal

Graciano Saga - Vem Devagar Imigrante

9 comentários:

Anónimo disse...

Um grande bem haja por me fazeres recordar este grande sucesso da música portuguesa... Fica ainda uma sugestão: Meu querido mês de agosto, por ti levo o ano inteiro a chorar... OU então em homenagem à nossa Simone: Quando chega o verão que linda é a noiva.
Até dia seis meu grande querido...

El Mariachi disse...

Olllláááááááááá........

Seja bemvinda ao meu humilde muro das lamentações!!!

Vai passando por aí!

xostrinha disse...

Cala essa senhora senão cais no disparate de teres aqui uma reedição escrita do saudoso made in Portugal. como defecável Carlos Ribeiro.

Zorze Zorzinelis disse...

LOL, foda-se Dias, foda-se Dias, foda-se Dias; qualquer dia ainda colocas aqui uma letra do António Sala! E isso, meu amigo, levaria o teu blog à falência!!!

C@B disse...

Felizmente nao alucino com matriculas amarelas... para mim tem outro significado, nao de emigrantes, mas de residentes - a Holanda usa-as tb...

paulo disse...

féte átanssion!!!
ah, que belas memórias me assaltaram depois de ter lido esta posta! apercebi-me do quanto gosto dos outros 11 meses do ano em que não tenho que aturar os familiares de 4º ou 5º grau que vêm de França...

vêm aí os Fangios...

zez disse...

Já que o Zorze falou em letras do grande António Sala (o grande companheiro da "Osga" Cardoso), ora aqui vai: "onde estão os meus velhos amigos" ou então aquela versão do "Parabéns a Você" que nem com ajuda profissional consigo tirar da minha cabeça. Deixo aqui um conselho para quem não já não pode com o mês de Agosto por causa dos emigrantes: aproveitem para viajar para "Paris de França", Luxemburgo, Suiça, Canadá... o nível de mullheres com buço nestes destinos baixa drasticamente nesta altura do ano...

xostrinha disse...

sou louco por emigras de buço aparado junto dos lábios bem pronunciados, rosadinhos e deliciosamente salgados... mnham mnham.

El Mariachi disse...

mmmhhhhhhhhhhhh...

...rosadinhos e salgados......

.....mmmmmmmmmhhhhhhhhhhhhh!