quinta-feira, dezembro 28, 2006

Há Prazer

Quando pensamos que os maiores (prazeres, portanto), de uma vida já lá vão (bem-hajam abusos vários e inconsciências que vinham, gratuitamente, no envelope fechado que era a tenra idade), somos pais. Vão lá seis meses e ajo, agora como sempre (não sei se, porém, amanhã), em relação aos que me são mais próximos mas extrínsecos ao quarto, como não-pai que já fui. E é por isso que evito secas que incluam primeiros sorrisos, abraços e amassos, a extrema alegria quando a há nele, as longas pestanas, a boca entreaberta quando dorme, os puxões de cabelo, os dedos iguais aos da mãe, os pés iguais aos da mãe, os olhos azeitona espanhola iguais aos da mãe (Dominguez), o cheiro (mmmhhhh.. o cheiro). Reservo, porém, uma excepção. Que serve, simultaneamente, como aviso a futuros pais. O enorme, inigualável prazer que é transportar o Gabriel naquilo que alguns chamam "cangurú" e outros "marsúpio".

Não confundir nunca com o prazer que o Alberto João Jardim tira em andar com crianças penduradas naquilo que alguns chamam de marsápio!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

A Segunda Melhor Prenda...

...veio da Tenrinha, esse pequeno botão de genialidade que só desabrocha quando lhe apetece, para mal de nós, espectantes mas dedicados amigos!
Já o havia referido aqui, quando pedi que o 2006 escrevesse, mas nunca é demais. Até porque agora ando a lê-lo, de sol de Inverno na cara quando possível, nostálgico que nem consumidor de Viagra. Porque nunca houve revista em Portugal como a Kapa. Senão leiam:

"Traduções Selvagens 2

Alienum aes homini ingenuo acerba est servitus.

Este homem ingénuo está maluco - a açorda está servida.

Animo dolenti nihil oporter credere.
Um espírito doentio nem no Porto acredita.

Bona mors est homini vitae quae exstinguit mala.
Bons hábitos tem o homem vivaço que traz um extintor na mala.

Comes facundus in via pro vehiculo est.
Consomes que te fartas em estrada para o
carro que és.

Heum quam est timendus qui mori tutum putat!
É pá! O medo que tu tens que morram as putas todas!


Instructa inopia est in divitiis cupiditas.

Estudar com ópio é divertido e dá tesão.

Nihil est miserius quam ubi pudet quod facaris.
Ninguém está na miséria quando ainda pode fazer cocó.

E por aí adiante, com algumas omissões, não vá o Quevedo jantar com um amigo advogado.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Se eu...

...desejasse a alguém um feliz Natal Católico Apostólico Romano Consumista, daqueles com o Pai Natal inventado pela coca-cola nos anos 50 e não o S. Nicolau nórdico, um daqueles Natais em que as crianças não têm que se portar bem porque terão a vida toda para isso e, enfim, porque são crianças, daqueles em que as pessoas não têm que andar pela Baixa ou Centros Comerciais como gnus no Seringheti, quais Salteadores da Prenda Ideal Perdida, daqueles em que toda a gente sabe que, passados dois mil anos, já nenhum recém-nascido tem que se deitar sobre palhas e ser aquecido pelo bafo dos animais, pelo que o aborto é legalizado mediante a devida paz de alma, um daqueles em que, provado que está que os judeus ortodoxos são pestíforos e causa prima das desgraças deste mundo, não é preciso esperar que incitem à crucificação de ninguém, seria esta a imagem a figurar no meu postal...



Como tal não é possível, aconselho-vos a que se inspirem com o visionamento do Tomo III de um grande Clássico Natalício. Despertará em todos vós, caríssimos, sentimentos mais dignos. No mínimo, mais sinceros e espontâneos.

Maximiliano... És Mesmo Tu?

Obtive aqui mais uma informação que ocupará, por dia e até 17 de Fevereiro, alguns minutos dos meus assíduos "olhares para o vazio".
O Maximilian Hecker toca (e canta, portanto), no Theatro Circo.
Já o Antony retornou à Lusithânia de forma mais descentralizada e, logo, despercebida, ao mesmo espaço.
E pergunto-me eu "O que raio tem Braga a mais que Lisboa"? Do muito que terá, retenho apenas uma palavra, bonita no som e no significado: Humildade!
Mas também tem muito a menos: pedantismo, arrogância, presunção, sobrançaria e...
...oferta cultural. Mas quando pouco se tem, mais valor se lhe dá. E mais se sente, pois então!

Fica é longe "prá dedéu"!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Descoberta de Última Hora

Amigos, amigos, amigos, acabei de fazer a descoberta mais histórica dos últimos anos!
Recebemos aqui na redacção, da parte do excelentíssimo Presidente da Câmara do Funchal, uma garrafa de Vinho da Madeira (seco) e um Bolo de Mel. Escusado será dizer que se tivesse vindo da parte do Presidente do Governo Regional, ninguém lhe tocava, já que para envenenar continentais está o senhor pelo beicinho.
O importante desta história reside no facto de, nas lombadas do afamado bolo, haver traduções em francês (gateau à la melasse de canne à sucre) e inglês (sugar cane molasses cake), o que me faz concluir que o produto é, afinal, um bolo de açúcar de cana ou bolo de melaço de cana!
É a queda de um mito e a constatação de que nem as pobres abelhas querem nada com aquilo! Mesmo com flores a dar com um pau, se bem me lembro de ouvir apregoar...

segunda-feira, dezembro 18, 2006

O Direito de Mudar de Opinião II e/ou Saber Envelhecer é uma Arte II

Assisti, no outro dia, estupefacto, a uma longa, longa, entrevista com o Miguel Esteves Cardoso. Até tinha a banda-sonora dele, Joy Division. Atónito porque o Canal 1 da RTP teve a audácia de transmitir, em horário nobre, uma coisa REALMENTE interessante, entregando assim de mão-beijada as audiências a estações televisivas que forneçam lipoaspirações sanguinolentas ou telenovelas que só não são piores porque o Virgílio Castelo não entra no elenco. Assombrado porque podia nem ter reconhecido MEC, no alto da sua compleição elefantástica. Rondará, porventura, os 120 quilinhos. Identificável continua, sempre, o tique da lagartixa. Deita a língua de fora a cada 0,857 segundos e deixa as frases a meio, uma espécie de janela entreaberta para deixar fluir um fio de uma ideia, desta forma à mercê da interpretação dos Homens. Surpreendido porque, cerca de 10 anos depois, vejo-o a debitar uma ideia que era a do Prof. Agostinho da Silva e que o opôs a este de uma forma imberbe o suficiente para me levar, na altura, a maldizer todas as crónicas d'O Independente e edições da Assírio & Alvim com as quais perdera o meu precioso tempo. Acabadinho de sair, com uma média rara, de uma das melhores universidades do mundo, MEC disparava contra O Mestre: "Os portugueses são tacanhos, atrasados, rambórios e labregos", ao que O Homem, visivelmente exaurido, contrapunha à sua maneira: "Mas que portugueses é que o meu amigo conhece? Vá para dentro do país, falar com os camponeses, veja a forma como eles olham o Mundo que os rodeia, oiça o que eles têm para ensinar. O problema dos intelectuais é que só se dão com intelectuais".
Desta feita, MEC sorria para o entrevistador: "Se pensamos que os portugueses é que são brutos, então conheçamos os franceses, ingleses ou alemães do interior do seu país. Esses sim, são terrivelmente pacóvios e labregos. Red-necks? Onde é que há red-necks em Portugal? Nós não temos disso"!
Ou o homem seguiu o conselho do outro ou, simplesmente, amadureceu. Acontece a todos. A menos que não estejamos dispostos a isso.

Envelhecer é uma Arte, Tomo I

Sabemos que estamos velhos quando temos vontade de retirar, à garfada, os pulmões daquela pitinha que, no lugar do autocarro atrás do nosso, faz desfaz enche esvazia estala rebenta sopra chupa 3.875.351 balões de pastilha elástica em apenas 30 segundos!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Desculpa, Joca. Isto não é bufanço. Chega de mentiras, man!

Eu sei que me disseste para não espalhar. Não te preocupes. Não há assim tanta gente que visite este humilde canteiro. Pede também desculpa aos freaks com que te cruzaste em Marrocos, aos teus amigos alemães, eu próprio pedirei desculpa aos nossos hermanos granadinos, companheiros de surfadas nos sítios mais improváveis, ao vitinho e a todos os que partilharam connosco aquele maravilhoso mdna antes do boom e depois do boom...
Mas tenho de ficar bem com a minha consciência. E temos de espalhar isto, a bem da revolução. Não quero tampouco testar as consciências ambientais das gentes. Quero apenas abanar a estrutura. Quero mexer com quem acha que mexe connosco. Fá-lo tu também. Espalha pelos cinco cantos da terra que o teu carro anda a óleo alimentar. Óleo vegetal. Girassol, soja, amendoim. Do barato. Do Lidl e da Makro. Que os teus companheiros germânicos correm as praias do mundo com uma Mercedes de 12 lugares pedindo o óleo usado dos McDonald's por onde passam. Porque é simbólico. Que os agricultores dos países mais pobres já o fazem há muito, sem qualquer alteração nos motores. Que a única maneira de reciclar óleos usados de forma não-poluente é esta. Que os únicos motores a diesel que não o permitem são os de tecnologia TDI da Volkswagen, Audi, Seat e Skoda porque na Alemanha o segredo é antigo. Que nenhum outro carro a diesel terá jamais que dar dinheiro às petrolíferas.
Até pode ser que isto não seja novidade para muita gente e estejamos a fazer um filme. Mas é bonito, o filme. E dá que pensar!

Hipocrisia #36897

O problema em relação à despenalização do aborto começa no momento em que os homens têm voto na matéria!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

O Direito de Mudar de Opinião

Já o fiz bastantes vezes. E espero que muitas outras possibilidades se me apresentem. É bom sinal. Que outro fim servem as discussões/disputas de opiniões/contendas, de preferência à mesa que, avançada que vai a noite, já só acolhe cotovelos, cafés, copos com Casal da Coelheira 2002 e um cinzeiro onde poisam os canhões de white widow que tão bem se adaptou ao clima da ilha do Pico? Lá para os 60 e picos talvez venha a ser um casmurrão do pior. Por ora prefiro cruzar ingredientes. Ter para mim pitadinhas de concepções de outros desde que temperadas com argumentos válidos q.b.
Tudo isto por causa da minha primeira prenda deste Natal. A Prenda. Uma grande GRANDE prenda. Ainda pensei em adquiri-la eu, à boa velha maneira consumista, mas pensei "naaaaa... há-de haver alguém que te conhece a ponto de tomar a iniciativa". E tunga... "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer". Pelas minhas contas, já só me faltam 663, o que não é nada mau. Mas não pude deixar de reparar que, na década de 90, o único álbum dos U2 com direito a referência é o Achtung Baby. Remeteu-me isto para aquela idade em que somos obstinados que nem burros e, portanto, burros que nem jumentos! Porque habituado que estava aos Boy, October ou Joshua Tree, recebi com o inevitável choque aquela "revolução" no costumeiro som da banda. E ainda demorei mais de um ano para perceber que, afinal, aquele tinha sido um dos poucos momentos de verdadeira criatividade na carreira dos moços, até porque coincidiu com uma pausa naquela borrega atitude política do Bono, que só pode mesmo agradar a teenagers Armados aos Cucos Pachecos Rogeiros, sobrando-lhe assim tempo para formar, inclusivamente, se bem que um pouco mais tarde, os The Passengers com o Brian Eno, tristemente esquecido à excepção do Miss Serajevo. Conclusão: hoje em dia, à excepção do The Wanderer com a voz do Johnny Cash (a última faixa do Zooropa), o único álbum dos U2 que eu ainda consigo ouvir (com alguns "skip"), é o Atenção Bebé!

Ai Que Saudades...

Foi mais ou menos por esta altura que, há alguns anos atrás, pudemos ter acesso à deliciosa imagem de Cavaco Silva a ingerir uma fatia de bolo-rei assim tipo...
...um porco bísaro transmontano!



"Ó Kamóne... na há praí uma bucha? Um Xerém?", perguntava, faminto, Aníbal.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Pinochet Murió

É absolutamente discrepante o número de pessoas que se manifestaram com a morte de ditador chileno e o daquelas que já regozijam, por antecipação, hienas espumando da boca, aves necrófagas de mau agouro, com a condenação à morte do dito ditador iraquiano. Tanto pior! Será isto porque Augusto morreu naturalmente, sem hipótese de sentir na pele a dor da perda de tantas mães, pais, irmãos, primos e outros? Será da distância geográfica? Não. É o fenómeno rebanho! Nunca ninguém em Portugal teve vontade de marcar o carrasco com um ferro com a inscrição "hijo de puta" na testa, e deixá-lo bem no centro de uma praça de Santiago para cada um dos que tenha sofrido na pele (muitos, demais, até), ter a oportunidade de espetar-lhe um estilete na pélvis, disponibilizados gratuitamente numa banca à entrada do recinto. É pena!
Um abraço sentido a Mario Benedetti, que versou assim:

OBITUARIO CON HURRAS

Vamos a festejarlo
vengan todos
los inocentes
los damnificados
los que gritan de noche
los que sueñan de dia
los que sufren el cuerpo
los que alojan fantasmas
los que pisan descalzos
los que blasfeman y arden
los pobres congelados
los que quieren a alguien
los que nunca se olvidan

vamos a festejarlo
vengan todos
el crápula se ha muerto
se acabó el alma negra
el ládron
el cochino
se acabó para siempre
hurra

que vengan todos
vamos a festejarlo
a no decir
la muerte
siempre lo borra todo
todo lo purifica
cualquier día
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices

hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre

vamos a festejarlo
a no ponermos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda



Reste-nos a alegria de saber que foste cremado. Que a Terra não se alimentará do veneno da tua carne, pútrida e fétida ainda em vida! Morre, cão! E leva contigo o último germe da maldade humana!

terça-feira, dezembro 12, 2006

Este que é sobejas vezes considerado um blogue preconceituoso...

...passa a ser, por agora, um verdadeiro serviço social.
Já muito se curou acerca do estranho fenómeno das portas e paredes das retretes de centros comerciais e estações de serviço sevirem de veículo publicitário de seviços não-heterossexuais. Não sei se serão apenas isso, outedóres, portanto, se os actos se consumam ali, no interior daquelas paredes, com vista para a sanita onde descansa um enorme Tolan que alguém não teve coragem de largar em casa. Em todo o caso, isto não abona nada a favor da comunidade gay. Opto, apesar disso, por deixar de lado todo e qualquer preconceito e, por achar que em termos de marketing as retretes públicas deste nosso Portugalito deixam muito a desejar, publico, de seguida, o compêndio que fiz questão de guardar em mensagens/rascunhos do telemóvel neste último mês. É bastante mais Humano que zelar apenas pelo meu prazer, jogando ao Snake III. A saber:
"Procuro homem macho liga 914896949".
"Chupa-me o caralho todo até aos colhões", e, por baixo deste: "Fode-te panilas do caralho".
"Activo 967955710 Bom Broche".
"Mamada 965604153".
"917559332 Activo".
"Quero foder cu de macho. Algarve. 916807581".
"Se queres um malho liga 965062949".

Gosto de Murais

Acho que agora têm um nome mais moderno e estrangeiro.
Gosto de paredes ou muros que assumam a forma de uma tela.
Mas prefiro quando são apenas cadernos. Sebentas. À Bruno Damas.
O Bairro tem alguns exemplos. Em italiano. A Rua das Pretas tem apenas um. Mas bom. Em castelhano.
Mas a memória atraiçoa-me sempre que tento lembrar-me destes.
O único que não consigo esquecer está em S. Pedro de Sintra.
NEM GUERRA ENTRE OS POVOS NEM PAZ ENTRE AS CLASSES.

Fui mas vim, ou a chatice de não ter net em casa!



Here's Johnny!!!