sexta-feira, junho 18, 2010

Ó dIAZ, mete parágrafos nos teus posts, pá!

É, de quando em vez, a exclamação que aqui pinga, a conta-gotas, de ano a ano.
Não como quem não tem mais nada que me diga, mas que diga eu, um dia, para quem não saiba, que a culpa é tua!
Sei apontar o dedo ao momento em que sonhei escrever para viver.
Foi o mesmo em que sonhei viver [a escrever] apenas o tempo suficiente que me permitisse não esquecer como Blimunda guardava, na cabeceira, um pouco de miolo de pão para que não visse a alma de Baltasar.
Invejei-te tantas vezes como Portugal dos Eruditos, o dos Pequeninos também.
Mas por razões diferentes.
Que me levavam, de qualquer forma, a defender-te para lá da razão.
Uma estupidez, enfim.
Afinal, nem te conheço.
Um ou outro autógrafo, apertos de mão de adolescente diante da imagem do seu desejo de futuro.
E depois nobelizaram-te.
E nem assim.
Uma inveja feia, destrutiva, almejando sujar de fealdade páginas e páginas de uma mancha de texto homogénea, sem parágrafos ou aspas ou pontos onde nos pudéssemos agarrar a fim de não nos perdermos na tua escrita.
Que era, afinal, o que acontecia sempre.
A mim, pelo menos.
Garantia, contra tudo e todos, que algumas das tuas ideias e lógicas, tão pueris, só podiam vir de uma meninice [como tu o dirias] que reencontraste no teu amor andaluz.
E os Outros, incapazes de aceitar que alguém possa Fugir por uma Mulher, como rezam tantas e tantas Estórias de Amor, acusaram-te de renegar a pátria, assim como quem mui militarmente fala de deserção por não saber que a felicidade neste mundo são os mesmos dedos finos passando anos a fio sobre a nossa face até que sulquem rugas.
Pátria, dizem eles, quando nenhuma das centenas de traduções de ti se te pode igualar, não por nada de especial, apenas porque não há, em nenhuma das outras línguas, menores quando é de ti que se fala, tantos sinónimos para o teu léxico.
Pátria, quando tudo o que é nosso se esmaga, impunemente, dia após dia.
E tu, que renegaste a pátria, levas uma língua de mil anos palmilhar mil léguas.

Não é, como sabes, a primeira vez que te escrevo aqui. Mas hoje apetecia-me apertar-te a mão com a mesma admiração juvenil da outra vez, lembras-te? Não posso. Já sou um homem. Que é poder assumir, sem vergonhas, que ponho sempre um pouco de ti em tudo o que escrevo. Por respeito. Aceita, assim, um abraço forte, bem forte, à homem, palmada nas costas e tudo.

Só para poder esconder esta lágrima!


4 comentários:

1entre1000's disse...

uma salva de palmas, contida, silenciosa e no entanto sentida!

Armand Blanchard disse...

o conteúdo está contundente...
mas só uma pergunta:
escreveste com inúmeros parágrafos, porquê?

El Mariachi disse...

Por isso mesmo!

Eduardo disse...

ó diaz, esclarece-me lá uma coisa: a imagem a sair fora do layout é mesmo propositada?

Besos, pá!