terça-feira, setembro 14, 2010

Eras

Seguravas-me com o intrínseco medo de me deixar fugir.

Beijavas-me com a sofreguidão dos filmes a preto e branco.

Amavas-me com a sensualidade de uma debutante em busca de um papel em Hollywood.

Dizias Amo-te com a voz que te vinha das entranhas.

Conversavas com a outra, uma colher de mel na faringe, amaciando cada palavra.

Sorrias-me com o brilho de uma criança perante um brinquedo novo.

Brilhavas como um diamante que eu próprio lapidei.

Ensombras agora os dias com o negro manto que cobre, a galope, a encosta da montanha.

Vai chover!