E, em Portugal, quando está quente, muito quente, as gentes ficam parvas. Ou patetas. Ou assim qualquer coisa a meio caminho entre o ofensivo e o fofucho...
Não consegui que NINGUÉM me acompanhasse ao concerto de Sigur Rós no CCB.
E ainda fiquei a sentir-me mal, porque ia enfiar-me no ar-condicionado de uma sala em vez de beber uma jolinha fresca no Adamastor ou na Graça, onde as jolinhas frescas sabem melhor em fins-de-tarde quentes, muito quentes.
Alguns anos mais tarde, aconteceu o que era, desde então, mais que certo.
Os Sigur Rós são um fenómeno.
E não há dia quente, muito quente, nem jolinhas frescas no Adamastor ou na Graça que consigam desencorajar quem já tenha um bilhete na mão.
Mas é com alguma tristeza que penso, porque nem há palavras que o consigam descrever, que foram poucos, muito poucos, os que viram aqueles putos de 21 anos a apresentar o primeiro álbum a um país que, afinal, os recebeu de braços abertos, ainda que apenas algum tempo depois.
Porque, nesse tempo, ver um concerto dos Sigur Rós era como tê-los na nossa própria cozinha, tocando ao mesmo tempo que nos esforçávamos (em 2001 não havia a Bimby) por fazer um Bacalhau conventual do qual nunca mais se esquecessem, assim como eu nunca esqueci aqueles arrepios de frio naquela noite quente, muito quente.
Daquele planar acima de todos os outros que, nos dias seguintes, fez o meu estar.
Uma forma quente, muito quente, de ver o mundo.
Eles levaram, também, algumas impressões.
Celebrou-se, no passado dia 12 de Junho, uma década sobre o lançamento do tal primeiro disco. E não foi sem uma gigantesca piscadela de olho a quem os viu daquela maneira, as mesmas projeccções de imagem no palco, o mesmo som, eco incluído, o mesmo intimismo, que os mEçoilos disponibilizaram, agora, uma filmagem do lançamento de ágætis byrjun na cidade que os viu parir, Reykjavík.
Encham de ar o peito e cliquem aqui e aqui...
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