De todos os músicos portugueses que sofreram a incompreensão na pele, tenho que o Adolfo e os Mão Morta foram (e são ainda) os mais injustiçados. Não é fácil, eu sei. Primeiro estranha-se e depois... enfim, poesia. Como na música, só há dois tipos de poesia: a boa e a má! Negra, naïf, triste, alegre, violenta, mas poesia. A do Adolfo, gajo detentor de um nível de cultura muito (mas muito, mesmo) superior ao da média, é negra. Mas boa, portanto! E eu acho engraçado (ou não) a forma como oiço sempre os Mão Morta em períodos mais tenebrosos da minha vida (involuntariamente, note-se) para ver traduzidos, com exactidão, estados de alma que são, pois então, os meus!
"No calor da febre que me alaga toda a fronte
Sinto o gume frio da navalha até ao osso
Sinto o cão da morte a bafejar no meu pescoço
E a luz do sol fraquejar no horizonte
Já desfila trémulo o cortejo do passado
Que me deixa quedo, surdo e mudo de pesar
Vejo o meu desgosto na beleza do teu rosto
Sinto o teu desprezo como um dardo envenenado
Morro
Morro
No altar de ti!"
"Cão da Morte" do álbum "Primavera de Destroços"
8 comentários:
A imagem está grande...
E que grande guitarrista eles têm ;-) Bacci migo Índio, Ponto Final um dia destes, continuo a minha luta ...
Tudo bem. Agora, é um bocado chato para as pessoas que não estão no teu estado de alma terem que apanhar com isso o dia todo!
ai!
falta aqui uma referência aos ena pa 2000. e pena e que essas musicas nao pasem nas radios.
Mas se estás assim tão mal, podes sempre contar com quem te quer consolar.
Confesso que sempre tive medo do Adolfo e dos Mão Morta. A cara do senhor é assustadora e a voz idem. Por isso, nunca tive muita vontade de os ouvir com atenção. Já os Ena Pá, são uns bacanos.
E já agora, referir também os Peste&Sida, que ouvi há pouco tempo, sentada num puff, num barzito ali para os lados do coliseu.
Enviar um comentário