Havendo coisas que nunca mudam, sabia muito bem onde ir numa noite de calor, sem vento, por forma a cumprir a promessa feita há muito.
Deixei pôr-se o sol para empreender o Ritual de lo Habitual...
Sentá-lo na cadeira montada na bicicleta, capacete, o lagarto de borracha numa mão, a garrafa de água na outra e shenta pai, shenta... cuguida.
Fomos.
Em direcção àquele vale, a cerca de quatro ou cinco quilómetros de casa, onde passa um regato que padece da praga usual.
Canas.
Que, porém, fazem com que fique mais fresco.
Penso que seja por isso que eles aparecem.
E não há nada como a expressão de uma criança quando se depara, pela primeira vez, com dezenas de pirilampos piscando à sua volta.
Quedamo-nos assim, de boca aberta ele, embevecido eu com... a sua boca aberta.
Aquele sorriso que vem lá do fundo.
Piguiampos, pai, pisca pisca.
Deposito alguns exemplares no frasco que levava, do tempo em que a Vianeza era Hellmann's.
Poucos.
Para que o mesmo espectáculo esteja garantido em anos vindouros.
No regresso, leva-o ao colo, vigiando-o como a um tesouro.
O mesmo sorriso.
Canta.
O Eu Tenho Um Melro, da Deolinda.
Sabe de cor, com as palavras que são as dele.
Solto a bicharada no jardim em frente ao prédio.
Subimos.
Vamos para a varanda e ficamos a ver aquele espectáculo das estrelas ao contrário.
Não pisca, pai?
Não, filho, não piscam, só quando voam. Agora, estão cansados.
Também ele.
Adormece ao colo, à voz do Rufus no What Can I Do, sexto tema do I Am A Bird Now do Antony.
2 comentários:
que Bonito. (não vou escrever mais nada para não estragar)
(bonito mesmo, amigo)
São mais uns qts degraus de evolução, né-migo? Só quando os temos é que percebemos a relatividade de tanta merda que nos fodia os cornos!
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