Parte 1
A Colega de Trabalho
Queres ir almoçar comigo ao Colombo, diz ela com um leve sorriso, não sei o que brilha mais, se os lábios se os dentes que aparecem, timidamente, por trás dessa moldura rococó. Preciso de ir ao Colombo e preciso de companhia e as pestanas, longas, negras, batem quando pisca os olhos e fazem flap flap ou flanf flanf ou plim plim sei lá, estou confuso.
Mas vou!
E paramos em frente à loja da INTIMISSIMI e dá-me um arrepio. E ela sussura, ou julgo eu, porque quando ela fala parece-me que geme e quando está zangada parece-me gritar Estou-me a vir, cabrão, ou Não pares agora, por aí, uma coisa assim. É aqui, preciso que me ajudes a escolher uma coisa e não sei se me sinta o amigo gay ou um nerd de colarinho apertado (sim, eu sei, agora é fashion) a ajudar um ceguinho a atravessar a passadeira embora esteja com vontade de ser o bully que dá sapas ao monglóide da rua, perco a força nas perninhas, ai merda, dIAZ, já foste!
Mas entro!
Então, fica-me bem? e os seios que saltam da copa abaixo e a celulite que não há em duas nádegas da Vincianas, com o brilho do mármore, e uma púbis que, a existir, se veria por baixo do tecido transparente e os pés que de menina que nunca andou descalça. hé pá, fica mais ou menos e o suor que pinga, e o calor do provador e esta Chiquita que era para a sobremesa e me esqueci de tirar do bolso se calhar esse soutien fica melhor com os boxers ou então com aquelas brancas que fazem lembrar as meínhas de renda que as meninas levavam para a Feira de São Mateus. Ela replica Ou Venda das Raparigas. Eu também Tás comprada!
PARTE 2
O Colega de Faculdade que Agora é Grande Amigo
Queres ir almoçar comigo ao Colombo, diz ele com aquele ar bonacheirão de quem já está a pensar na sandosha de leitão com um copito de vinho branco geladinho e um café na zona central para fumadores Preciso de ir ao Colombo.
E vou
E paramos à porta do AKI e percorre-me logo o arrepio de quem sabe que percorrerá corredores e corredores de material que poderia transformar a minha casa de velhos em algo que invejasse a colecção da AREA.
Mas entro.
Achas que esta máquina de rebites é alguma coisa de jeito? e eu só oiço velhos a dizer que a aparfusadora não aparafusa nada, e os empreiteiros a dizer que o cimento-cola não cola... ou não cimenta, ou lá o que é!
E então? Achas que aqui há polish? Ou isso é ali no Continente? Eu, assumindo o cliché que está prestes a sair-me, dobro as sobrancelhas e digo, pausadamente, para não denotar alguma irritação Não queres que te vá ajudar a escolher uma lingerizinha, também?
8 comentários:
ahahahah! O verdadeiro Girl Power existe quando entre o polish e a aparafusadora, te lembras da lingerie! it works
... hmmm, pois, o Colombo é mauzito nos dias de bola...
... hmmm, pois, o Colombo é mauzito nos dias de bola...
AHAHAHAHHAHAHA!! Brutal! Brilhante.
Resta-me uma dúvida. Ficção 100% ou só uma parte?
só a 2.ª é que é real, como seria de esperar!
Ai Fernanda, ai Fernanda, essa cabecinha onde é que ela anda?!
e não te queixes...
quando quiseres ir ver as meninas que pedem:
"posso ver a sua mão??"
não te levo...
o AKI pode até ser bem sexy!!!! - digo eu que sempre fui dada a bricolageeeeeeeee
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