Eu também fiquei chocado com o Magusto na Praça do Comércio.
Uma das mais belas praças do Mundo serviu de palco para um espectáculo de meter dó. A fome, meu dEUS.
A gente que se juntou em torno do Maior Assador de Castanhas do Mundo, orgulho nacional inversamente proporcional à vergonha que se sente quando se vê uma chusma munida de sacos plásticos, acotovelando-se, puxando cabelos, socando-se, até!
Retenho a imagem do velhote que caiu, com tanto empurrão, para debaixo do assador, quase de cara nas brasas e, quando se levantou, já o seu saco plástico tinha sido levado por um vil larápio! Gente velha, gente nova, gente assim-assim, tudo numa batalha campal digna de um filme do Ridley Scott e da inveja do Spike Lee e seus confrontos entre pretos e italianos, cambada de betinhos, ao pé disto! Como cenário, o Paço Real e, lá em cima, esse castelo mouro que depois foi entregue aos cuidados do São Jorge e agora é da Emel e dos seus torniquetes!
Mas muito mais me choca a clássica conversa de autocarro, no day after! “É mesmo à tuga”, alvitra-se. “Os portugueses sempre foram assim”, assevera-se. “Se é à borla, está lá o Zé Povinho”, certifica-se.
Faço minhas as palavras do Grande-Mestre-Avô-de-Todos-Nós Agostinho da Silva, aquando de um frente-a-frente com um Miguel Esteves Cardoso fedelho, no programa “Conversas Vadias”, e desafio os que pensam como supra citado a visitar Portugal. Peguem no carro, no expresso da Resende, no Intercidades, e vão! Depois digam-me ONDE é que poderiam ver aquilo acontecer! Na Guarda? No Redondo? Em Braga? Bragança? Covão da Carvalha? Santa Comba? Picha? Venda das Raparigas? Costas de Cão??? Em todos estes locais haverá, a partir de uma semana antes do Natal, o Madeiro, a arder, bem no centro da cidade, até ao Dia de Reis. Haverá, todas as noites, chouriços e linguiças a norte, cacholeiras e farinheiras a sul. Haverá vinho para acompanhar. E castanhas, claro! Um espectáculo daqueles é que não haverá, posso GARANTIR!
Pasme-se, então, quem não souber que ESSES tugas de quem todos falam são, afinal, e apenas, os lisboetas. E os dos arrabaldes. ESSES que ainda não perceberam que a cidade oprime o português. O verdadeiro português, esse cidadão global. Principalmente, uma cidade que quer à força ser europeia, não percebendo sequer o que é isso de “ser europeu”, quando se é, há mais de mil anos, uma cidade do Mundo!
3 comentários:
Days, não te esqueças que muita da malta que lá estava (não fui, nem vi imagens mas parece-me que é assim) até pode ser pessoal de outros pontos do país, mas uma vez na urbe, comportam-se como animais quando há algo à borla!!!
Mentira: vi uma imagem! A do velhinho a cair no assador qual castanha no Outono da vida, na capa do CM (julgo eu). É triste, é degradante! Valha-nos a genuinidade da gente das terrinhas, o Portugal profundo como alguns ignorantes apelidam...
E na China que as pessoas esmagaram-se por uma promoção de azeite ou óleo!?
Puto, antes de escreveres podias pelo menos ver as noticias com o som ligado.... a maior parte das pessoas nem sequer eram de Lisboa, grande parte idosos e people q se calhar a melhor cena q lhes apareceu à frente nestes ultimos tempos foi aquela merda na Praça do Comércio. Os lisboetas estavam a fazer as castanhas assadas nos seus fornos electrico-ventilados sem necessidade de ese expôr a tal palhaçada. Mas já q tu és de uma local de inumeras tradições diz-me o que a Charneca ou Sobreda o que lhe quiseres chamar... oferece aos seu fãs? À já sei... aquela cena trazida das modas de Lisboa, o Almada Forum.
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