Mariachito: Feliz dia do Pai, pai!
dIAZ: Muito obrigado, filho...
Mariachito: Tenho uma p'enda para ti, qués vêre, queres?
dIAZ (desembrulhando a coisa): Óóóóóó... um cinzeiro a dizer "Não fumes que eu não gosto", muito bonito, ó Dias!!!
Mariachito: Gostaste, pai?
dIAZ: Sim, filho, adorei, muito obrigado.
Mariachito: Atão agora é Dia do Filho, tá bem?
dIAZ: Sim, tá bem...
Mariachito: Onde tá a minha p'enda?
E é por isto que não vou logo para o trabalho. O dia sorri e demanda um café na praia. Só eu, a malta na apanha da cadelinha (conquilha, condelipa), os joggers e as canastas de robalos de mar, lulas e besugos. Só depois me porei ao caminho, arriba acima, nacional abaixo, via rápida a direito, aaaaaahhhhh, este vento na cara... Ops... Uma fila de carros com o pirilampo azul sobre o tejadilho, parada nas portagens da ponte? Ignoro-os e, como sempre, avanço pelo traço até ficar, junto aos portageiros, entre duas filas. Tiro o multibanco e oiço, ao meu lado, um jovem de bóina preta que, no lugar do pendura de uma carrinha branca com o tal pirilampo no tejadilho, transporta PSP's de colete anti-bala rodeando uma família cigana:
Jovem de Boina Preta Eximiamente Barbeado Mas Nem Por Isso Com Melhor Ar: É melhor meter aí para a direita, Sr. Civil!
dIAZ: Mas esta portagem é pagamento exclusivo ViaCard!!!
E eis que há um senhor, grisalho, que escala e salta sobre os bancos, vindo dos lugares traseiros, grunhindo, qual Dorso Prateado do pelotão, e senta-se onde estava o Jovem de Boina Preta Eximiamente Barbeado Mas Nem Por Isso Com Melhor Ar, que entretanto foi para trás. Fica em silêncio.
dIAZ (respeitosamente): Peço desculpa, mas não posso passar aí pela frente para pagar na outra portagem?
Velhote com Óculos Escuros à Kraftwerk Que Acentuam o Ar de Frequentador da Tasca do Zé Mau a Jogar à Bisca dos 9 Até Ser Horas De Ir Pra Casa Exigir O Jantar Àquela Puta: Não, não pode que isto é uma coluna militar, espera aí como todos os outros Civis.
dIAZ: Coluna militar? Mas o senhor não é PSP?
Velhote com Óculos Escuros à Kraftwerk Que Acentuam o Ar de Frequentador da Tasca do Zé Mau a Jogar à Bisca dos 9 Até Ser Horas De Ir Pra Casa Exigir O Jantar Àquela Puta: Tá calado, pá! Maizó caralho!
dIAZ (mete Vespa no descanso e sai para ir à janela do cabrão com mais ar aciganado que os outros que transportava): Ooooooollláááááá! Vai-me dar um tiro, é? Veja lá!
Velhote com Óculos Escuros à Kraftwerk Que Acentuam o Ar de Frequentador da Tasca do Zé Mau a Jogar à Bisca dos 9 Até Ser Horas De Ir Pra Casa Exigir O Jantar Àquela Puta: Mas tás-me a provocar, é?
dIAZ: Não, estou a exigir o respeito para com quem lhe vê tirado da Segurança Social para pagar o teu ordenado e o rendimento mínimo dos que vão aí dentro. A mim, deves-me reverência, e só não te peço para te ajoelhares porque não confio na sanidade mental de bófias com armas.
Ele tira a arma do coldre, coloca-a em cima do tabliê e sai de peito inchado. Cá fora, o dIAZ para-o com o cartão de jornalista em frente aos óculos escuros à Kraftwerk e encena o telefonema Tou, manda uma equipa de reportagem à Praça das Portagens da Ponte, que temos abertura pró Jornal da Noite... De dentro da carrinha, a ciganada agita-se e um dos aciganados mas com farda grita Ó Brás, larga lá o rapaz e vamos embora, quéssa merda já tá a chamar a atenção.
Velhote com Óculos Escuros à Kraftwerk Que Acentuam o Ar de Frequentador da Tasca do Zé Mau a Jogar à Bisca dos 9 Até Ser Horas De Ir Pra Casa Exigir O Jantar Àquela Puta: (levanta os óculos escuros à Kraftwerk): Filho da puta!
dIAZ: Para ti, meu cabrão, é Senhor Patrão!
A Portageira, Uma Velha Conhecida Que Já Nem Me Pergunta Se Quero Recibo (quando lhe estendo o cartão, visivelmente nervoso): Hoje não pagas, meu filho, e se lhe tivesses cuspido na cara não pagavas amanhã!
5 comentários:
Balada para os nossos filhos
Um filho é como um ramo despontado
do tronco já maduro que sou eu
um filho é como um pássaro deitado
no ninho da mulher que me escolheu
Um filho é ver-se um homem prolongado
no mundo da verdade em que nasceu
um filho é ver-se um homem atirado
das raízes da terra para o céu
Meu filho minha vida és meu sangue e meu carinho
meu pássaro de carne meu amor
meu filho que nasceste do ventre do carinho
da minha companheira que deu flor
João é um botão de cravo rubro
Joana é uma rosa cor de Abril
dois filhos que eu embalo e que descubro
que sendo só dois podem ser mil
Pois filhos do amor e da ternura
que sendo de todos não são de nenhum
e não há no mundo coisa mais pura
que a gente amar em todos cada um
Meu filho minha vida és meu sangue e meu carinho
meu pássaro de carne meu amor
meu filho que nasceste do ventre do carinho
da minha companheira que deu flor
João é um botão de cravo rubro
Joana é uma rosa cor de Abril
dois filhos que eu embalo e que descubro
que sendo só dois podem ser mil
Pois filhos do amor e da ternura
que sendo de todos não são de nenhum
e não há no mundo coisa mais pura
que a gente amar em todos cada um
O Ary dos Santos e o Tordo (sim, o João é o meu adorado João Tordo).
Feliz Dia do Pai Diaz.
Marijuanita
Brutal...
tanto tempo depois e é isto.
Dá-lhes Diaz.
Abraço.
tóne
ooooooooooolllllhhhhhhhhhaaaaaaaaaa!!!!!!!!!
Té Qu'Enfim, Tonim!
Sabes bem que os gajos das Mamas também têm aqui lugar!!!
Volta!
Mariachi: É só para dizer que a curta-metragem Lucy já está no Youtube http://www.youtube.com/watch?v=ThWO28smug4
Thanks
Gostei de estar contigo puto. É sempre um prazer podermos trocar três dedos de conversa... agora só falta voltar a ver o Mariachito lindo ;-)
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