Ainda deve haver alguém, para além da Marijuanita, que se lembre do chato da faculdade que recitava, de cor, trechos do Memorial do Convento, Evangelho Segundo Jesus Cristo, O Ano da Morte de Ricardo Reis, História do Cerco de Lisboa e Levantado do Chão. Ninguém nunca ouvirá da minha boca quaisquer récitas ou sequer menção a títulos como Todos os Nomes, O Homem Duplicado ou A Caverna. Não vou explicar as razões. Ou talvez caibam todas numa só: José perdeu a genialidade. Sim, isso mesmo! Quem conhecer medianamente a obra, bastando (ou, nas palavras do próprio, "tendo avonde") para isso erguer os olhos para além dos preconceitos habituais (o homem não pontua, o homem é comunista, o homem é espanhol e outras barbaridades), saberá do que falo.
O mesmo se aplica ao senhor que, por certo, não pode esperar que um apaixonado (como eu) pelo Encontros Imediatos de 3º Grau e O Tubarão possa ter o mesmo agrado ao visionar o Inteligência Artificial, A Guerra dos Mundos ou o Relatório Minoritário. Mais ainda, desiludiu-me tanto o Manifesto chamado A Lista de Schindler quanto todas as outras manifestações de arte ou nem por isso com o carimbo "para que o mundo não esqueça" quando, para o bem do mundo, urge que nos esqueçamos!
Eis que, como já é hábito, a Gulbenkian alegrará os dias chuvosos com mais uma iniciativa. Desta feita, o ciclo "Como o Cinema Era Belo". E a também já habitual ausência de pudores fará com que figure na lista, entre Citizen Kane, Splendor in the Grass e How Green Was My Valley o belo e intemporal E.T., o Extraterrestre! E lá estarei eu, dia 4 de Novembro, a lembrar-me de quando pedia à minha mãe para fechar a porta do guarda-roupa, não fosse o bicho ali estar escondido, como o fez com a mãe do Elliot (que por acaso até era bem gira), ou de como pedi ao meu pai uma BMX para poder brincar à fuga do FBI.
Não vou esconder que desejo um dia poder negar este sentimento de que A Escrita de Saramago era Bela!
Este era o cromo n.º23 da caderneta!
5 comentários:
Eu tive um boneco do E.T. que acendia uma luzinha no dedo. Anos mais tarde, ao olhar para o boneco, reparei que aquele dedo parecia que tinha um preservativo lá enfiado.
(olha lá, agora também tenho de escrever as letrinhas que aparecem em baixo, tipo teste de óptica?)
Eu ainda tenho um boneco do E.T. e continuo grande fã.
Agora, Mariachi, meteres o Spielberg e o Saramago no mesmo post, não lembra ao Diabo!
não....
... só a mim!
Na Faculdade chato chato foi só mesmo a Ciência Política e até disso tenho algumas saudades...
Quem me dera a mim que tu fosses chata chata neste blogue! Mas uma vez já não é chito (xito?), (schito?)
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