Nesta merda de mundo que é o jornalismo, as fornadas que saem, anualmente, das universidades, obrigam a que o manancial de possibilidades se alargue.
Assim, quase todos os jornalistas são, em Portugal, redactores.
Não têm direito à Carteira Profissional.
Logo, têm que pagar estacionamentos, concertos, estadias em hotéis e peças de teatro.
De resto, ganham melhor.
Os que estão em agências de comunicação ganham ainda melhor.
É só mais uma injustiça num país onde a justiça é tão fiável como os carros feitos em Espanha (sim, malta que comprou SEAT, tá a alongar).
Sobre tudo isto pesa, ainda, a malta que, saída do último ano de La Université, está tão desesperada por trabalho que aceita com cada merda que às vezes me ponho a pensar em que raio de momento é que o tráfico de moldavas por proxenetas russos passou a constituir matéria preferencial para documentários televisivos.
Infelizmente, uma das regras mais básicas e antigas da economia, que sobreviveu a sistemas políticos, programas reformadores e organizações que regulamentam a coisa, diz que O Barato Sai Caro... Amén!
E é então que surgiu hoje, aqui, na redacção, um livro de receitas da Pescanova, mega empresa (espanhola, lá está) que, tentando cortar nos custos, decidiu não entregar esse projecto a um atelier ou empresa de comunicação que fizesse um trabalho digno desse nome, para o resultado deste que se quer um objecto de comunicação, marketing e publicidade, ser tão deplorável quanto o título:
Pescanova - Receitas de Cefalópodes
Pois bem... por muito que saibamos o que são cefalópodes, gente haverá que sabe apenas que lulas são lulas, chocos são chocos e polvos são polvos. E refira-se, a mais não é obrigado. Se o polvo tem três corações e consegue passar por um orifício 75% mais pequeno que o seu volume, se o choco é mais inteligente que um golfinho, se uma lula luz à noite, são tudo pormenores que apenas concernem a biólogos e interessados.
Eu, que gosto muito de gastrópodes com imperial, de teleósteos fritos com arroz malandrinho, de condrósteos na caldeirada e de jardineira de tubérculos, declaro:
Não sejam ridículos, pá!!!!
4 comentários:
;-)
sabes que para agravar o problema os miúdos que nos chegam da universidade vêem cada vez mais fraquinhos, muito sem saber escrever um frase sem um erro de português lá pelo meio...
ab
eu vi muitos programas da bbc vida selvagem, conheço alguns segredos desses pequenos estranhos seres.
também conheço um barzito engaçado lá prós lados do castelo.
ah e o dito cujo inteligentissimo, setubalense.
os outros que falas, os dos seats e os que têm que pagar estacionamento e concertos, nem por isso.
O pormenor é um luxo vulgarizado.
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