Saio de casa em direcção à paragem, indeciso entre esta opção, mais moderna, consciente e ambientalmente amigável, ou o acto de pegar (sempre à 2.ª), a Vespa 125 Sprint de 13 de Janeiro de 1969, escolha sobremaneira poluente.
Na verdade, tratava-se de optar por ir até ao trabalho ouvindo tudo o que de novo uploadei para o iPod ou, simplesmente, apanhar com este ar matinal, em cheio, na cara, revigorando a alma.
O pior é que, normalmente, a coisa sabe tão bem que o café da manhã, o tal da cólica, é bebido, calmamente, na praia.
Que é muito longe da redacção.
Isto parece muita dedução e inferência mas, na verdade, ainda estou a caminho da paragem.
Passo pelo primeiro pinheiro, pelo segundo e, mein göt, deparo-me com a visão costumeira que, este ano, chegou mais cedo... a longa fila de felpudas, ainda que ameaçadoras, processionárias.
Ali está um novelo delas, estas estão a dar a volta ao tronco, aqueloutras ainda agora descem pelo ramo maior e, se nenhuma delas se lembrar de voltar para trás, chegarão ao chão, num festim de minúsculos pêlos sedentos por lançar no ar uma toxina fortemente indutora de alergias (por vezes mortais), ainda antes do pino do sol.
Tento lembrar-me se Mariachito tem pinheiros na escolinha.
Não me parece.
Está seguro, portanto.
Mas este fim-de-semana não há incursões à floresta, como de costume.
É todos os anos a mesma coisa.
O primeiro calor, a eclosão dos primeiros ovos, os humanos brutos e rambórios que, sabendo da ameaça, desconhecem que é o mínimo toque que despoleta o veneno, e optam por esmagar umas quantas, ficando sempre alguém febril e acamado porque, simplesmente, passa por ali mais tarde.
E vêm-me à memória os áureos anos em que, no recreio da escola, e aguardando com ânsias a chegada da Primavera, escalávamos mansos e bravos para ver quantos novelos, em aracnídea protecção dos ovos, embrulhavam a ponta dos ramos. Fazíamos, assim, com zelo de guarda-livros, o cálculo dos dias que iríamos, à chegada dos dias soalheiros, ficar livres de aulas.
E dou por mim a pensar o que seria se um gajo tivesse de justificar uma falta ao trabalho por maleita da processionário-do-pinheiro.
Decido, não sei bem porquê, que a Vespa é a melhor opção.
Volto para trás.
E é já num semáforo qualquer de Sete Rios (Sete Bicas, Sete Fontes, Sete Bruxas, Sete Medos e Uma Esperança) que olho para a calçada e penso como raio poderá haver tanto desconhecimento de Natureza quando somos a única capital europeia que tem pequenos répteis (lagartixas ou sardaniscas, dependendo da zona do país) a fugirem-nos à frente dos pés.
8 comentários:
Infelizmente, a ignorância reina cada vez mais entre nós... e todos os dias se agiganta mais.
Também por aqui já soa o alerta das processionáris... pets oblige!
Inté***
Infelizmente, a ignorância reina cada vez mais entre nós... e todos os dias se agiganta mais.
Também por aqui já soa o alerta das processionáris... pets oblige!
Inté***
Infelizmente, a ignorância reina cada vez mais entre nós... e todos os dias se agiganta mais.
Também por aqui já soa o alerta das processionáris... pets oblige!
Inté***
Infelizmente, a ignorância reina cada vez mais entre nós... e todos os dias se agiganta mais.
Também por aqui já soa o alerta das processionáris... pets oblige!
Inté***
Raios partam o eMac e o seu teclado demente!
Desculpa as repetições Diaz. Not my fault!
Inté***
Raios partam o eMac e o seu teclado demente!
Desculpa as repetições Diaz. Not my fault!
Inté***
estava a ver que tinhas ido de autocarro....
Vespa Rules!
Franzir de testa, fixar de olhos, entreabrir a boca de espanto... BOLAS!!!
A minha capacidade de raciocínio pela manhã limita-se a uma única e só consciência: Saio de casa. [ponto final] o que daí pra frente se passa, são um conjunto de movimentos mecânicos e pouco ou nada criativos... não dá para mais... só depois do pequeno almoço e do parar do carro no parque de estacionamento é que já consigo começar a inteirar-me de quem sou de onde venho para onde vou...
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