quarta-feira, junho 20, 2007
LIsbon By Night - Tomo 32.345.629.876
Bonita, ela. Loira mas de pele escura, sardas. Magra de estrutura. Nada daquelas magras moles, alforrecas, gelatinosas, que contrariam a tendência para "alargar" com all bram, rúcula, tomatinhos cereja ou qualquer outra coisa, desde que não mais que duas garfadas. Professora, segundo disse... EVT, ou lá o que chamam agora à Educação Visual. Estava sentada ao nosso lado na mesa, falava sozinha, ria, abria os braços, um onanismo parodiante. Olhava para a Floribela e ria-se. Ácidos? Naaaa. Pupilas normais nos olhos castanhos, um pouco acima dos lábios grossos, secos. Táimes. Ya, foi-se cheirar outra vez, sem convidar, a porca (o que atesta o estado avançado da coisa... quando deixa de ser um acto recriativo/comunitário para ser uma cena mais egoísta, é a carochice), e veio connosco. Diz dela própria que desconversa. Não...
Enuncia
discursa
recita e declama
manda e ordena
às vezes parece rezar
pergunta sem esperar resposta
afirma
provoca
grita
chama
persuade
mas nunca, por nunca ser, conversa. É isto, o desconversar, não é?
Em pronúncia baixo-alentejana (Pax-Juliano/Mourense), lembro-me de poucas coisas:
"Eu? Maluca? Onde é que ela está?"
"Eu estou é apaixonada, a minha mãe está em casa, tenho de ir buscar as pastilhas, as gordas, eu cheiro neste porta-chaves, vou fazer uma ganza"
"Lá em casa, apanhei-o com outro, eu faço-os virar paneleiros, não engulo, cuspo, não levo no cu, eu cá nisso sou cumós gajos, menos ele"
A atender o telefone: "Tou? Rico? Grita! Tou com uma tempestade. Vai. Apanha o avião. Achas que eu sou burra?"
"Querem-me levar a casa? Eu entro e saio. Não vos posso levar. Ainda faço merda. Levam-me prá Margem Sul? Eu quero".
No caminho: "Olha... a minha mãe vai ali. Mãezinha. Não me pode ver, ainda me leva outra vez pró Miguel. Fodi o psiquiatra".
Deixámo-la na Rua do Olival. O Joca em desespero: "Diaz, deixa-lhe a mala no átrio do prédio e vamos bazar". Eu e o Beto íamos pra casa, ele ficaria com ela, noite dentro, visto está. Fiz o que o homem pediu. Quando o Yogi de serviço pede uma coisa destas, contrariando a boa-onda que lhe é inerente, é porque está com dificuldades em lidar com a situação. Bazámos. Na descida, reparamos que o blusão ficara. Voltámos. Ei-la. Toda perfumada. Porque há uma hora atrás, tentara entrar na casa de banho comigo. Não deixei. Mas fui obrigado a retornar quando passados 15 minutos ainda não saíra. Tinha estado a cagar. Agora, "três anjinhos", uma loira louca e uma longboard dentro de uma Astra que anda a óleo. Demora-se com as unhas, ao de leve, na minha nuca. Sabe-a. pergunta-me coisas ao mesmo tempo. Testa-me. Não me lembro quais foram. Paramos pra deixar o Beto, fumamos umas brocas, seguimos. Mais perguntas e exclamações, pensamentos ditos: "Se eu fizesse tudo o que me apetecia". O semblante do Joca muda no caminho. Estou com pressa. Quero ir dar biberon ao Gabriel. Paramos em frente à minha casa. Ela sai do carro: "Não se importam que eu mude aqui de roupa, pois não"? O Joca seguiu... acho que iam para a Fonte da Telha. Ainda não consegui falar com ele.
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5 comentários:
Explica "daquelas magras moles, alforrecas, gelatinosas"... As magras não são gelatinosas...
ai não que não são! Aquelas que se comessem normalmente seriam gordas? Não que não são!!!
Magra não quer dizer seca, amiga!!!
Pois não, mas eu não vejo como é que uma magra é gelatinosa. Poderá ser flácida, e não é a mesma coisa. Mas tu é que és o especialista!
eu gostei da expressão "onanismo parodiante". ainda não tem ©, certo?
na... podes ficar com ela... da próxima que vieres à terrinha, pagas tu o vindaloo ou o tika masala...
E ainda te dou conta dumas vinhaças que agora aí andam qu'até deixas os brits todos malucos a dizer "newfoundland wines??? kiss my arse"!
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