O que aconteceu às waffers Elba, as com recheio de morango, limão, ananás mas, principalmente, e temo que todos terão de concordar comigo nisto, as de chocolate? O que aconteceu à Maluca da Mouraria, a que se lavava por baixo na fonte do mercado, por entre a multidão a comprar alhos roxos ou pêros bravo de esmolfe e depois seguia com a sua vida, que era, basicamente, ameaçar pessoas ao acaso com uma pedra da calçada na mão? O que aconteceu aos filmes de Domingo à tarde com doces clichés que depois guardávamos para poder esfregar na cara da namorada que dizia É melhor darmos um tempo, como We can't stop the one we love from going. If, one day, it comes back, it's broken? O que aconteceu às Sloggy de algodão a cheirar a Omo? O que aconteceu à Ana Zanati? O que aconteceu ao dizer poesia aos Sábados à tarde, com um copo de vinho em frente, para uma pequena audiência realmente interessada? O que aconteceu à confiança no que se escreve, saber que todo o sentimento impresso é o suficiente e torna tudo à prova de críticas destrutivas? O que aconteceu às castanhas atiradas para a lareira num fim de tarde em que não apetece sair? O que aconteceu às tardes de feriado abraçados no sofá sem a mínima vontade de ir ver o amigos? O que aconteceu às máquinas de gelados, das de fazer um caracol sobre o cone, à porta dos cafés da Costa de Caparica? O que aconteceu às enguias do Seixal? O que aconteceu aos corvos em gaiolas à porta das tascas lisboetas, todos chamados Vicente? O que aconteceu aos The Pogues? O que aconteceu ao cheiro dos cadernos novos? O que aconteceu às maçãs que sabiam, realmente, a maçã? O que aconteceu ao acreditar que, um dia, as coisas poderão mesmo resolver-se? O que aconteceu, dIAZ? O que TE aconteceu?
1 comentário:
"ME", não. "NOS". "NOS" aconteceu. Puta que pariu.
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