segunda-feira, agosto 02, 2010

Creative Suite Presidencial

Cada um faz com a Viagem aquilo que bem entender. Normalmente faz, com as fotos que daí resultaram, apresentações manhosas de Power Point que impingem, com um ar triunfal, aos colegas da repartição e aos convidados para um jantar lá em casa que se espalham, pelo Chateau D'Ax em pele azul, com cara de enfado, depois de um jantar que meteu bacalhau com natas da Bimby e três garrafas de Chaminé porque diz qué bom.
Estou longe de ser um Gonçalo Cadilhe. Que, algures na sua já vasta obra literária, largou um infeliz Os portugueses não sabem viajar. Acho que tinha a ver com o facto de irem em rebanho excursionista, de charter, para destinos sobrelotados e não, como ele, por barco ou à boleia por esse mundo fora. O pedantismo tem, por vezes, destas coisas. A sorte de se ter Cadilhe por apelido concede a alguns a hipótese de correr meio mundo, com todo o tempo deste e do outro, ao serviço do jornal Expresso ou não, e olhar, com o desdém próprio de quem está cheio de si, para quem não pode viajar de outra maneira que não pela mais óbvia. Depois, vem o charlatanismo devidamente publicado e que omite ser possível, afinal, retirar de uma viagem humilde tantos ou mais ensinamentos que das outras. Tudo depende do desprendimento do autor. Esse desapego de tudo o que sabemos como condição essencial para aprender mais. Afastar dos ombros o preconceito, que não é mais que um conceito predefinido, para nunca acabar num pós-conceito. Ver, sentir, beber e, se assim tiver de ser, vomitar depois... Pura Arte. Criar, portanto. Criar algo com algo que vimos mas continuamos a desconhecer. Que continua a ser longínquo dos nossos alicerces antropológicos e sociais. Mas que passámos a amar. Sem sequer saber muito bem porquê.





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