quinta-feira, julho 21, 2011

Short Coetze


Um manto escuro e compacto. Como cinza de vulcão. Não que alguma vez tivesse estado perto de um. Mas imaginava que seria assim. Uma massa de sombra cedendo um pouco da sua treva por onde passa. Densa e impenetrável capa cobrindo tudo, todos, eu, tu, ele, lentamente, nós, vós, eles, mais e mais, imperativo, avança da costa para o interior, implacável, já é noite nas primeiras dunas, inelutável, agora nas hortas. Faz frio só de olhar. Jorge a tudo vê, de cima do monte. Dá mais uma dentada no papo seco onde a mulher enfiara, sem amor, carinho ou consideração, duas ou três fatias de Paio tipo York. Depois exclama Vai chover, ó caralho!


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