A poesia estará sempre onde tu quiseres, Diaz. As palavras vivem à nossa volta com ou sem internet.
Na nossa mente, boca ou papel. No tempo, nos gestos... será sempre a tua memória que dará vida à poesia dos tempos e não os tempos que lembrarão a poesia da vida.
Um poema cresce inseguramente na confusão da carne, sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto, talvez como sangue ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência ou os bagos de uva de onde nascem as raízes minúsculas do sol. Fora, os corpos genuínos e inalteráveis do nosso amor, os rios, a grande paz exterior das coisas, as folhas dormindo o silêncio, as sementes à beira do vento, - a hora teatral da posse. E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema. Insustentável, único, invade as órbitas, a face amorfa das paredes, a miséria dos minutos, a força sustida das coisas, a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora a espinha do mistério. - E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
3 comentários:
A poesia estará sempre onde tu quiseres, Diaz. As palavras vivem à nossa volta com ou sem internet.
Na nossa mente, boca ou papel. No tempo, nos gestos... será sempre a tua memória que dará vida à poesia dos tempos e não os tempos que lembrarão a poesia da vida.
Sobre um Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Helder
(tungas: copy-paste)
(tungas2: fantástico poeta)
(tungas3: a arte é de todos)
(tungas4: a net é quase para todos)
(tungas5: whatever...)
aaaahhhhhhh, o herbertinho..........
.... agora fizeste-se-me luz. É ir a uma prateleira lá em casa e, numa hora, ter todo um melhor fim-de-semana à minha inteira disposição.
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