quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Esta coisa da internet, ainda que tenha sido um advento, também nos roubou...

...poesia, por exemplo!

Há uma certa poesia em esquecermo-nos, por exemplo, da letra de uma canção que nos marcou em tempos.

Saber, por isso, que eles, os tempos, já não voltam!

E não fazer grande esforço pelo contrário.

3 comentários:

Master Of The Wind disse...

A poesia estará sempre onde tu quiseres, Diaz. As palavras vivem à nossa volta com ou sem internet.

Na nossa mente, boca ou papel. No tempo, nos gestos... será sempre a tua memória que dará vida à poesia dos tempos e não os tempos que lembrarão a poesia da vida.

rosa disse...

Sobre um Poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.

Herberto Helder



(tungas: copy-paste)

(tungas2: fantástico poeta)

(tungas3: a arte é de todos)

(tungas4: a net é quase para todos)

(tungas5: whatever...)

El Mariachi disse...

aaaahhhhhhh, o herbertinho..........

.... agora fizeste-se-me luz. É ir a uma prateleira lá em casa e, numa hora, ter todo um melhor fim-de-semana à minha inteira disposição.