terça-feira, outubro 06, 2009

One night in Bangkok...

... and the world's your oyster
The bars are temples but the pearls ain't free
You'll find a god in every golden cloister
And if you're lucky then the god's a she
I can feel an angel sliding up to me


Sukhumvit Road é, como tantas outras na Bangkok longe do Mae (rio) Nam Cha Phraya, uma longa avenida, onde o trânsito é uma enorme locomotiva que ocupa, imóvel, as três faixas de cada sentido, a sinfonia de buzinas, ronco de motores de tuk tuk e chiadeira do skytrain nos carris, dez metros acima, em nada afectam a vida que, nos passeios, decorre sob a lânguida batuta de um calor que, à noite, poucas tréguas dá a estas figuras fantasmagóricas por entre o fumo dos woks. Ainda antes de se tornar Rama I, lá para as Soi 6 e 7 (em Bangkok, há as ruas e as suas perpendiculares, ou Soi, que têm numeração ascendente na direcção do rio), está-se em Nana, alguns degraus evolutivos acima das Soi Patpong 1 e 2, na Silom Road. Porque enquanto Patpong tem a fama, que lhe provém, mormente, dos inúmeros salões de massagem e ping pong show, anunciados numa circense profusão de néones com inscrições do estilo Super Pussy, que retive por razões que, a mim, me parecem óbvias, retire o leitor as conclusões que bem entenda, Nana furta-se a estabelecimentos que, sob o diáfano pano dos espectáculos onde moçoilas projectam bolinhas com a vagina, fumam cigarros Krong Thip com a vulva ou bebem whisky tailandês de sorriso largo e bonito, perguntam, afinal, lá para meio da massagem de duas horas: Would you like a happy ending, sir?, em Nana tudo está à vista. São prédios inteiros onde, em todas as portas de todos os andares podemos entrar e escolher quem há-de passar o resto da noite na nossa companhia. Mulheres, miúdas, gays, lady boys (a designação turística tailandesa para travestis que, garanto, já devem ter enganado muito hetero que, só falta saber, à altura da respectiva apalpação, ou se roeu da má sorte ou, olha, já que estou tão longe e ninguém me vê, antecipo o toque rectal que se avizinha com um pouco mais de exotismo), tudo vale em qualquer porta. Certa noite, este dIAZ que vos fala observou, qual David Attenborough da má vida, um fenómeno, no mínimo, inaudito. De dentro de um tuk tuk imobilizado no interminável e incessante engarrafamento, 2 a.m. (20h em Lisboa), vejo as ruas, os passeios, as vielas, os becos, as passadeiras aéreas encherem-se de mulheres que regressam a casa, um enxame de beleza onde ninguém destoa numa colmeia onde todas são rainhas. Eu, obreiro, decido que é já no dia seguinte que TENHO de ver isto no righteous place. E dou por mim a ser convidado para me sentar What would you like to drink, sir? (Uma Singha, claro, pá!) num sofá em frente a duas... como chamar-lhes... MONTRAS! No interior de cada uma estão cerca de 20 mulheres segurando placas com números. As da montra esquerda são visivelmente menos atraentes que as da direita, todas mais novas. Algumas acenam para a webcam do laptop que apoiam sobre o joelho, num live cam show algo estranho para mim, que estou ali e não no outro lado do mundo. As que não, ora olham para mim, que estou sozinho no bar, ora umas para as outras rindo e segredando algo em Thai que, não menos ali que noutras situações, tenho pena de não dominar. A proprietária (ao que julgo), entrega-me a Singha Beer (diz-se Singh) e explica, num dicurso que invejaria qualquer comercial da TV Cabo ou Citi Bank As da esquerda são 1750 Baht e as da direita 2750 Baht, diferença essa que se justifica pelo facto de haver quem tenha dinheiro para um Ferrari e optar, obviamente, pelo Ferrari, ao passo que quem apenas possa adquirir um Toyota fá-lo-á sem hesitações e, claro, deslocar-se-á para todo o lado sem problemas, com a óbvia diferença de não o fazer com o mesmo prazer que faria num Ferrari.

E eu dava muitos mais bahts para ver, naquele preciso momento, a minha cara! Até porque a senhora olhou-me durante mais um pouco e disse, com toda a calma do mundo e um sorriso de mamã que está prestes a passar Vick no peitinho do menino I think it's probably better that I get your bill, right? E eu nem tinha dado um só gole na jolinha...

7 comentários:

rosa disse...

estou com preguiça pra ler...

quem perde sou eu.

Anónimo disse...

Esta história merecia um happy-ending...!!!

Tóne

Zorze Zorzinelis disse...

Pussy Palace, Cunt Pleasure ou que nome é que tinha o estabelecimento comercial de venda de "automóveis"?

rosa em modo generoso disse...

http://donaldweber.com/wp/

ou comunista disse...

.

Zorze Zorzinelis disse...

Muito bom link, Rosa

Jornalário disse...

Rosa... fogo... tive MESMO de facebookar isto... pá! É por isto que não posto há MILÉNIOS... o peso da responsabilidade, mon dieu!