quarta-feira, setembro 07, 2011

FaTso & tHe biTch


Vital era baixo. Atarracado é a palavra. Pequeno. E largo. Gordo. Mas bonito. Tão bonito que as feições, delicadíssimas, faziam com que se parecesse uma mulher. Ideia a que assistia o facto de ter mamas. Uns enormes e voluptuosos seios de massa adiposa. Descaídos, mas seios. De auréolos enormes e escuros. Como as grávidas. O ventre, volumoso, redondo. Um dia, decidiu que não tinha mais nada a perder. Pelo menos, mais do que perdera a vida toda. Que, ao que este pequeno conto interessa, era tudo. Alguém que lhe passasse a mão pelo cabelo, mesmo quando este estava oleoso do terceiro dia sem banho. A oportunidade de ser amado. Um beijo no peito. Mamalhudo, mas com pêlos. Uma carícia na mão. Uma trincadela no lóbulo da orelha. Uma lambidela longa e sincera no minúsculo escroto. A abrigar dois diminutos testículos. É uma questão de escala. Foder. E foi. Bom. Pagou. Se não fosse assim, nunca saberia como era, confessou. De coração aberto. Como os outros fazem ao objecto do amor de uma vida. Que só vem uma vez. Uma só. Ela deitada sobre o seu peito. A desenhar gatafunhos com a ponta do indicador em torno do umbigo saído. Ele com uma madeixa dos seus cabelos no queixo. Uma comichão horrível. Mas devia ser assim com os outros também. Coisas que, não fora o contexto, incomodariam. Ela diz, baixinho E os outros? Quantos jantares, concertos, teatros e sessões de cinema não têm de pagar até chegar a isto? E sem garantias de qualidade. Foi assim que Vital, o Gordo, passou a ser conhecido como Vital, o Gordo Putanheiro. Mas a Altivez foi uma amiga com quem andou, a partir dali, de mãos dadas. E que finos e delicados dedos tinha, a puta!


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