sexta-feira, março 31, 2006

do Bem...

Gosto cada vez mais de ser Velho do Restelo em relação a certas coisas.
Sou gajo dado à melancolia que a nostalgia provoca. Sim, tenho saudades das Cidades de Ouro, do Era Uma Vez o Espaço, da Rua Sésamo (contudo já com um olhar maroto fixado naquele sinalinho da Alexandra Lencastre), dos Amigos de Gaspar e das animações com areia no programa do Vasco Granja. Porém, quando adquiri todos os DVD's do Conan, O Rapaz do Futuro, cheguei à conclusão que não sentia a mesma coisa. Não era, afinal, do Conan que eu sentia falta. Era de tudo o que o envolvia... brincar ao "eu sou o Conan e tu és a Lana e depois mostras-me a tua pipíua", ir para a praia de bicicleta e, no Mar, imaginar que estava realmente a lutar contra o tubarão "bico de estrela", atirar-me de um 3º andar de um prédio em obras (na realidade, a "Indústria") e aterrar ileso, no clássico monte de areia ao lado da "bateneira" (ou misturadora de cimento para quem nunca teve de trabalhar nas obras para ir com os amigos pó Gerês). Isto não era da idade... era a ausência de certas e determinadas merdas que geram impulsos.
Do que eu sinto falta MESMO é de quando a PJ Harvey, o Nick Cave, os Man or Astroman, os Red House Painters, os Current 93 e tantos outros eram "música alternativa". Não era melhor nem pior que o mais comercial dos pops da RFM. Mas só a eles tinha acesso que estivesse realmente interessado/bem informado, que procurasse publicações que dessem conta das novidades, que se afundasse nos caixotes da 2º mão na Carbono, sei lá! Hoje, com a informação a chegar mesmo a quem não quer, as coisas vulgarizaram-se! Já não há salas de cinema com apenas 3 pessoas a ver o La Haine do Kassovitz. Há excursões de gente que primeiro vê os Morangos com Açúcar e depois corre a comprar bilhetes para o Gato Preto, Gato Branco.
Vejo muito poucas vantagens na Globalização. Vejo poucas vantagens na Internet. Porque haverá muita gente que sem querer, vai ver isto:

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e eu não posso acreditar no futuro da Humanidade.

quarta-feira, março 29, 2006

Pour Toi, Zezalide!

Portugal alicerça-se no rebuçado! O rebuçado é um elemento cultural adstricto a tudo o que o Português faz e pensa! E o pior é que de tanto assim ser, nem se nota... nunca ninguém se lembra da importância do rebuçado! Até porque, como tudo o resto, está a morrer!
Qual é o balcão de seguradora (ramo Vida), stand automóvel, crédito à habitação, rent-a-car e agência de viagens que, antes do inevitável "O valor a pagar é tanto que terás de comer massa de atum durante os próximos anos" não adoça a boquinha ao cliente com um Floco de Neve, engalanado pelo seu inconfundível papelote vermelho?
Quem não se lembra de como a crise já está instalada neste país há tanto tempo que, até há poucos anos, o troco era dado em rebuçados? Se se esticava uma nota sépia com a efígie do Mouzinho da Silveira, a resposta do Ti Agostinho da Mercearia Parri (engenhosa conjugação dos nomes dos filhos Patrícia e Ricardo) era: "Não tenho troco, tem de levar em rebuçados". Um quilo de pêro Bravo de Esmolfe, duzentas gramas de torresmos, cem gramas de manteiga embrulhada em papel homónimo, uma sombrinha da Regina, quatro cachuchos para o jantar e dois cigarros Sintra eram pagos com o Bocage de mão na face e ainda dava direito a três rebuçados (dois escudos e cinquena centavos, mais coisa/menos coisa).
E os velhos que, da parte de fora das escolas preparatórias e secundárias esperavam pela hora do recreio para meter pelos buracos da rede aquilo que, noutro tempo, ainda não era aquele retalho da vida de um macho cubridor: "toma, minha rica, eu dou-te rebuçados"! Uma festinha = dois ou três Bolas de Neve, um beijinho = um pacote de Dr Bayard!!!
Bem... serve isto para dizer que o meu amigo Zé anda com problemas em fazer valer os seus valores linguísticos à cunhadinha recém-chegada do outro lado do Atlântico. Ao que parece, no Brasil não se percebe muita coisa "qui ôcéis portuguêsis fála". Bem, eu não consigo perceber porque é que um rebuçado no Brasil é uma BALA...

...mas explica muita coisa!

segunda-feira, março 20, 2006

Not Again, Sam!

Bem podes fazê-lo
alisar-me o pêlo!
Esta espécie de cão
ladro, gemo, gano
mordo-te a mão!

Volto sempre
e na mesma
Rabo entre as pernas
olho p'ra ti
orelhas p'ra trás
esponjo-me na relva
esfrego-me n'algo putrefacto
e em todo este acto
neste ensejo por uma festa
dás-ma, e nisto relaxas
eu lambo as partes baixas

Quero lá outra vida que não esta!

quinta-feira, março 16, 2006

Em Comum no Planisferio

Acompanhei a "Volta ao Mundo" do Cadilhe. Era, aliás, uma das únicas coisas que lia na Única do Espesso. Na altura, achei impossível haver alguém no mundo que partilhasse comigo o desejo (tanto como o de receber um ferro em brasa no escroto) de conhecer Nova Iorque. Sabendo que o rapaz viajou num cargueiro de Valência a Manhattan (não esquecer que não apanhou um só avião durante todo o percurso) e não tendo lido nada sobre a Grande Maçã, achei que poderia ter sido eu a falhar a compra do jornal na respectiva semana. Nada disso! Manhattan não foi digna de referência, à excepção d'"o bacalhau cozido mais caro da minha vida" degustado num restaurante português em Greenwich Village ou o autocarro da Greyhound com destino a San Diego: "As grandes viagens fazem-se de avião, as pequenas em carro próprio. O "bus" fica fora desse esquema, existe só para os que não têm dinheiro para a passagem aérea e que não têm carro. São os "underclass", os excluídos, os subsidiados pelo Welfare State, pela Segurança Social. A escumalha. E, no entanto, a minha viagem de 5000 quilómetros de uma costa à outra terá o calor humano que nenhuma troca de olhares em Manhattan me soube dar. (...) O Terceiro Mundo começa aqui, no subsolo de Nova Iorque".

É d'Homem!

segunda-feira, março 13, 2006

Science My Arse!!!

Castigaram-me...
Depois de tantas referências que fiz ao quão ridícula era a existência da AMUKINA, a mãe do meu varão não foi contemplada com a imunidade à toxoplasmose, razão que obrigou à conspurcação do meu lar com semelhante produto! É fantástico como a carneirada fica chocada com uma lesma numa folha de alface mas suporta a ideia de ter a salada mergulhada, durante 10 minutos, numa solução que cheira a LIXÍVIA!!! Na minha roupita nova da Fashion Clinic nem pensar, já pelo meu tubo digestivo abaixo, que vou ter de usar durante mais não sei quantas estações e temporadas Outono/Inverno, tudo bem!
Os ACTIMEL também são um fenómeno interessante... Vai de beber um por dia e aí estão as minhas defesas reforçadas. Que os meus anti-corpos ganhem habituação a pontos de tornar-me tal flor-de-estufa que, à abertura das portas do avião em São Tomé caio para o lado para não mais me levantar! É giro! Mas mais giro ainda é agora aquele spray que se espalha pelos sítios onde andamos com as manápulas para matar bactérias (ou bÁctérias, para que me entendam a Norte)! Imaginar quantas latas de spray compraria eu por dia para proteger todos os sítios onde iria tocar! E já estou a ver a alegria com que todas as parceiras sexuais deste nosso mundo moderno abrirão as pernitas de par em par por forma a possibilitar uma sprayzada nos lábios interiores, clítoris, vulva e ponto G se o spray vier com um aplicador com mais de 3cm!!! "Vá querida... ponha-se de quatro, ou acha que eu vou tocar-lhe na crica se isso não estiver tudo amukinado"?
Os cientistas são, hoje em dia, um bando de tansos que só fazem aquilo que alguém ordena. Neste caso, a mando das grandes multinacionais de publicidade que CRIAM NECESSIDADES ONDE ELAS NÃO EXISTEM!!! Neste prisma, é melhor ser-se contabilista... marra-se menos na faculdade e ganha-se quase o mesmo! "Aristides Onófrio: hoje vais inventar um detergente que faça bolhinhas e, por isso, faça a carneirada pensar que a roupa fica mais limpa"!
Para quando a invenção de coisas interessantes? E que tal um Micro-Ondas Ao Contrário? Recebemos amigos em casa e não temos cervejas no frigorífico? 2 minutos no Micro-Ondas Ao Contrário! Vamos ao tasco e pedimos uma Mín... "Ah e tal não estão frescas"! Pf! Micro-Ondas Ao Contrário, claro!
Melhor... E que tal a malta reparar que este planeta está a ficar um bocado ridículo???

sexta-feira, março 10, 2006

Regionalismo e Cenas!

Graças a Deus Nosso Senhor Jesus Cristo e por obra e graça do Divino Espírito Santo, Salvé Glória Aleluia Ossana nas Alturas e Quê, descendo directamente de Alentejanos! Como tal, conheço de ginjeira a anciã rivalidade entre estes e algarvios! Não que numa Nação como a nossa (e por favor, INFORMEM-SE! Nação é um conceito sociológico e/ou antropológico e não político! Política é para a malta da Polis-cidade-, eu sou um aldeão, obrigado) haja lugar para regionalismos à excepção do Porto e Lisboa que são polis e logo não chamadas para aqui!
Serve isto para dar conta (a título de desafio lançado pelo caro Zezalíde do Manual Sobre Vivência, também ele vindo dessa grande colónia de alentejanos chamada Barrêro, onde ainda hoje, e por essa mesma razão, os coentros são à borla no supermercado) do "mito" da mesa com gaveta. Diz a malta do Baixo Alentejo, de Cuba à Praia da Messejana, de Vera Cruz de Marmelar a Colos, habituados a oferecer pão e azeitonas às visitas, mesmo que seja esse o único conduto que por ali pare, que o algarvio tem o prato na gaveta da mesa, bastando-lhe fechá-la assim que alguém bate à porta!

Era isto, ó Zé?

quinta-feira, março 09, 2006

Melancolia...

Recordamo-nos sempre de factos passados com um brilhozinho nos olhos (principalmente se estiverem recheados de grandes feitos relacionadas com endurance sexual), esquecendo-nos que, afinal, nesses tempos também tínhamos problemas ou pelo menos assim o pensávamos. Ridículos, mas existentes!
Tenho como exemplo de como no meu primeiro fim-de-semana fora com a minha namorada, num quartinho de uma pensão do Sudoeste Alentejano, acabou por ser uma tortura tal era a vergonha de, digamos, partilhar odores!

Um fim de semana sem cagar é obra!

Bons tempos, aqueles!