O jovem tentava dar a volta à jovem com o seguinte argumento, no meio de tantos outros: O meu blogue é uma forma de publicar o meu trabalho. Uma espécie de Curriculum Vitae para quem apanhar. E também tou no Flickr, no MySpace e no Hi5. Eu pensava este puto está a falar com ela a olhar-lhe para o decote e ainda não reparou, de certeza, naqueles pés de invejar a Julianne Moore.
Só mais tarde pensei Ai ele é isso? Então vá...
Um fim de tarde no Gerês é um fim de tarde daqueles. Melhor: Um fim de tarde numa encosta de S. Miguel da Caniçada, que ainda é Vieira do Minho, a olhar para as águas da barragem na direcção do Gerês, ou melhor, de Rio Caldo, que reflectem a penumbra azulona em que tudo mergulha, qual modo tungsten nas digitais da Canon, é um fim de tarde daqueles. Sim, está melhor. Pronto.
Em vésperas de São João e tão próximo de Braga, a coisa melhora um pouco mais, se for possível.
Não é.
Porque há Posta Barrosã para empurrar com um De La Rosa (Douro DOC) e uma Bagaceira de Vinho Verde da Adega Cooperativa de Ponte da Barca para borrar, definitivamente, a pintura. Num país onde até as festas populares servem para os VSE (Vampiros ao Serviço do Estado) inundarem todas as rotundas, numa vã tentativa de equilíbrio da Balança do Estado, é assim, Liberté até vai, Fraternité só se me deixares comer a tua irmã!
Decidimo-nos por uma deslocação mais comedida, pelas margens e não pela estrada do topo dos penedos. Caniçada, Rio Caldo, direcção Gerês.
A entrada do hotel é exclusiva para hóspedes, pelo que, para saírmos, alguém tem de abrir o portão.
Fá-lo um ser estranhíssimo, com uma cabeça enorme, maxilar inferior gigante e prognata, braço direito do tamanho do úmero do esquerdo. Manca até nós, em oscilações de metro, e enfia a cabeça no interior do carro: "Baum shaír?", com um ar tão inquiridor quanto os bófias das séries da Fox ou as finanças com a Raia Miúda. Olho para o meu pendura (Polónio, esse companheiro das incursões por um Portugal, às vezes, profundo), e este está com os olhos tipo hamster, a saltar das órbitas. Suspeito que eu também. Respondo, a medo, reconheço: "Sim, vamos por aí abaixo ver se há alguma festa de São João", e obtemos um seco "tsk", como quem quer dizer "já me lixaram, estes palhaços", não diz mas não se presta ao mínimo esforço de escondê-lo! Pergunta-nos: "E Bóultam?", "Sim, não demoramos muito", "atoum bou-lhes dar um cartôunzinhu pra butár aí no cárr", mas entretanto, lembra-se de perguntar: "Bós estáis aqui huóspedádoj?" e, ao nosso "sim", o homem salta para trás e exclama, quase a gritar: "Aaaaaaahhhhh, íshé túutalmiênte diferente, CUARÁLHU! Atoum ide à buósha bdínha e guójem múnto".
3 comentários:
a riqueza do minho...:)
bom espero que todos os espécimes que te tenhas cruzado por terras nortenhas, não tenham sido assim notredâmicas... pq por CÁ tb há belissimas criaturas!!!!
Nunca de tal duvidei...
... antes o comprovei.
Muitas vezes.
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