Sou um Merdas.
Desfaço-me, tremo como gelatina Royal quando vejo um sorriso.
Sempre fui assim, desde que me lembro!
Não é bom!
Incomoda-me.
Deixa-me inseguro.
Faz-me pensar que, se a vocalista dos Da Vinci sorrisse para mim, eu saltar-lhe-ia para cima, fogosamente, num acesso de desejo incontrolável, gritando "fica tu por cima".
Depois caio em mim.
E já não janto!
A Catarina Portas, por exemplo, e o seu perpétuo sorriso (ou será daquela boca?).
E não é que a miúda é desarmantemente bonita? Mesmo? Apre, dIAZ, mais essa coisa que tens com bocas, pá! São só duas mucosas, a de cima e a de baixo, que quando abrem descobrem uma fileira de hastes de esmalte e... pois!
Depois há aquele ligeiro rasgar dos olhos, que parece ser o único momento em que nos concedem usufruto da iálma.
Catarina Portas encostou um ombro, fino, à ombreira da porta, grossa.
Gesto raro, este, o de encostar um ombro, de braços cruzados, a uma ombreira de porta. As portas continuam a ter ombreiras, as pessoas é que deixaram de ter tempo para lá encostar o que lhe é destinado... o ombro.
A Catarina Portas não.
Diz que posso fotografar o que quiser.
Fá-lo com os olhos muito abertos.
Bonita, pá!
E depois há a loja.
Onde estava a porta com ombreira com a Portas.
E o que vende?
Vende, num só espaço, todo o Orgulhosamente Português que ainda se fabrica mas só se encontra, cada um, em cada qual loja da especialidade.
Sabão Clarim.
Andorinhas de cerâmica (aquelas que ficam por cima da placa de mármore "Vivenda O Meu Ninho"), de Bordalo Pinheiro.
Tronos de Santo António (Toda a noite ouvi no tanque/ A pouca água a pingar/ Toda a noite ouvi na alma/ Que tu me podes amar).
Lenços de Viana (Quando eu saio Há rua/ LÉVO sempre amor comigo/ Para poder oferecer/ A quem o tenha perdido).
Sacos de pão.
Alcofas.
Tamborzinhos.
Lápis Viarco.
Brinquedos de Lata (lavatório, fogão, balança, tábuas de engomar com ferro, máquinas de costura, camioneta com grade, carro grua, jipe, carroça com cavalos, cavaleiro).
Esfregões Rex.
"Encerite e a beleza e a saúde das madeiras".
Limpa Metais líquido Coração.
Sabonetes Grapefruit, Fox-Trot, Mimosa do Japão, Tuberose, Ondina, Rivale, Favorito, Banho, Alface, Papaia, Condezza, Hércules, Cravo, Melro, Mussulo e Almond Milk.
Flocos de Aveia, Farinha de Arroz, Cevada Virgem e Fécula de Batata marca Zélly.
Filigranas.
Conservas Tricana, da Conserveira de Lisboa (enguias, lulas, atum, mexilhões, sardinhas).
Azeites Saloio, Triunfo e Santa Maria.
Palitos Lusitanos.
Cremes para mãos Alantoíne e Benamor.
Funilaria.
Ex-Votos de cera.
A Galocha, o famoso caderno Emílio Braga, usado pelo Pessoa e tantos outros, pelo que podem meter o Hemingway e o Chatwin no cu, que para bom entendedor...
Cartas de jogar da litografia Maia.
Azulejos Viúva Lamego.
O Nome da Loja? A Vida Portuguesa Desde Sempre, que é como quem diz Desde Que Encostávamos os Ombros às Ombreiras, baptizando-os!
10 comentários:
Estás a ficar nostálgico...é da idade...
Já vi que afinal és susceptivel á publicidade...ou ás modas...ou á blue design...
Ou então saudades dos produtos do antigo regime o qual não viveste...
Tanto rodeio para dizer que não te importavas de afálfár as obreiras da portas, Catarina...
quem é que se importava.
Não deixa de ser um post muito fashion e in...
:))
Tóne
ombreiras, hombre...
tóne
Não, fashion e in sou eu, o post é normalito, pá... nã percebes nada!
isso são coisas que existiam no tempo em que, por te meteres com rameiras, apanhavas esquentamentos que eram tratados enfiando ferros quentes penis a dentro e desinfectados com mercurio-ó-cromo!
à pois é!
E usavas colonias ache-brito para a tua mulher não desconfiar...
E que também se lá vende!
(e o já lá tive, foi na loja, apesar de que o gostaria de dizer era "na catarina"... mas não, foi na loja)
ai o cheiro de um baralho novo de cartas da litografia Maia (UM MIMO)... ando para comprar uns tantos brinquedos de lata para o meu filhote... vai adorar, estou certa!
Leica R4 - obj. 50mm?
Não... Canon 350D, no SHADE, para ficar com estes amarelos (também tenho uma a tungsténio, se quiseres ver), modo Manual, a 2.0/40, com o zoom nos 18mm que, numa digital, por falta de RECORTE que NUNCA chegará LÁ, equivale a uma 28mm.
A Leica R4 é para ocasiões especiais... ou se tivesses um Bentley metia-lo na Almirante Reis?
És um cagão, ó Dias!!!
Sim, fofura, coisa má linda do mê dIAZ...
...mas sou um cagão com uma Leica R4!
Enviar um comentário