Já há muitos séculos que um gajo não vê um viajante como o Palin!
Como ver aqueles programas e lembrarmo-nos do mesmo homem a informar um Cleese de papagaio na mão: "Sorry, we're out of parots, righ now, but we've got a slug" ou em frente a uma audiência enorme, um Cássius mal amanhado: "Wewease Wódewic" ou ainda como pedinte ex-leproso, pedindo um séquilo a Brian, The Messiah... Impossível!
Também ele, no outro dia, reconhecia que os Balcãs são o último reduto de uma cultura, de entre muitas, que, juntas ou cada uma no seu lugar, já fizeram da Europa, efectivamente, o Velho Continente. Nós, os ocidentais, perdemos a capacidade de sermos amigáveis, recebermos quem venha de braços abertos MAS sem que isso signifique abrir as pernas, prostituindo-nos às influências externas. Eles sim, são o Velho Continente. A existir, é ali!
Eu nunca o poderei afirmar. Não conheço a Europa como o Palin. Mas aterrei nos Balcãs, por um mero acaso, um feliz acaso. Porque até provas em contrário, viverei sempre sob a crença de que tudo acontece por uma razão.
Os Balcãs têm um feitiço qualquer. Há uma luz, um aroma, um ruído de fundo, um brilho nos telhados, nos olhos das mulheres, um segredo nessa névoa matinal, embrulhada nos freixos, flutuando sobre os rios, que nos adormece os sentidos. Como que a anestesiar-nos antes da tatuagem. Essa coisa por baixo da epiderme de cada vez que uma viagem fica. Cá dentro. A remoer. A vontade de não partir, a ferida em carne viva que só sara quando voltamos. Balkan Tatoo!
Se fosse só eu e o Michael, tudo bem... mas não!
Também há o Zach Condon. Imagine-se um teenager, nascido e criado em Albuquerque, New Mexico, U.S.A. (bimbolândia MESMO), virtuoso de uma mão cheia de instrumentos musicais, que decide gastar o dinheiro dos papás numa viagem pela Europa. Chega aos Balcãs e dá de ouvidos com "aquilo". O resultado é... Beirut. E para os mais duros de ouvido, os Beirut são mais que uma mera fusão entre a música de gitanos romenos, violinos de judeus choramingas e a folk norte-americana na sua faceta mais despida. Os Beirut são a voz (a dele) trinada e puxada lá do fundo, sem nasalações, e o respeito, o profundo respeito pelo que é a música no seu estado mais puro! Mais ainda do que aquilo que nos foi dado a conhecer como "unplugged"! É a música NA RUA.
É isto e isto e isto e isto e isto. É a música que a música tem. É tão simples. Para quê complicar?
1 comentário:
fico lisonjeado por ter aqui uma dedicatória no famoso blog do mexicano. infelizmente, nunca fui aos balcãs. as minhas únicas experiências dos balcãs são mesmo com o palin ou o ouvir música folk numa rádio búlgara cá no lab.
fora isso, só mesmo os beirut. é um bocado estranho que seja um americano a pegar na música tradicionalmente europeia e a torná-la mais conhecida no mundo. ou muito me engano ou teremos brevemente um álbum dos beirut baseado em música tipicamente portuguesa...
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