segunda-feira, agosto 01, 2011

ApAscenTa-ME a VasTa vArA de PoRcos pOrcA

Conrado, o bisbórria narcisista, acendeu mais um cigarro. Com o que tinha na boca. Depois soprou o fumo. Com força. Em frente. Para ver como a seara ao entardecer, oiro, convertia para algo mais frio, tungsténio. Como um filtro de fotografia. Um vício nojento a meter-se de permeio entre si e a planície. As duas coisas que mais amava na vida. Bateu um pé para erguer pó. Nada. Bateu o outro. Tampouco. Uma fina camada de ervas secas protegia o solo. Avançou em direcção ao dadivoso mar de trigo. Abriu os braços. Para sentir, nas palmas das mãos, a carícia das espigas. A memória do tacto a fazer das suas. Ergueu os olhos para o céu, tungsténio, e deixou-se cair para trás, levantando uma nuvem de pó, oiro, entre si e o firmamento. Como um filtro de fotografia. Retirou a beata da boca entre os dedos indicador e polegar. Projectou-a para longe com a ajuda do médio. Antes de adormecer pensou Tenho de deixar crescer o bigode. Quando o fogo lavrou, toda vila acorreu às muralhas do castelo para carpir a antecipada falta de pão para a boca. Quando Feliciano lavrou a terra, encontrou um corpo carbonizado. Ventre inchado. Pernas flectidas. Dois braços abertos. Entre estes, três corvos em deleite necrófago. Era a primeira vez que Conrado abraçava.



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