sexta-feira, maio 15, 2009

É a Crise, estúpido!

Nesta merda de mundo que é o jornalismo, as fornadas que saem, anualmente, das universidades, obrigam a que o manancial de possibilidades se alargue.
Assim, quase todos os jornalistas são, em Portugal, redactores.
Não têm direito à Carteira Profissional.
Logo, têm que pagar estacionamentos, concertos, estadias em hotéis e peças de teatro.
De resto, ganham melhor.
Os que estão em agências de comunicação ganham ainda melhor.
É só mais uma injustiça num país onde a justiça é tão fiável como os carros feitos em Espanha (sim, malta que comprou SEAT, tá a alongar).
Sobre tudo isto pesa, ainda, a malta que, saída do último ano de La Université, está tão desesperada por trabalho que aceita com cada merda que às vezes me ponho a pensar em que raio de momento é que o tráfico de moldavas por proxenetas russos passou a constituir matéria preferencial para documentários televisivos.
Infelizmente, uma das regras mais básicas e antigas da economia, que sobreviveu a sistemas políticos, programas reformadores e organizações que regulamentam a coisa, diz que O Barato Sai Caro... Amén!

E é então que surgiu hoje, aqui, na redacção, um livro de receitas da Pescanova, mega empresa (espanhola, lá está) que, tentando cortar nos custos, decidiu não entregar esse projecto a um atelier ou empresa de comunicação que fizesse um trabalho digno desse nome, para o resultado deste que se quer um objecto de comunicação, marketing e publicidade, ser tão deplorável quanto o título:

Pescanova - Receitas de Cefalópodes

Pois bem... por muito que saibamos o que são cefalópodes, gente haverá que sabe apenas que lulas são lulas, chocos são chocos e polvos são polvos. E refira-se, a mais não é obrigado. Se o polvo tem três corações e consegue passar por um orifício 75% mais pequeno que o seu volume, se o choco é mais inteligente que um golfinho, se uma lula luz à noite, são tudo pormenores que apenas concernem a biólogos e interessados.

Eu, que gosto muito de gastrópodes com imperial, de teleósteos fritos com arroz malandrinho, de condrósteos na caldeirada e de jardineira de tubérculos, declaro:

Não sejam ridículos, pá!!!!

4 comentários:

Master Of The Wind disse...

;-)

acatar disse...

sabes que para agravar o problema os miúdos que nos chegam da universidade vêem cada vez mais fraquinhos, muito sem saber escrever um frase sem um erro de português lá pelo meio...

ab

r disse...

eu vi muitos programas da bbc vida selvagem, conheço alguns segredos desses pequenos estranhos seres.

também conheço um barzito engaçado lá prós lados do castelo.

ah e o dito cujo inteligentissimo, setubalense.

os outros que falas, os dos seats e os que têm que pagar estacionamento e concertos, nem por isso.

Zorze Zorzinelis disse...

O pormenor é um luxo vulgarizado.