Sou do tempo em que tudo era melhor!
Assim, sem mais rodeios e indisponível para aceitar o contrário...
A prova disso é ser possível sentir saudades do Tolan.
Esse mamarracho que era o farol dos cacilheiros, o prenúncio da chegada a Lisboa, a vista de tantos casais enamorados (ou não, porque a tusa é que interessa - homenagem a Dinis Machado), sentados no Cais do Sodré, de olhos postos nele (Tolan) e mãos nas braguilhas mútuas, de ímpetos reprodutivos quase tão intensos como os das ratazanas que saltavam entre rochas sem nunca escorregar no verde manto que as cobria (às rochas).
Tolan jazia, de proa orgulhosamente invertida (era, portanto, o Nalot), entre o Cais das Colunas e a antiga rampa de acesso aos ferrys, náufrago de um tempo em que se soubera o porquê de tal desventura. No meu tempo, poucos eram os que o poderiam atestar. Tolan era, simpesmente. Estava ali. Era mais lisboeta que os Beirões que chegavam, às resmas, ao Campo das Cebolas, via Resende, e saltavam directamente para trás de um balcão de café para servir bifanas e jaquinzinhos de ontem com dedos de enchada e unhas negras. Muito mais lisboeta que os universitários que foram chegando e ficando nos bairros antigos de casas recuperadas, interiores irreconhecíveis, nem o lava-loiça de mármore ou o calendário da Nossa Senhora de Fátima sobraram, quanto mais o cheiro a peixe frito entranhado na cortina do postigo. Estes, nunca viram Tolan. Sabem lá o que é Lisboa!
Tolan era a cidade. E todos nós. Era Portugal! Uma velha que se sentava à mesa do café às 9h, pedia um garoto e ficava até às 16h??? Imediatamente alcunhada de Tolan. Alguém que, depois de uma semana de prisão de ventre, ia à casa de banho e dava as suas 14 puxadelas de autoclismo como inúteis? É porque deixara, encalhado, um Tolan!
Com ele se foi tanto folclore. Uma talhada da nossa cultura, arrancada à bruta. A dor da perda, Tolan. Encalhar, esse teu mal, fez tão bem a Portugal. Que era outro, nesse tempo. Melhor, pois. PÓING!
4 comentários:
Lolada, a mestria e inspiração do texto e depois o surpreendente Poing, numa homenagem subtil, mas sentida a miles maria... ah, pois é, subtileza e sensibilade são os meus nomes do meio! Muito bom dias, não sei se é do header, mas o teu "produto" está cada vez mais lá...
Zorze vai mas é remover os pontos/agráfos outra vez!!!!
Dias, e o Eborense onde é que fica nessa história? E onde paravam as Resende quando o Campo das Cebolas virava zona de arraial de St.António? Ah, pois é!!!
Freaky
zorziuuuuuuuuu really?!?!?!?!?!
oh my god! estacar, em pé... pernas juntas! sapatos alinhados!
pegar na sua delicada póóóchêttttttttt e retirar um delicado lenço do mais delicado linho! Sim por que uma delicada lady q cuida do que é tradicional é bom limpa as suas delicadas lágrimas de afecto reconhecimento com um lenço de linho! [claquete!] CORTA!!!
fecha o pano voltamos amanha com mais luz!
Eh lá, isto de ser atacado por duas mulheres tão estimulantes ao mesmo tempo vai fazer regressar a minha hérnia...
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