Ah e tal e mánãsêquê e a rádio não passa música nossa e a que ouvimos é Johnny Peter Parents e bostas afins cobertas de moscas de reflexos verdes! Diga-se de passagem que o que ocorre em Espanha não é exemplo, mais as ketchup e o venao e os Diegos el Cigalas com os seus litros de óleo Fula no cabelo e voz de quem está sentado na sanita depois de uma noite de Bahjis, Masalas, Xacutis, Kormas e Bebinkas de sobremesa! O Brasil, sim, é um exemplo para o mundo! Quando os autores e intérpretes de Música Popular Brasileira (MPB) se viram ameaçados pela invasão anglo-saxónica, fundaram o movimento Tropicália, que surtiu o efeito desejado. Hoje em dia, continua a haver MPB da boa, do melhor que se faz no mundo (exceptuando os infelizmente ainda não fuzilados Netinho, Simone, Daniela Mercurocromo e aqueles rambórios nordestinos que, como qualquer praga, andam sempre aos pares), mas mesmo assim as grandes pérolas estão no passado, no tempo em que os grandes sambas e cançonetas eram interpretadas pela malta lá do bairro e não por uma gaja com um bruta par de pernas e cocaína até à medula óssea! Identifico uma em especial, espelhando a concepção de que "para bom entendedor, meia..."
(risos e, logo a seguir, uma pronúncia de favela carioca, bem ao estilo do Malandro na Ópera do Buarque)
"Vamos voltar à pilantragem
'eixa comigo... uma musiquinha pra machucar uns corações!
Nem vem que não tem
nem vem de garfo que hoje é dia de sopa
esquenta o ferro, passa a minha roupa
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Nem vem que não tem
Nem vem de escada que o incêndio é no porão
tira o tamanco, põe esse treco no chão
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Nem vem
numa casa de caboclo
já disseram um é pouco
dois é bom
três é demais
Nem vem
guarda seu lugar na fila
todo o homem que vacila
a mulher passa pra trás!"
quarta-feira, outubro 26, 2005
terça-feira, outubro 25, 2005
Som
Música para os meus ouvidos
Dias cinzentos
Maliciosos atentos
Gente infeliz
Fanfarrões, falsos portentos
Fazer o que o outro diz
Quero lá saber
se tenho de o fazer
Arrependimento atrás da porta
Em poucos anos vou morrer
Mas nada mais importa
se eu tiver
Música para os meus ouvidos!
Dias cinzentos
Maliciosos atentos
Gente infeliz
Fanfarrões, falsos portentos
Fazer o que o outro diz
Quero lá saber
se tenho de o fazer
Arrependimento atrás da porta
Em poucos anos vou morrer
Mas nada mais importa
se eu tiver
Música para os meus ouvidos!
O amigo Rufus...
...larga algures no Want One o seguinte:
"I'll never know
what you show
to other eyes
go
or go ahead
and surprise me..."
Faço das dele as minhas e há quem, para gáudio meu, aceite o desafio...
Haja o outro lá de cima!
"I'll never know
what you show
to other eyes
go
or go ahead
and surprise me..."
Faço das dele as minhas e há quem, para gáudio meu, aceite o desafio...
Haja o outro lá de cima!
segunda-feira, outubro 24, 2005
sexta-feira, outubro 21, 2005
Um dia
Uma idosa cede lugar à prenhe
Uma gorda atraente... e porque não?
Um chinoca lê o jornal, que estranho
Um puto bezunta atira o papel ao chão
Um louco caminha sobre o traço amarelo
Passa um cão com doença no pêlo
Abandonado? Talvez...
Amanhã estará aqui outra vez
Tanto óleo no cabelo, aquele
Ao lado, a do brilho na pele
ainda que o céu de chumbo, sol ausente
roube a cor a toda a gente
Aquela de saco na mão
levará talvez a merenda
E aquele, com o embrulho pardo
para quem será a prenda?
Tantas vidas se cruzam
de manhã, alegrias tão raras
não o são corpos lindos, belas caras
decotes em camisas que já não se usam
Uns fumam, outros acham mal
coisa outrora tão banal
O ar é de todos, bem sabemos
De olhos no chão pouco vemos
neste andar aqui insulso, mau de sal!
Todos queremos qualquer coisinha
vida tua, vida minha
normalidade a quanto obrigas
Nascer, comer, dormir
acordar, descender, ascender
Trabalhar, correr, parir,
Cuidar, enfim, morrer!
Uma gorda atraente... e porque não?
Um chinoca lê o jornal, que estranho
Um puto bezunta atira o papel ao chão
Um louco caminha sobre o traço amarelo
Passa um cão com doença no pêlo
Abandonado? Talvez...
Amanhã estará aqui outra vez
Tanto óleo no cabelo, aquele
Ao lado, a do brilho na pele
ainda que o céu de chumbo, sol ausente
roube a cor a toda a gente
Aquela de saco na mão
levará talvez a merenda
E aquele, com o embrulho pardo
para quem será a prenda?
Tantas vidas se cruzam
de manhã, alegrias tão raras
não o são corpos lindos, belas caras
decotes em camisas que já não se usam
Uns fumam, outros acham mal
coisa outrora tão banal
O ar é de todos, bem sabemos
De olhos no chão pouco vemos
neste andar aqui insulso, mau de sal!
Todos queremos qualquer coisinha
vida tua, vida minha
normalidade a quanto obrigas
Nascer, comer, dormir
acordar, descender, ascender
Trabalhar, correr, parir,
Cuidar, enfim, morrer!
quarta-feira, outubro 19, 2005
Oscar Tobias J&B Adolfo Diaz
Sinto falta do meu cão!
Nome? Oscar, como tantos
Ladra
corre
salta
rosna
ou não...
...faz nada disto e fala
gemendo de orelhas para trás
com a certeza que eu entendo
como sempre fui capaz
Quando me vê, mais nada importa
comer, cadelas, bolas ou mais ninguém
Senta-se junto à porta
a vista um pouco torta
estrabismo ligeiro
que, a como um filho,
nem noto
não fora nos olhos o brilho
de quem diz: "estou velho"
e um dia destes
morto!
Nome? Oscar, como tantos
Ladra
corre
salta
rosna
ou não...
...faz nada disto e fala
gemendo de orelhas para trás
com a certeza que eu entendo
como sempre fui capaz
Quando me vê, mais nada importa
comer, cadelas, bolas ou mais ninguém
Senta-se junto à porta
a vista um pouco torta
estrabismo ligeiro
que, a como um filho,
nem noto
não fora nos olhos o brilho
de quem diz: "estou velho"
e um dia destes
morto!
segunda-feira, outubro 17, 2005
Retorno
Toco-te
e tudo é
É-o como eu próprio passei a ser
mais que ontem, que amanhã, talvez
ser-se maior que alguma vez
A forma como o teu cabelo
se intromete nas nossas bocas
O passar das horas nossas
quantas mais, contudo poucas
O arranhar dos teus brincos na minha cara
A forma como o teu coração dispara
O suspiro no meu pescoço
Teu ventre sedoso
Os olhos dessa cor, mesmo quando chove
Este entusiasmo que me move
Se não é aquilo, é o quê?
e tudo é
É-o como eu próprio passei a ser
mais que ontem, que amanhã, talvez
ser-se maior que alguma vez
A forma como o teu cabelo
se intromete nas nossas bocas
O passar das horas nossas
quantas mais, contudo poucas
O arranhar dos teus brincos na minha cara
A forma como o teu coração dispara
O suspiro no meu pescoço
Teu ventre sedoso
Os olhos dessa cor, mesmo quando chove
Este entusiasmo que me move
Se não é aquilo, é o quê?
sexta-feira, outubro 07, 2005
Adeus oh vou-me embora!
Olaré...
Mochilita às costas como eu gosto. Nada no porão. Caderninho sem linhas que laptop é coisa de roto. Caneta de aparo que não sofre com a pressurização da cabine. Menos sozinho que o costume. Pouca roupita, que no destino logo se topa, pelos transeuntes, o ideal para o clima, geralmente disponível sobre lonas à beira de ruas principais. 32º em Pokhara, hoje! amanhã 28º em Kathmandu. Humidade: 0%, o que permite ver, de Boudha, a pouquitos quilómetros da Freak Street, onde vou ficar, os Himalaias.
Imagino a costumeira - e apaixonante - confusão asiática: ruas a transbordar de gente, a buzina por dá cá aquela palha, o riquexó com e sem motor, o cocktail de odores de caril, insenso, gasolina com mistura a 2% dos motores Piaggio e Bajaj e flores de frangipani. O grito do nuezzin a chamar para a oração (almuáden em português), o gongo do templo budista e dezenas de pessoas a correr para receberem no cucuruto, em plena Durbar Square, a água-purificadora. Sadús de cara pintada sentados no chão, fumando do chilom mais do que comem pelo prato. Lentilhas com arroz ou dahl baht, que é o mesmo. Carne seca de iáque. Bolinhos de haxe, bolinhas de ópio, copitos de aguardente de arroz bhasmati. Música de vozes femininas mais estridentes que a própria cítara. Observar a mancha escura do ocaso que demora uma hora até cobrir por completo o Everest.
Mochilita às costas como eu gosto. Nada no porão. Caderninho sem linhas que laptop é coisa de roto. Caneta de aparo que não sofre com a pressurização da cabine. Menos sozinho que o costume. Pouca roupita, que no destino logo se topa, pelos transeuntes, o ideal para o clima, geralmente disponível sobre lonas à beira de ruas principais. 32º em Pokhara, hoje! amanhã 28º em Kathmandu. Humidade: 0%, o que permite ver, de Boudha, a pouquitos quilómetros da Freak Street, onde vou ficar, os Himalaias.
Imagino a costumeira - e apaixonante - confusão asiática: ruas a transbordar de gente, a buzina por dá cá aquela palha, o riquexó com e sem motor, o cocktail de odores de caril, insenso, gasolina com mistura a 2% dos motores Piaggio e Bajaj e flores de frangipani. O grito do nuezzin a chamar para a oração (almuáden em português), o gongo do templo budista e dezenas de pessoas a correr para receberem no cucuruto, em plena Durbar Square, a água-purificadora. Sadús de cara pintada sentados no chão, fumando do chilom mais do que comem pelo prato. Lentilhas com arroz ou dahl baht, que é o mesmo. Carne seca de iáque. Bolinhos de haxe, bolinhas de ópio, copitos de aguardente de arroz bhasmati. Música de vozes femininas mais estridentes que a própria cítara. Observar a mancha escura do ocaso que demora uma hora até cobrir por completo o Everest.
quinta-feira, outubro 06, 2005
É clips
Quando o Eça decidiu fazer escorrer do aparo umas quantas linhas sobre isso (já lá vamos), talvez ele próprio estivesse consciente do lugar-comum. Todos sabemos que o campo e a cidade divergem. O que ninguém conclui, principalmente quando um conjunto de prédios e poucos espaços verdes equivalem a mais oportunidades, emprego e, logo, um pouco mais de dinheiro, é que a cidade EMBRUTECE! E não estou a falar só do espelho de imbecilidade que é a afirmação "O campo é bom porque o ar e a comida são melhores".
Ser um bicho da cidade é ignorar a própria ignorância! Até certo ponto, é compreensível. O progresso, que deixou de nos servir vai para 20 anos, criou a ilusão de que a cidade oferece tudo o que precisamos. Falso. Os centros urbanos roubam-nos aquilo que temos de melhor. Em relação à sensibilidade, o que nos superioriza dos outros animais, o urbano é um CEPO e, como animal racional, está para o homem do campo como um caniche está para um rafeiro... Este último é capaz, em tempos de adversidade, de virar um contentor do lixo para comer. O caniche morrerá à fome!
O exemplo do eclipse: alienadíssimo do seu papel no ordenamento do Cosmos, o Homem da cidade ignorou-o ou, pior, observou-o pensando que teve a noção do que se passou. Até pode ter percebido que, enfim, a Lua passou entre o Sol e a Terra, uau, tenho a informar-te que o teu filho sabe-o graças à instrução primária! Bragança, aí sim, deu-se um eclipse! A temperatura passou dos 24 aos 6º, as vacas recolheram aos estábulos, os pássaros recolheram às árvores, o silêncio invadiu tudo ao mesmo tempo que um manto preto envolveu todos! Ali, os homens tiveram a noção de que fazem parte de um todo e cada um tem um papel a desempenhar. Na cidade, todos continuaram a pensar que a vida é isto! Isto o quê?
Ser um bicho da cidade é ignorar a própria ignorância! Até certo ponto, é compreensível. O progresso, que deixou de nos servir vai para 20 anos, criou a ilusão de que a cidade oferece tudo o que precisamos. Falso. Os centros urbanos roubam-nos aquilo que temos de melhor. Em relação à sensibilidade, o que nos superioriza dos outros animais, o urbano é um CEPO e, como animal racional, está para o homem do campo como um caniche está para um rafeiro... Este último é capaz, em tempos de adversidade, de virar um contentor do lixo para comer. O caniche morrerá à fome!
O exemplo do eclipse: alienadíssimo do seu papel no ordenamento do Cosmos, o Homem da cidade ignorou-o ou, pior, observou-o pensando que teve a noção do que se passou. Até pode ter percebido que, enfim, a Lua passou entre o Sol e a Terra, uau, tenho a informar-te que o teu filho sabe-o graças à instrução primária! Bragança, aí sim, deu-se um eclipse! A temperatura passou dos 24 aos 6º, as vacas recolheram aos estábulos, os pássaros recolheram às árvores, o silêncio invadiu tudo ao mesmo tempo que um manto preto envolveu todos! Ali, os homens tiveram a noção de que fazem parte de um todo e cada um tem um papel a desempenhar. Na cidade, todos continuaram a pensar que a vida é isto! Isto o quê?
segunda-feira, outubro 03, 2005
Tempo
Três semanas...
...são uma vida!
lugar-comum
como outro
algum
que não mais que isso seja
mas dê-me ao menos
algo que se sinta, veja
Se não te posso ter a pulsar
junto de mim...
...são uma vida!
lugar-comum
como outro
algum
que não mais que isso seja
mas dê-me ao menos
algo que se sinta, veja
Se não te posso ter a pulsar
junto de mim...
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